Por Fernanda Zechinatto
Carmo mal acabara de acordar deu um salto da cama e já partiu para mais um dos muitos dias de trabalho. Já estava há seis anos naquela empresa e nunca pegou férias.
- Férias pra quê? Dizia com o peito estufado.
- Querido seria legal se pudéssemos ter uns dias só pra nós. Retrucava a esposa que não agüentava mais tanto abandono.
As palavras de Luzia entravam por um ouvido e saiam pelo outro. Como sempre fazia, tomou seu banho, vestiu o uniforme, só engoliu o café e se foi. Aquele beijo sem graça, tipo selinho, e um bom dia protocolar marcaram a despedida do casal.
No caminho para o trabalho um zumbido no ouvido e tudo não fazia mais sentido para ele. Não sabia mais para onde estava indo, nem ao menos quem era. O mundo perdeu a cor e a cada passo dado aquela certeza irritante da incerteza de tudo. Carmo se desviou do caminho e passou a perambulando pela cidade sem saber aonde ir. Um choro súbito lhe tomou conta e as pessoas passavam se entreolhava e não entendiam nada. Mas isso também não tinha importância já que nem Carmo entendia alguma coisa.
Nesses descaminhos me encontrei com Carmo, camisa para fora da calça, o cabelo já estava todo revolto e a face descaída. Contive a minha ansiedade e não perguntei porque estava daquele jeito, apenas cumprimentei e esperei. Como o silêncio incomoda!!! Ficamos andando pela cidade por muito tempo sem trocarmos uma palavra.
Depois de muito andar Carmo me confessou que vira toda a sua vida passar e que agora tomaria uma atitude para ter a sua vida sob o seu próprio controle. Quase chorando contou-me sobre as palavras de Luzia. Decido seguiu para a empresa. Pediu que eu o acompanhasse. E eu sem jeito de deixa-lo só naquele estado segui junto dele até a firma. Chegou e foi direto ao departamento de pessoal. Saiu radiante, parecia um novo homem.
- Consegui!!! A partir de hoje tenho trinta dias de férias para curtir minha esposa e aproveitar um pouco para me divertir e passear!!! Era disso que eu precisava.
Saiu correndo para sua casa e eu junto, acompanhando toda aquela euforia. Já chegou gritando da rua mesmo:
- Luzia!!! Luziaaaaaaaaa! Chegueeeeeeeeeeeeeeeei!!! Arrume as malas, partimos ainda hoje.
Ao entrar um choque. Não havia Luzia, não havia malas, só aquela foto do casamento sobre o aparador. Um sorriso radiante de Luzia, mas só na foto. Havia também um bilhete ao lado da foto: “Carmo querido, esse foi o dia mais feliz da minha vida, mas nos últimos anos nossa vida ficou sem cor, sem emoção, muito mecânica, já não há mais sentido para nós. Tentei te falar várias vezes, mas sempre entrava por um lado do ouvido e saía pelo outro. Cansei! Ainda te amo, mas CANSEI!!!”
Nesse instante Carmo deixa cair uma lágrima, vai ao banheiro, toma outro banho, pega um uniforme limpo e volta para o trabalho.
Carmo mal acabara de acordar deu um salto da cama e já partiu para mais um dos muitos dias de trabalho. Já estava há seis anos naquela empresa e nunca pegou férias.
- Férias pra quê? Dizia com o peito estufado.
- Querido seria legal se pudéssemos ter uns dias só pra nós. Retrucava a esposa que não agüentava mais tanto abandono.
As palavras de Luzia entravam por um ouvido e saiam pelo outro. Como sempre fazia, tomou seu banho, vestiu o uniforme, só engoliu o café e se foi. Aquele beijo sem graça, tipo selinho, e um bom dia protocolar marcaram a despedida do casal.
No caminho para o trabalho um zumbido no ouvido e tudo não fazia mais sentido para ele. Não sabia mais para onde estava indo, nem ao menos quem era. O mundo perdeu a cor e a cada passo dado aquela certeza irritante da incerteza de tudo. Carmo se desviou do caminho e passou a perambulando pela cidade sem saber aonde ir. Um choro súbito lhe tomou conta e as pessoas passavam se entreolhava e não entendiam nada. Mas isso também não tinha importância já que nem Carmo entendia alguma coisa.
Nesses descaminhos me encontrei com Carmo, camisa para fora da calça, o cabelo já estava todo revolto e a face descaída. Contive a minha ansiedade e não perguntei porque estava daquele jeito, apenas cumprimentei e esperei. Como o silêncio incomoda!!! Ficamos andando pela cidade por muito tempo sem trocarmos uma palavra.
Depois de muito andar Carmo me confessou que vira toda a sua vida passar e que agora tomaria uma atitude para ter a sua vida sob o seu próprio controle. Quase chorando contou-me sobre as palavras de Luzia. Decido seguiu para a empresa. Pediu que eu o acompanhasse. E eu sem jeito de deixa-lo só naquele estado segui junto dele até a firma. Chegou e foi direto ao departamento de pessoal. Saiu radiante, parecia um novo homem.
- Consegui!!! A partir de hoje tenho trinta dias de férias para curtir minha esposa e aproveitar um pouco para me divertir e passear!!! Era disso que eu precisava.
Saiu correndo para sua casa e eu junto, acompanhando toda aquela euforia. Já chegou gritando da rua mesmo:
- Luzia!!! Luziaaaaaaaaa! Chegueeeeeeeeeeeeeeeei!!! Arrume as malas, partimos ainda hoje.
Ao entrar um choque. Não havia Luzia, não havia malas, só aquela foto do casamento sobre o aparador. Um sorriso radiante de Luzia, mas só na foto. Havia também um bilhete ao lado da foto: “Carmo querido, esse foi o dia mais feliz da minha vida, mas nos últimos anos nossa vida ficou sem cor, sem emoção, muito mecânica, já não há mais sentido para nós. Tentei te falar várias vezes, mas sempre entrava por um lado do ouvido e saía pelo outro. Cansei! Ainda te amo, mas CANSEI!!!”
Nesse instante Carmo deixa cair uma lágrima, vai ao banheiro, toma outro banho, pega um uniforme limpo e volta para o trabalho.
2 comentários:
É uma bela história, inclusive já conheci pessoas assim. No entanto, acho que Carmo desistiu muito fácil de Luzia... agora era hora de ir atrás dela!
Muito bom! E bom tê-la de volta!
É as vezes a atitude pode chegar atrazada,
usamos várias coisas como fuga,
o trabalho pode ser uma delas.
Muitom bom,
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