sexta-feira, 4 de maio de 2007

Tem um exército no meu quintal - PARTE IV

Uma saga de Ciro M. Costa














Atenção: devido às constantes reclamações, pedidos, ameaças de morte e suicídio, ataques de ansiosidade, manias de perseguição e acusações de que o escritor dessa saga é um belo de um enrolador, a partir de hoje os capítulos dessa saga serão 2 em 1, ou seja, o que eram para ser dois capítulos, serão somente um. Portanto, o texto será maior do que de costume e creio que vai ler quem realmente está acompanhando e gostando da saga...

Perdeu a 1ª parte??? Tá atrasadinho(a), hein? Clique aqui!!

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Depois de algum tempo, aguardei até que outra lança fosse lançada (“lança fosse lançada” é demais!), mas isso não ocorreu. Havia sido mesmo apenas uma advertência do “pessoal lá de fora”.
Nebedito estava no chão, tentando se proteger. Peguei-o pela gola da camiseta e o fiz se sentar na cadeira novamente.
- Pare com isso! Já passou! – eu disse.
Dei uma olhada rápida pela janela. Lá estava o exército romano, ainda parado e encarando nosso trailer. Voltei-me à mesa e li um trecho do livro:
- “...e o exército do General Panflétus massacrou o exército romano inimigo. Após algum tempo, os romanos formaram um novo exército, mais forte e em maior número, e foram atrás de Panflétus. Novamente, houve luta e morte, mas desta vez os homens de Panflétus foram mortos. Quanto ao general, simplesmente sumiu no meio da luta, com mais dois soldados. O imperador romano continuou procurando-o pelo resto de seus dias, mas ele nunca foi encontrado”.
- Céus, desde tempos mais antigos que o homem não sabe conversar. É tudo tão simples... tuuudo é conversado, gente! Tudo! É só questão de ter paciência.
- Paciência não vai adiantar assim que anoitecer e aqueles caras lá fora nos atacarem, Nebedito. Você prestou atenção no trecho que eu li?
- Sim, claro que sim. Mas isso ainda não explica porque o cara aí da gravura do livro se parece... se parece... comigo!!
- Olha, Nebedito, eu acho que entendo. O soldado romano disse que o General Panflétus estava aqui dentro. Ele sabia que não era eu, mas além de mim só havia mais uma pessoa: você! Agora, vimos que o General Panflétus é parecidíssimo com você. Mas o cara viveu há muitos séculos...
- Pois é!
- Bem, talvez seja algum caso de reencarnação! E, depois de tantos anos, finalmente o exército encontrou o General Panflétus para aniquilá-lo!
- Ah, dá um tempo, Arapecido! Mesmo que eu tenha sido o tal general, como é que esses caras aí foram viver por tanto tempo, hã? Também são reencarnação dos soldados da época??
- Talvez.
- Bom, se for assim, preciso ter uma conversa séria com eles.
- Sabe, Nebedito, meu avô costumava dizer que pessoa alguma na Terra pode fugir de uma dívida. Por mais que você fuja, um dia será cobrado. Talvez, após tanta demora, a natureza tenha dado um jeito de fazer você pagar a sua.
- Cara, nunca ouvi tanta besteira em minha vida. Você está com problemas em sua mente.
- Mas o que é que eu tenho a ver com isso tudo? Se a dívida é sua, eu nem deveria estar aqui!
- Não tente me ignorar. Precisamos conversar mais. Que tal o exercício de respiração?
Dei mais uma folheada no livro, mas não encontrei mais nada de interessante. Procurei em outro, mas havia menos coisas interessantes ainda. Assim foi com mais 2 livros que eu possuía. Parece que a batalha do General Panflétus não fora considerada muito importante para ser contada. Que pena. Malditos historiadores que só contam o que lhes interessa! Aposto que se houvesse tido uma guerra com várias mulheres nuas naquela época, eles não hesitariam em contar os detalhes. Hum... eu bem que iria querer saber desses detalhes...
De repente...
- Ei!!! Você ouviu isso? – eu disse.
- Isso o quê?
- ABAIXE-SE!!!!!!
Súbito, várias flechas começaram a atingir o nosso trailer. Pareciam vir de todos os lados! Algumas entraram pela janela e atingiram nossos móveis. Outras, somente fizeram vários buracos nas paredes. Será que os soldados estavam testando a resistência de nossa “fortaleza mágica” antes de atacarem?
- Você está bem, Nebedito?
- Claro que não! Esse pessoal aí fora está indo longe demais, cara! Acho que vou lá pra fora e fazer uma terapia em conjunto com eles. O que acha?
Fui até a janela. Vi alguns soldados-arqueiros recuando com seus arcos vazios nas mãos. Um outro soldado – o mesmo de armadura dourada – apareceu bem pertinho de mim, montado em um cavalo.
- Ei, cara! Você quase nos matou de susto aqui, hã? – eu disse, tentando esconder meu apavoramento.
- O tempo está correndo. – ele disse, secamente – Em poucas horas irá anoitecer. Encontraste o General Panflétus?
- Encontrei sim. Ele disse que manda saudações a você e seus amigos.
O soldado fez um meio-sorriso nada agradável e pareceu segurar uma risada. Olhou para o exército atrás dele, depois olhou para mim novamente e disse:
- Isso é bom. É bom que ele continue com seu senso de humor. E tu também. Já conferimos que tua fortaleza mágica não é tão ameaçadora assim.
- Escute aqui, cara! Não acha que é muita covardia tantos homens lutarem contra apenas 3? Hã?
- Hahahahahahhaha!!! Isso não será problema para o General Panflétus! Em tempos antigos ele nos derrotou com apenas dois homens, contra mais de 1000 soldados. Depois, na segunda batalha, ele sumiu e nós matamos os seus homens, não sem que antes perdêssemos mais de 500 homens de nosso exército.
- Apenas 2 homens como exército? Contra mais de 1000? Mas isso é impossível!!!
- Não tente escapar, soldado. Vós estais cercados. Aproveitem teus últimos momentos. – dito isso, o soldado foi-se com o cavalo.
Três homens vencendo mais de 1000 soldados. Por que o livro não contou essa parte? Por que o soldado dourado me chamou de “soldado”? Por que eu odeio esses historiadores cada vez mais? E por que estou tremendo de medo??? Droga!!!

Já eram quase 16:00 hs. Em duas ou três horas, seria noite. E até àquela altura, não havíamos decidido o que fazer. Eu, pra variar, estava apavorado, relendo aqueles livros de História para ver se achava mais alguma coisa de útil. Ralgedino (que já havia despertado), estava sentado à mesa, fazendo inalação. Quanto à Nebedito, continuava falando suas asneiras:
- Arapecido, você é muito bobinho. Tem muito o que aprender na vida, rapaz. Já te falei que isso aí fora é brincadeira de brasileiro!
- É mesmo?
- É! Brasileiro é um povo sofrido, injustiçado... Para dar a volta por cima de tantas desgraças, o brasileiro inventa essas brincadeiras, essas piadas... daí o seu jeito brincalhão de ser! Esse senso de humor, esse jogo de cintura, essa ginga do brasileiro... é só para esquecer os problemas! Brasileiro sabe levar a vida na maciota! Eu fico admirado com...
- Nebedito, por favor, me poupe! Você bem sabe que aquele pessoal lá fora não é brasileiro, tampouco está para brincadeira, tampouco tem senso de humor, tampouco está gingando e TAMPOUCO ESTÁ SE FODENDO PARA MACIOTAS!!!!
- Ei, ei, ei! Agora você ficou nervoso! – disse Ralgedino. - Isso não é bom para você!
- E nem para vocês se continuarem me torrando com suas tolices! Já olharam em volta? Hã? Os caras furaram o nosso trailer todinho! Nossa geladeira e outros móveis já eram! O sujeitinho de armadura dourada já veio até aqui nos ameaçar duas vezes! Ainda acha que é tudo uma brincadeira de brasileiro? Hein?
- Às vezes o brasileiro não tem noção de suas brincadeiras...
- Cale essa boca, sim?
- Está bem. Fique aí com sua ignorância. – e saiu.
- Ei, ele ficou magoado. Isso faz mal pro coração, sabe? – disse Ralgedino.
- Você também, não comece com suas frescuras!
- Não fale assim comigo! Eu sofro de ansiedade, cara!
- Você sofre é de tudo, Ralgedino! Não sei como chegou até aqui no meio dos soldados... Ei!! Espere aí! Como você chegou em nosso trailer com aquela gente toda lá fora?
- Eu não me lembro, Arapecido! Eu estava meio zonzo. Tinha acabado de ter uma convulsão no meio do caminho.
- Putz! Mas... e como estão as pessoas da nossa cidade? Eles mataram todo mundo?
- Bem, quando acordei de manhã, não consegui encontrar ninguém. Também não vi ninguém nas ruas... ou se vi, não me lembro! Como te disse, tive uma convulsão e...
- Tá, tá bom! Vejo que você não tem respostas! Só problemas! Porque não vai se deitar mais um pouco? Parece abatido!
- Tudo bem! Eu vou! Estou meio tonto mesmo e parece que vou vomitar a qualquer momento.
Assim foi melhor, pois tive mais “espaço” para pensar no que fazer.
Percebi que se descobríssemos como Panflétus e seus dois soldados haviam derrotado os soldados na primeira batalha, poderíamos usar a mesma tática naquele dia. Também seria de grande utilidade saber como Panflétus perdeu a segunda batalha, para não cometermos o mesmo erro. Infelizmente, isso não estava nos livros que eu estava consultando. E também não parecia ser uma boa idéia ir até a biblioteca naquele dia. Se ao menos tivéssemos internet no trailer...
Sabe, também percebi uma coisa a qual você também deve ter percebido. Se Nebedito era a reencarnação do General Panflétus, com certeza eu e Ralgedino éramos a reencarnação dos seus dois soldados. Isso explica o porquê de eu também estar metido naquilo tudo e também o fato do soldado dourado ter me chamado de “soldado” no capítulo anterior. Com certeza, ele me reconheceu. E o mais engraçado disso tudo, é que Nebedito me liderou da outra vez, e agora parecia que era eu quem deveria tomar as rédeas da situação. Porque se dependesse dele, terminaríamos todos em uma sala com um divã. E, se dependesse de Ralgedino, terminaríamos em uma clínica de recuperação ou um hospital!
Falando nisso, o que Nebedito estaria aprontando?
Fui até os outros cômodos do trailer, mas não o encontrei. No quarto, Ralgedino estava deitado de barriga pra cima.
- Você viu o Nebedito? – perguntei.
- Não estou vendo nada, cara! Está tudo rodando! Acho que vou ter uma convulsão aqui.
- Certo.
No banheiro não podia estar, pois o mesmo estava com a porta aberta. Dei mais uma olhada, e percebi que estava faltando uma mesa e duas cadeiras de nosso trailer.
Foi então que ouvi vozes do lado de fora...
- Olá. Está tudo bem com você?
- Hein?
- Não tenha medo. Sente-se. Qual é o seu nome?
Rapidamente, olhei pela janela.
- Essa não!!!
Nebedito estava do lado de fora, sentado à mesa, junto com o soldado de armadura dourada. Céus, ele estava bancando o psicólogo com aquela gente!!!!
O que mais faltava acontecer??

Continua... EM 14 MALDITOS DIAS!!!!

10 comentários:

Anônimo disse...

Eis aí um épico pós-moderno com potencialidade para iniciar uma nova vertente do fazer literário...

Sessyllya ayllysseS disse...

Ah, neeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeemmm, Cirão!!! Pensei que as ameaças iam fazer você postar os capítulos da saga toda semana... Fala sério!!! Desse jeito não há chocolate que dê jeito... rsrsrs

Mas, tudo bem, pelo menos agora são 2 capítulos a cada malditos 14 dias... E estes em questão continuam no nível incrível que só o Ciro consegue alcançar...
Parabéns, Mestre!!! Beijos!!!

Flavio Carvalho disse...

OOOOOOOOpaaaaa!

Tá massa cara, tá massa,

Bruno Carvalho disse...

"Ralgedino (que já havia despertado), estava sentado à mesa, fazendo inalação..."

Ahahahahhahah, esses personagens estão hilários! Simplesmente quase morri de rir aqui!!! Eis o velho estilo de Ciro M. Costa!!! Nem vi o tamanho do texto cara! Pra mim ele continua pequeno perante à espera dos malditos 14 dias!
Gostei também dos links e do´s comentários, ahahahahhaah! Tá atrasadin hein? Ahahahahhahahah!

Muito bom mesmo!!!! Vai virar livro né? Espero ansiosamente!

Grande abraço!

Vassago disse...

Sei naum... Mas ainda tenhu a impressão de estar dentro dessa saga de alguma forma... Seria ilusão... Ops! Tou com enjôos... Vou vomitar... ahuahuhuahuahuahuah

Mauro disse...

Denso, muuito denso

essa saga me lembra os bons dias de X-men com aquela saga "programa de extermínio"

Felipe Carvalho disse...

Hahahahahahahahhaha

essa ginga do brasileiro... é só para esquecer os problemas! Brasileiro sabe levar a vida na maciota!

Morri de rir aqui, locão !!

Só tem figura entre esses personagens !!
Rageldino é "o melhor" !! hahahahahha

E que passem voando os "malditos 14 dias". hehehehehe

Felipe Carvalho disse...

Ops, é Ralgedino!

Anônimo disse...

14 dias é sacanagem hein....

bando de personagem idiota

suhahushusauhsa

xD

Unknown disse...

Se o Nebedito resolver os problemas com psicologia eu chuto o monitor. Muita ousadia colocar uma história com idéias espíritas em plena visita do Papa. Aguardo a continuação. Não farei massagens no seu ego elogiando o texto, você pode corromper-se pelos elogios.