quarta-feira, 25 de abril de 2007

Segredos

Não havia no mundo ninguéns mais apaixonados que aqueles dois. E uma pergunta, uma única e singela pergunta, que deveria consolidar o momento mais romântico da vida daquelas duas almas, surge e faz desmoronar aquele pequeno castelo de areia recém-construído. Perguntinha banal, que todos algum dia na vida já fizemos, e se você ainda não a fez, provavelmente ela passará a fazer parte do léxico amoroso do seu alguém-companheiro.

O que se passa na cabeça de quem nos faz essa pergunta, ainda não descobri; mas o que se passa em nossa cabeça quando fuzilamos alguém que amamos com essas três ou quatro palavrinhas, que nos leva a refletir e, possivelmente, levará ao fim o nosso relacionamento de 5, 10, 12 meses ou de 2, 7,15 anos ou mais... (também não descobri).

Mas um dia, assim como os jovens alguéns apaixonados, acordamos, descemos da cama com a veia filosófica ativa... E qual a primeira coisa que fazemos? Queremos saber o sentido da vida; quem é Deus?; quem não é Deus?; quem sou eu?; quem não sou, etc... No entanto, nenhuma pergunta é mais filosófica ou nos faz pensar mais profundamente do que a nossa perguntinha em questão... Três palavrinhas, três únicas palavrinhas e um pontinho de interrogação ao fim dela... Uma verdadeira bomba nuclear na vida de qualquer um.

Ainda temos um jovem casal, agora não são alguéns juntos; são alguém/alguém, separados, cada qual cuidando da sua mais nova vida destituída de um outro alguém... E tudo por causa de romantismos e bombons baratos, flores e lugares-comuns, sonhos e alianças jogados no lixo... e uma questão, que nunca deveria ter sido pronunciada, mas que saiu da boca de alguém (não sei de quem) em momento inapropriado.

E não devemos nos julgar distantes da história destes nossos ninguéns e alguéns (que no fundo são as mesmas pessoas), pois a pergunta tem eco; ela vaga de boca em boca, de casa em casa, de casal em casal, provocando a ruína por onde passa... Não pense que ela, a pergunta, não provoque, pois ela provoca sim. Ela faz com que mergulhemos em um poço chamado EU, espaço que por vezes tentamos ignorar, temendo a própria escuridão, o desconhecido; e faz com que vasculhemos em todo o nosso ser até encontrar a bendita resposta... E nem sempre a resposta é a mais aprazível.

Sem a resposta oportuna ou condizente com a realidade, vagamos por caminhos, cidades, países inteiros; e a ela, agora não mais a pergunta e sim a resposta, não é facilmente encontrada. Ela quase nunca é encontrada fora de nós mesmos. E não somos todos que a encontram...

Flash Back: Não havia no mundo ninguéns mais apaixonados que aqueles dois. E uma pergunta, uma única e singela pergunta, que deveria consolidar o momento mais romântico da vida daquelas duas almas, surge e faz desmoronar aquele pequeno castelo de areia recém-construído. Perguntinha banal, que todos algum dia na vida já fizemos, e se você ainda não a fez, provavelmente ela passará a fazer parte do léxico amoroso do seu alguém-companheiro.

Ela, uma alguém plena de certeza e amor por aquele outro alguém, olha fundo em seus olhos, suspira um suspiro tímido e quase em tom de brisa pergunta ao homem que ama: - VOCÊ ESTÁ FELIZ?

7 comentários:

Carlos Filho disse...

Ah bom. Achei que a pergunta em questão (Boa, "pergunta em questão" parece até um pleonasmo...hehehe. Ou será um?) era "Foi bom pra vc?" Acende-se um cigarro, vira-se para o lado e dorme-se o sono dos justos! hehehe

E vc meu caro, está feliz?
Palhaço Bozo deve ter ouvido varias respostas desagradaveis, hã?

Felipe Carvalho disse...

A pergunta é inoportuna porque sua resposta deve transcender o verbal. Certas " ? " não são feitas, senão sentidas. Perguntar com olhos, com boca, com alma...

Como expressar com palavras o que não se confessa nem ao íntimo? Feliz? É só essa a questão?

Às vezes (ou sempre), a dúvida nem é o outro, mas o 'eu'. "Estou te fazendo feliz?", "Estou mesmo amando?"... E a questão passa a ser mais densa e camuflada ainda.

Há de se ter muito fôlego para o mergulho nesse "poço chamado EU"!

Texto bastante reflexivo!
Muito, muito bom!

Flavio Carvalho disse...

Verdadeira bomba Vassago,

tanto para quem pergunta
quanto para quem sê vê
no beco sem saída da resposta,

é nestas horas que
a mentira se mostra
reluzente e atrativa,

belo texto,

Ciro disse...

E eu achando que a pergunta era "quer casar comigo?", hehehehehe!!! Infelizmente, fiquei tão curioso, que acabei indo no final do texto e lendo a tal pergunta! Isso estragou a surpresa.
O texto está ótimo, reflexivo (como disse o Felipe) e também uma bomba (como disse o Flávio). Um tapa na cara de muitos, viu? Heheheheheh!!
Grande abraço!

Sessyllya ayllysseS disse...

Vassago, você está feliz??? Uahuahuahuahuahuahuahua!!!

Tô zuando, é que o texto ficou bom demais!!! As reflexões de sua mente distorcida sempre me causam arrepios... e me obrigam a refletir...

Concordo com os comentários antesriores! Ótimo texto! Parabéns!!!

Bjos!!!

Viviane disse...

Gostei muito do desenvolvimento do texto e do bom humor.Muito legal...
Realmente algumas perguntas são meio problemáticas...rsrsrsr

Bruno Carvalho disse...

Aahahahahah, e pensar que eu também pensei que a pergunta seria "você me ama?".
Mais foi justamente por isso que eu adorei o texto, pois não ficou artificial!

Muito bom Régis!!!

Grande3 abraço!