terça-feira, 20 de março de 2007

O outro lado da moeda...

Por Bruno Carvalho (Agora ele quer usar “coloridin” em todos os textos...)

Jonas era o tipo do cara que todos se divertiam com ele. Possuía uma criatividade ímpar. Ninguém criava jogos como ele. Ninguém flutuava tão bem quanto ele. Ninguém conversava como ele. Enfim, ninguém era tão bom quanto ele. O clima mudava completamente quando Jonas chegava: o Sol brilhava muito mais, e as flores brotavam do chão em questão de segundos. Era de praxe Jonas piscar os olhos, e de súbito, a sombra de uma estrondosa árvore aparecer. O paraíso era mais paraíso com a presença de Jonas.
De vez em quando Jonas sumia. Passava meses sem dar as caras, para desespero do pessoal, que sempre reclamava da ausência dele...


Não chore pela morte de um lunático, Dona Marta. Ele não vale a pena. Vivia se drogando e dormindo pelos cantos. Não se dava conta que tinha uma família, uma mãe, um lar. Jonas não tinha sentimentos. Era fechado a ponto de nunca se apaixonar em vida. Ainda rezo pela alma de Jonas, Dona Marta. Mas creio que aquele coitado será sempre um “coitado”.
Sua doença, que aos poucos fora se agravando em vida, só complicava a situação. E a cada dia, sentíamos que ele nunca esteve entre nós...


Lembro-me como se fosse ontem. De repente o tempo fechara. Uma ventania tomou conta de onde morávamos. Todas nossas casas foram devastadas em questão de segundos. O pavor tomou conta de grande parte das pessoas.
Por mais estranho que pareça, eu me sentia muito bem. Sentia, de certo modo, que aquilo tudo era necessário. E ao mesmo tempo em que me sentia em paz, via o rosto de Jonas ao longe.
Ele estava mais gigante e poderoso do que nunca. Ainda pude ver em sua outra mão um novo universo se formando. Antes de desmaiar, me senti ainda melhor. O sol brilhava com nunca havia brilhado. E as casas, como em um passe de mágica, estavam sendo reconstruídas, agora, muito mais fortes e belas.
Sim, Jonas estava de volta. E era para sempre. Mais criativo e poderoso do que nunca.
Apesar do susto, todos entenderam o recado. E receberam-no como o melhor filho que nosso mundo poderia ter.


O único feito de Jonas em vida foi ter sido pai de uma bela garota chamada Amanda. Seus quadros, sempre foram muito bem recebidos pela crítica e pelo público. No entanto, ninguém vive só de arte no Brasil. E Jonas, por sua vez, nunca trabalhou em mais nada, e ainda fazia questão de não se preocupar com isso.
Além da filha, deixou a ex-esposa, que antes sentia por ele um amor platônico, e hoje, somente ódio.


Nosso Mundo nunca esteve tão bem. Jonas voltou para sempre, e nos ajuda sempre que precisamos. Todos, sem exceção nenhuma, o respeitam. Ainda nos resta a dúvida de onde ele veio. Por que sumia tanto, e por que só agora ele veio para ficar. Mas creio que, se ele não nos falou até hoje, é porque ainda não chegou a hora certa. Respeitamos isso...



Dois anos depois da morte de Jonas, sua filha Amanda foi vista em frente do túmulo de seu pai .
“- Me senti obrigada a visitar meu pai. Era como se uma força me atraía. E lá, em frente ao túmulo, senti a presença de uma entidade, que dizia-me que a raiva que eu sentia por ele não tinha justificativa, pois este planeta não era o lugar de meu pai.”

Mesmo com esse acontecimento inexplicável, Amanda ainda não entendera o que havia acontecido. Só entendeu após visitar seu pai, no mundo dos sonhos, onde tudo é possível...

Às vezes, nossa vida é tão trágica que pensamos que não pertencemos a este mundo, quiçá dessa dimensão. Talvez, isso pode ser verdade...

10 comentários:

Anônimo disse...

Colorodim, bem??????

Ciro disse...

Isso é coisa de gênio. Genial! Seu texto tem um quê de filosofia misturada com fantasia misturada com comportamento humano misturado com visão das coisas misturado com a puta que pariu a minha sogra!
Cara! Vc se superou de novo, meu? Como isso é possível? Que mestre tem lhe ensinado essas coisas? O Shao Mao da Montanha Perdida? Também estou precisando desses ensinamentos!
Este texto já está indo automaticamente para o meu "Best Of Bruno", incluindo sucessos como: "Almanaque do Dr. Napier", "Crônica de um dia ruim", "Ironias da vida", "Tentativa de Natal" e "O Balustre Mágico".
Parabéns, cara! Nem tenho mais como te elogiar, senão vai virar é viadagem!!!
Grande abraço!

Anônimo disse...

Certo... Jonas era uma espécie de mágico?

Anônimo disse...

Coloridinho! Que must!!!

Anônimo disse...

Vc escreve pra cacete!!!!
Agora que descobri seu blog, estarei sempre por aqui!
Da uma passadinha também no meu!
Uma BEIJOKAAAAA

Anônimo disse...

Vc escreve pra cacete!!!!
Agora que descobri seu blog, estarei sempre por aqui!
Da uma passadinha também no meu!
Uma BEIJOKAAAAA

Carlos Filho disse...

Brunão
Este Jonas é o mesmo Jonas em dimensões diferentes? O Jonas daqui não é daqui e sim de lá! Ou o mundo dos sonhos Jonas era realmente quem queria ser...Complexo, mas de fato um OTIMO texto que expande nosso raciocínio ao Maximo.
Ficou muito bom o texto, muito mesmo.


Abç

Felipe Carvalho disse...

Oh loco, véio!!
Realmente esse texto se destaca entre os seus escritos, Bruno! Ele, sem dúvidas, merece um realce a mais!

De fato, há um pouco de tudo misturado aí!
Inclusive, confesso que me remeti até mesmo àquelas parábolas bíblicas quando comecei a ler sobre os feitos e proezas de "Jonas"!

Muito interessante que mesmo um cara tão "superlativo" como o Jonas ainda tivesse antipatizantes e dificuldades dentro do próprio lar. Típico do ser humano mesmo!

História primorosa!! Parabéns, Brunão!

Flavio Carvalho disse...

Caraca Bruno,

Geralmente as pessoas deste mundo não entendem nossas missões no "Astral", não é verdade?
Quiçá a família de Jonas,

muito bom irmo,

Sessyllya ayllysseS disse...

Limito-me a dizer que esse foi o seu melhor texto (dos que já li).
Será que, quando nascemos aqui, não estamos morrendo em outro lugar??? A morte numa dimensão pode significar, simplesmente, a vida numa outra. E a vida pode mesmo ser diferente em cada dimensão. Concordo com todos que já comentaram, especialmente com o Flávio...
Bjus!!!