
Anteriormente, em “Tem um exército no meu quintal”...
- ARAPECIDO!!!! Cara, você não vai acreditar nisso! Levanta logo!
Olhei pela janela, mas não acreditei. Pense bem: você acorda numa baita segunda-feira, de ressaca, bem mais cedo do que costuma acordar... e quando olha pela janela, vê um exército romano no seu quintal.
- Está certo, Nebedito. – eu disse. – Que tipo de brincadeira é essa?
(...) Assim que abri a porta, uma lança foi apontada pra mim.
- Q-quem é você? O q-quer??
- Tu és o General Panflétus?
- Quem são vocês? O que está havendo?
– (...) sabemos que ele está aqui dentro. Avise-o que temos contas a acertar. Ele não pode se esconder nessa fortaleza mágica por muito tempo. (...) Já destruímos várias casas e matamos todos pelo caminho para chegar até aqui. Não vamos perder nossa viagem. Ele tem até o pôr-do-sol para aparecer. Caso contrário...
(...) - Há uma forma de vida diferente dos soldados, que está se aproximando daqui. É o Ralgedino.
(...) - Céus! Estou passando mal! Estou tendo um ataque aqui, amigos!
(...) - O que sugere que façamos pra sair dessa então?
- Bem, sugiro que pensemos apenas que estamos em perigo e que precisamos escapar daqui.
(...) - Você prestou atenção no trecho que eu li?
- Sim, claro que sim. Mas isso ainda não explica porque o cara aí da gravura do livro se parece... se parece... comigo!!
(...) - Sabe, Nebedito, meu avô costumava dizer que pessoa alguma na Terra pode fugir de uma dívida. Por mais que você fuja, um dia será cobrado. Talvez, após tanta demora, a natureza tenha dado um jeito de fazer você pagar a sua.
(...) Súbito, várias flechas começaram a atingir o nosso trailer. Pareciam vir de todos os lados! Algumas entraram pela janela e atingiram nossos móveis. Outras, somente fizeram vários buracos nas paredes. Será que os soldados estavam testando a resistência de nossa “fortaleza mágica” antes de atacarem?
(... )- Escute aqui, cara! Não acha que é muita covardia tantos homens lutarem contra apenas 3?
(...) Se Nebedito era a reencarnação do General Panflétus, com certeza eu e Ralgedino éramos a reencarnação dos seus dois soldados. Isso explica o porquê de eu também estar metido naquilo tudo...
(...) Nebedito estava do lado de fora, sentado à mesa, junto com o soldado de armadura dourada. Céus, ele estava bancando o psicólogo com aquela gente!!!! O que mais falta acontecer??
Quem me visse correndo daquele jeito para o lado de fora, até pensaria que eu sabia o que fazer. Ledo engano. Sabe quando você só tem uma opção na vida? E, naquele momento, quando vi que Nebedito estava do lado de fora, fazendo uma “consulta psiquiátrica” com um soldado romano de algum século passado, só vi que me restava correr até lá. O que fazer realmente, eu pensaria depois.
O soldado dourado estava sentado do lado de fora, de frente para Nebedito. Este, com um jeito muito tranqüilo, insistiu com suas perguntas:
- E então, meu amigo? Posso te chamar de “amigo”, né?
- Bem, eu... – disse o soldado, confuso.
- Qual é o seu nome?
- Eu sou o General Jen-Hur.
- Certo. Jen-Hur. Por acaso baseou seu nome naquele filme... Ben-Hur?
- Do que estás falando?
- Calma. Tenha muita calma. Escute, o que levou vocês a estarem aqui hoje?
- Nebedito! – eu disse, assim que cheguei. – O que você pensa que está fazendo??
- Calma você também, Arapecido. Vou atendê-lo, assim que terminar com nosso amigo Jen-Hur aqui.
- Mas...
- Quieto! – disse o soldado, ameaçando tirar a espada. – Estou negociando com teu general, insolente!
- Isso mesmo, Arapecido. Estamos “negociando”. Fica quietinho aí, que vai dar tudo certo.
Sem ter muito mais o que falar, decidi mesmo ficar quieto no meu canto. Bem, de qualquer jeito, acho que estávamos condenados mesmo...
- Vamos voltar à sessão, Jen-Hur.
- É General Jen-Hur.
- Certo. General Jen-Hur. No caso, o H de “Hur” é pronunciado como “R”?
- Pronuncie como quiserdes!
- Mas estamos falando de seu nome! Não quer que as pessoas o pronunciem corretamente?
- Tanto faz! Eu não vim aqui para...
- Tudo bem, vejo que tem problemas com seu nome. Não vamos mais falar disso, está bem? Vamos voltar à outra pergunta: o que trouxe vocês até aqui hoje?
- Viemos terminar nossa batalha.
- Sei... uma espécie de batalha interior, né?
- Não, nós...
- Não entendo o porquê então de tantas armas para tal batalha. Está tudo dentro de você, General. Suas armas estão aí ó – e Nebedito apontou o dedo para a testa do general. – Na sua cabeça, na sua mente! Se você tem uma batalha interior, então você precisa vencê-la com essas armas... sozinho!
- Espere, eu...
- Mas você está com sérios problemas em enfrentar seus problemas individualmente, não é mesmo? Trouxe esse tanto de gente pra te ajudar, e agora fala que vocês precisam terminar uma batalha! Não, não e não, meu caro! Seus problemas devem ser resolvidos por você mesmo!
- Escute aqui...
- Sim, eu escuto! É pra isso que estou aqui hoje! Para te escutar e te ajudar! E te apoiar também, por que não? Não quero que me veja como um estranho! Neste momento, sou a pessoa em que você pode depositar toda a sua confiança! Vamos, fale! Ponha tudo pra fora, meu caro Jen-Hur!
- Já disse que é General Jen-Hur!!
- Está vendo? Está vendo só como você está com problemas? Novamente voltamos à essa mesma tecla do “problemas com o próprio nome”. Você nem o admite mais, colocando uma mera posição militar na frente dele. Há algum problema com seu nome?
- Não, seu insolente! Saiba que tenho muito orgulho de meu nome!
- Claro que sim! Não precisa ficar zangado! “Jen-Hur” é um nome muito bonito, viu? – dito isso, Nebedito segurou as mãos do general e lhe piscou um olho, como se dissesse: “calma, você está em boas mãos”.
Eu não sabia se ria, ou se chorava.
- Epa! Largue minhas mãos! – disse o soldado, se soltando.
- Ih, mas você é muito bobinho, hein? Só estava tentando ser seu amigo!
- Vós não sois amigos! Somos inimigos! E viemos acabar com vós!
- E se eu lhe disser que seus “avós” não estão aqui?
- O quê?
- Hahahahahaha!! Foi apenas uma brincadeira, Jen-Hur. Você está muito tenso.
- Estás rindo de mim?
- Claro que não. Estou rindo pra você, e não de você. Bem, vamos continuar. Fale-me sobre seus pais.
- Por que queres saber de meus pais?
- Sou eu quem faz as perguntas por aqui, sim? Não seja tão recalcado e se abra comigo.
- Não quero falar sobre meus pais! Só quero...
- Eu entendo. Seu pai batia muito em você, não é verdade?
- Não...
- Aposto que chegava bêbado e gritando todas as noites em casa, chamando sua mãe de nomes sujos como “curral” ou “roda de caminhão”.
- Ei, tu não podes...
- Depois disso, ele pegava você de jeito e te fazia vestir uma dessas roupas ridículas que está vestindo agora, não é mesmo?
- O quê???
- Ficou tão traumatizado e acostumado, que agora se veste como se fosse a rainha do Carnaval de 1987. Depois, com certeza, juntou todos os seus amiguinhos... ou “amiguinhas”, tanto faz... convenceu-os a se vestir como você (pois você não queria passar por isso sozinho) e agora saem por aí, dizendo pra todo mundo que estão lutando por algo, por um ideal... quando, na verdade, você é quem está com problemas sérios, e não pode (ou não quer) resolvê-los sozinho!
- Do que você está falando?
Então, Nebedito levantou-se da mesa, aproximou-se do General, encarou-o, e gritou:
- MESTRE-SALA E PORTA-BANDEIRA... NOTA DEEEEEZ!!!!! Hahahahahahhahahah!!!! – sentou-se novamente. - Desculpe, foi só mais uma brincadeira pra descontrair.
Então o general olhou para mim, e disse:
- Eu não entendo!! Nós viemos aqui para matá-los, e teu general está brincando desse jeito??
- Acho que algumas pessoas encaram a morte de forma diferente. – eu disse. Mas na verdade, achei mesmo que Nebedito já estava ficando maluco.
- Muito bem. – disse Nebedito. – Agora vamos falar sobre sua mãe...
- JÁ CHEGA!!! – disse o soldado, sacando sua espada e se levantando bruscamente. Neste momento, o exército inteiro que nos assistia também ameaçou nos atacar.
- Ei, calma aí Jen-Hur!
- EU JÁ FALEI QUE É GENERAL JEN-HUR, INSOLENTE!! E já chega de tal brincadeira!!!Ninguém falará de minha mãe!!
- Mas eu não...
- Vocês estão brincando com a sorte, soldados! Estou estranhando tal ato, pois vós nunca foram disso! Com certeza acham que são grandes guerreiros, não é mesmo? Pois a coisa será diferente dessa vez! Muito diferente!! Dessa vez, vós não irão escapar!
- Está certo! – eu disse. – Será que você pode finalmente nos explicar o que está havendo aqui?
- Não se faça de desentendido, soldado! Já disse para pararem com vossas brincadeiras! E queres saber? Acabo de diminuir o prazo! Atacaremos em uma hora!
- Arapecido! – disse Nebedito. – Está vendo o que você fez? Eu tinha a situação sob controle antes de você chegar!
- Claro que sim, Nebedito! General Jen-Hur, tenho certeza de que podemos chegar a um...
- Já chega de asneiras! Uma hora e nada mais! – dito isso, Jen-Hur voltou para o seu exército.
Enquanto caminhávamos de volta ao trailer...
- Você viu só, Arapecido?
- O quê?
- Viu o quanto ele ficou nervoso quando citei sua mãe? Isso é bem coisa de brasileiro mesmo, querer arrumar briga quando falam mal de sua mãe. Cada vez mais, está provado que não passa de uma grande brincadeira!
- Sabe, Nebedito... eu já briguei com você por dizer isso nos capítulos anteriores... mas, quer saber? Dane-se! Se é tudo uma brincadeira? Eu não sei! Se são soldados de verdade? Eu não sei! Se são seres de outro planeta? Eu não sei! Se são robôs? Eu não sei! Se são fantasmas? Eu não sei! Se o carnaval chegou mais cedo esse ano? Eu não sei! Se é uma parada gay? Eu não sei! Se isso é mais um episódio de Lost? Eu não sei! SE SÃO MINHA AVÓ DE CUECAS??? DIABOS, EU NÃO SEI!!! MAS QUER SABER??? DANE-SE!!!!
- Ei, ei! Agora é você quem está nervoso!
- É, estou mesmo!!! Estou nervoso, estou zangado, estou com medo... tudo junto!! Mas, seja lá o que diabos estiver acontecendo, descobriremos em menos de uma hora! E eu estou preparado! Se Deus quer nos castigar por alguma coisa, não há nada que possamos fazer! Mesmo que Ele tenha modos bem malucos de fazer isso! Mas, como eu disse... dane-se!!!
- Nããão, Arapecido! Não pode ser assim não, viu? Você está muito errado! Precisamos saber contra o quê estamos lidando, pois, se isso for coisa séria (o que eu duvido), poderemos vencer!
- “Vencer”, claro! Nós 3. Contra... uns 1000? Sim, temos muitas chances, Nebedito! Prepare uma faca de cozinha como espada e um prato como escudo! Estamos preparados! Ao ataque! Marche!!!!
- Larga de ser pessimista, Arapecido! Por acaso nunca viu aquele filme 300?
- Já sim. E também vi Coração Valente e bem sei o que acontece no final...
Assim que abrimos a porta, vimos Ralgedino no chão, suando que nem uma porca jardineira (nada a ver).
- Amigos!! – ele gritou. – Estou tendo um ataque aqui! Está tudo rodando, meu corpo está suando! Está chegando uma convulsão! Eu sei que está! Preciso de um hospital!
- Oras, cale essa boca...
Abrimos a porta mais um pouco, e vimos porque Ralgedino estava passando mal daquele jeito. Quer dizer, ele sempre estava passando mal... mas, desta vez, o negócio era sério.
Havia um soldado lá dentro.
- Depressa, entrem e fechem essa porta! – disse ele, nos apontando a lança.
Fizemos o que ele mandou.
- O-o que você quer? – perguntei. Engraçado, tive uma sensação de déja-vu.
- Todas as tuas perguntas serão respondidas, rapaz! Sentem-se em qualquer lugar por aí!
- Mas...
- DEPRESSA!!!
Novamente, fizemos o que ele mandou. Por que alguns personagens dessa história são tão estressados? Sei que sou suspeito pra falar, mas...
- Muito bem. – ele disse, baixando sua lança. – Está na hora de contar o que está acontecendo aqui. E seja lá o que o nosso Deus quiser.
- Caramba, já estou com falta de ar! – disse Ralgedino.
Engraçado... em vários momentos daquela situação, me perguntei se Deus estava nos vendo. Se estava, estaria preocupado? Sabia o que estava fazendo? Ou estaria se divertindo? Bem, eu não sabia. Mas, em breve descobriríamos...
Em 14 dias... O ESCLARECIMENTO!!!
Em 28 dias... A CONCLUSÃO!!!
- ARAPECIDO!!!! Cara, você não vai acreditar nisso! Levanta logo!
Olhei pela janela, mas não acreditei. Pense bem: você acorda numa baita segunda-feira, de ressaca, bem mais cedo do que costuma acordar... e quando olha pela janela, vê um exército romano no seu quintal.
- Está certo, Nebedito. – eu disse. – Que tipo de brincadeira é essa?
(...) Assim que abri a porta, uma lança foi apontada pra mim.
- Q-quem é você? O q-quer??
- Tu és o General Panflétus?
- Quem são vocês? O que está havendo?
– (...) sabemos que ele está aqui dentro. Avise-o que temos contas a acertar. Ele não pode se esconder nessa fortaleza mágica por muito tempo. (...) Já destruímos várias casas e matamos todos pelo caminho para chegar até aqui. Não vamos perder nossa viagem. Ele tem até o pôr-do-sol para aparecer. Caso contrário...
(...) - Há uma forma de vida diferente dos soldados, que está se aproximando daqui. É o Ralgedino.
(...) - Céus! Estou passando mal! Estou tendo um ataque aqui, amigos!
(...) - O que sugere que façamos pra sair dessa então?
- Bem, sugiro que pensemos apenas que estamos em perigo e que precisamos escapar daqui.
(...) - Você prestou atenção no trecho que eu li?
- Sim, claro que sim. Mas isso ainda não explica porque o cara aí da gravura do livro se parece... se parece... comigo!!
(...) - Sabe, Nebedito, meu avô costumava dizer que pessoa alguma na Terra pode fugir de uma dívida. Por mais que você fuja, um dia será cobrado. Talvez, após tanta demora, a natureza tenha dado um jeito de fazer você pagar a sua.
(...) Súbito, várias flechas começaram a atingir o nosso trailer. Pareciam vir de todos os lados! Algumas entraram pela janela e atingiram nossos móveis. Outras, somente fizeram vários buracos nas paredes. Será que os soldados estavam testando a resistência de nossa “fortaleza mágica” antes de atacarem?
(... )- Escute aqui, cara! Não acha que é muita covardia tantos homens lutarem contra apenas 3?
(...) Se Nebedito era a reencarnação do General Panflétus, com certeza eu e Ralgedino éramos a reencarnação dos seus dois soldados. Isso explica o porquê de eu também estar metido naquilo tudo...
(...) Nebedito estava do lado de fora, sentado à mesa, junto com o soldado de armadura dourada. Céus, ele estava bancando o psicólogo com aquela gente!!!! O que mais falta acontecer??
Quem me visse correndo daquele jeito para o lado de fora, até pensaria que eu sabia o que fazer. Ledo engano. Sabe quando você só tem uma opção na vida? E, naquele momento, quando vi que Nebedito estava do lado de fora, fazendo uma “consulta psiquiátrica” com um soldado romano de algum século passado, só vi que me restava correr até lá. O que fazer realmente, eu pensaria depois.
O soldado dourado estava sentado do lado de fora, de frente para Nebedito. Este, com um jeito muito tranqüilo, insistiu com suas perguntas:
- E então, meu amigo? Posso te chamar de “amigo”, né?
- Bem, eu... – disse o soldado, confuso.
- Qual é o seu nome?
- Eu sou o General Jen-Hur.
- Certo. Jen-Hur. Por acaso baseou seu nome naquele filme... Ben-Hur?
- Do que estás falando?
- Calma. Tenha muita calma. Escute, o que levou vocês a estarem aqui hoje?
- Nebedito! – eu disse, assim que cheguei. – O que você pensa que está fazendo??
- Calma você também, Arapecido. Vou atendê-lo, assim que terminar com nosso amigo Jen-Hur aqui.
- Mas...
- Quieto! – disse o soldado, ameaçando tirar a espada. – Estou negociando com teu general, insolente!
- Isso mesmo, Arapecido. Estamos “negociando”. Fica quietinho aí, que vai dar tudo certo.
Sem ter muito mais o que falar, decidi mesmo ficar quieto no meu canto. Bem, de qualquer jeito, acho que estávamos condenados mesmo...
- Vamos voltar à sessão, Jen-Hur.
- É General Jen-Hur.
- Certo. General Jen-Hur. No caso, o H de “Hur” é pronunciado como “R”?
- Pronuncie como quiserdes!
- Mas estamos falando de seu nome! Não quer que as pessoas o pronunciem corretamente?
- Tanto faz! Eu não vim aqui para...
- Tudo bem, vejo que tem problemas com seu nome. Não vamos mais falar disso, está bem? Vamos voltar à outra pergunta: o que trouxe vocês até aqui hoje?
- Viemos terminar nossa batalha.
- Sei... uma espécie de batalha interior, né?
- Não, nós...
- Não entendo o porquê então de tantas armas para tal batalha. Está tudo dentro de você, General. Suas armas estão aí ó – e Nebedito apontou o dedo para a testa do general. – Na sua cabeça, na sua mente! Se você tem uma batalha interior, então você precisa vencê-la com essas armas... sozinho!
- Espere, eu...
- Mas você está com sérios problemas em enfrentar seus problemas individualmente, não é mesmo? Trouxe esse tanto de gente pra te ajudar, e agora fala que vocês precisam terminar uma batalha! Não, não e não, meu caro! Seus problemas devem ser resolvidos por você mesmo!
- Escute aqui...
- Sim, eu escuto! É pra isso que estou aqui hoje! Para te escutar e te ajudar! E te apoiar também, por que não? Não quero que me veja como um estranho! Neste momento, sou a pessoa em que você pode depositar toda a sua confiança! Vamos, fale! Ponha tudo pra fora, meu caro Jen-Hur!
- Já disse que é General Jen-Hur!!
- Está vendo? Está vendo só como você está com problemas? Novamente voltamos à essa mesma tecla do “problemas com o próprio nome”. Você nem o admite mais, colocando uma mera posição militar na frente dele. Há algum problema com seu nome?
- Não, seu insolente! Saiba que tenho muito orgulho de meu nome!
- Claro que sim! Não precisa ficar zangado! “Jen-Hur” é um nome muito bonito, viu? – dito isso, Nebedito segurou as mãos do general e lhe piscou um olho, como se dissesse: “calma, você está em boas mãos”.
Eu não sabia se ria, ou se chorava.
- Epa! Largue minhas mãos! – disse o soldado, se soltando.
- Ih, mas você é muito bobinho, hein? Só estava tentando ser seu amigo!
- Vós não sois amigos! Somos inimigos! E viemos acabar com vós!
- E se eu lhe disser que seus “avós” não estão aqui?
- O quê?
- Hahahahahaha!! Foi apenas uma brincadeira, Jen-Hur. Você está muito tenso.
- Estás rindo de mim?
- Claro que não. Estou rindo pra você, e não de você. Bem, vamos continuar. Fale-me sobre seus pais.
- Por que queres saber de meus pais?
- Sou eu quem faz as perguntas por aqui, sim? Não seja tão recalcado e se abra comigo.
- Não quero falar sobre meus pais! Só quero...
- Eu entendo. Seu pai batia muito em você, não é verdade?
- Não...
- Aposto que chegava bêbado e gritando todas as noites em casa, chamando sua mãe de nomes sujos como “curral” ou “roda de caminhão”.
- Ei, tu não podes...
- Depois disso, ele pegava você de jeito e te fazia vestir uma dessas roupas ridículas que está vestindo agora, não é mesmo?
- O quê???
- Ficou tão traumatizado e acostumado, que agora se veste como se fosse a rainha do Carnaval de 1987. Depois, com certeza, juntou todos os seus amiguinhos... ou “amiguinhas”, tanto faz... convenceu-os a se vestir como você (pois você não queria passar por isso sozinho) e agora saem por aí, dizendo pra todo mundo que estão lutando por algo, por um ideal... quando, na verdade, você é quem está com problemas sérios, e não pode (ou não quer) resolvê-los sozinho!
- Do que você está falando?
Então, Nebedito levantou-se da mesa, aproximou-se do General, encarou-o, e gritou:
- MESTRE-SALA E PORTA-BANDEIRA... NOTA DEEEEEZ!!!!! Hahahahahahhahahah!!!! – sentou-se novamente. - Desculpe, foi só mais uma brincadeira pra descontrair.
Então o general olhou para mim, e disse:
- Eu não entendo!! Nós viemos aqui para matá-los, e teu general está brincando desse jeito??
- Acho que algumas pessoas encaram a morte de forma diferente. – eu disse. Mas na verdade, achei mesmo que Nebedito já estava ficando maluco.
- Muito bem. – disse Nebedito. – Agora vamos falar sobre sua mãe...
- JÁ CHEGA!!! – disse o soldado, sacando sua espada e se levantando bruscamente. Neste momento, o exército inteiro que nos assistia também ameaçou nos atacar.
- Ei, calma aí Jen-Hur!
- EU JÁ FALEI QUE É GENERAL JEN-HUR, INSOLENTE!! E já chega de tal brincadeira!!!Ninguém falará de minha mãe!!
- Mas eu não...
- Vocês estão brincando com a sorte, soldados! Estou estranhando tal ato, pois vós nunca foram disso! Com certeza acham que são grandes guerreiros, não é mesmo? Pois a coisa será diferente dessa vez! Muito diferente!! Dessa vez, vós não irão escapar!
- Está certo! – eu disse. – Será que você pode finalmente nos explicar o que está havendo aqui?
- Não se faça de desentendido, soldado! Já disse para pararem com vossas brincadeiras! E queres saber? Acabo de diminuir o prazo! Atacaremos em uma hora!
- Arapecido! – disse Nebedito. – Está vendo o que você fez? Eu tinha a situação sob controle antes de você chegar!
- Claro que sim, Nebedito! General Jen-Hur, tenho certeza de que podemos chegar a um...
- Já chega de asneiras! Uma hora e nada mais! – dito isso, Jen-Hur voltou para o seu exército.
Enquanto caminhávamos de volta ao trailer...
- Você viu só, Arapecido?
- O quê?
- Viu o quanto ele ficou nervoso quando citei sua mãe? Isso é bem coisa de brasileiro mesmo, querer arrumar briga quando falam mal de sua mãe. Cada vez mais, está provado que não passa de uma grande brincadeira!
- Sabe, Nebedito... eu já briguei com você por dizer isso nos capítulos anteriores... mas, quer saber? Dane-se! Se é tudo uma brincadeira? Eu não sei! Se são soldados de verdade? Eu não sei! Se são seres de outro planeta? Eu não sei! Se são robôs? Eu não sei! Se são fantasmas? Eu não sei! Se o carnaval chegou mais cedo esse ano? Eu não sei! Se é uma parada gay? Eu não sei! Se isso é mais um episódio de Lost? Eu não sei! SE SÃO MINHA AVÓ DE CUECAS??? DIABOS, EU NÃO SEI!!! MAS QUER SABER??? DANE-SE!!!!
- Ei, ei! Agora é você quem está nervoso!
- É, estou mesmo!!! Estou nervoso, estou zangado, estou com medo... tudo junto!! Mas, seja lá o que diabos estiver acontecendo, descobriremos em menos de uma hora! E eu estou preparado! Se Deus quer nos castigar por alguma coisa, não há nada que possamos fazer! Mesmo que Ele tenha modos bem malucos de fazer isso! Mas, como eu disse... dane-se!!!
- Nããão, Arapecido! Não pode ser assim não, viu? Você está muito errado! Precisamos saber contra o quê estamos lidando, pois, se isso for coisa séria (o que eu duvido), poderemos vencer!
- “Vencer”, claro! Nós 3. Contra... uns 1000? Sim, temos muitas chances, Nebedito! Prepare uma faca de cozinha como espada e um prato como escudo! Estamos preparados! Ao ataque! Marche!!!!
- Larga de ser pessimista, Arapecido! Por acaso nunca viu aquele filme 300?
- Já sim. E também vi Coração Valente e bem sei o que acontece no final...
Assim que abrimos a porta, vimos Ralgedino no chão, suando que nem uma porca jardineira (nada a ver).
- Amigos!! – ele gritou. – Estou tendo um ataque aqui! Está tudo rodando, meu corpo está suando! Está chegando uma convulsão! Eu sei que está! Preciso de um hospital!
- Oras, cale essa boca...
Abrimos a porta mais um pouco, e vimos porque Ralgedino estava passando mal daquele jeito. Quer dizer, ele sempre estava passando mal... mas, desta vez, o negócio era sério.
Havia um soldado lá dentro.
- Depressa, entrem e fechem essa porta! – disse ele, nos apontando a lança.
Fizemos o que ele mandou.
- O-o que você quer? – perguntei. Engraçado, tive uma sensação de déja-vu.
- Todas as tuas perguntas serão respondidas, rapaz! Sentem-se em qualquer lugar por aí!
- Mas...
- DEPRESSA!!!
Novamente, fizemos o que ele mandou. Por que alguns personagens dessa história são tão estressados? Sei que sou suspeito pra falar, mas...
- Muito bem. – ele disse, baixando sua lança. – Está na hora de contar o que está acontecendo aqui. E seja lá o que o nosso Deus quiser.
- Caramba, já estou com falta de ar! – disse Ralgedino.
Engraçado... em vários momentos daquela situação, me perguntei se Deus estava nos vendo. Se estava, estaria preocupado? Sabia o que estava fazendo? Ou estaria se divertindo? Bem, eu não sabia. Mas, em breve descobriríamos...
Em 14 dias... O ESCLARECIMENTO!!!
Em 28 dias... A CONCLUSÃO!!!
4 comentários:
"- Aposto que chegava bêbado e gritando todas as noites em casa, chamando sua mãe de nomes sujos como “curral” ou “roda de caminhão”."
Ahahahahahahahahahahah!!!!!!!!!
A continuidade está ótima! Tanto que já estou me apegando aos personagens! Esse Nebedito está ótimo, muito bem escrito... e muito engraçado também!! Espero que venha um livro por aí... Muito bom Cirão!! Parabéns!
"Anteriormente, em “Tem um exército no meu quintal”..."
Ahahahhahahah, só você mesmo!!!
Filhão!!!! Apesar de ENORME, não tem como não elogiar a organização do seu texto, dos links e de tudo o mais! E é válido também ressaltar que as gravuras estão cada vez melhores!
Nebedito estava do lado de fora, fazendo uma “consulta psiquiátrica”.
Acho que algumas pessoas encaram a morte de forma diferente.
Hehehe Sei não, hein! Conheço esse cara! Hahahahaha
Bem, apesar do tamanho, esse episódio fluiu mais naturalmente para mim!
Daqui a 28 dias veremos no que dará tudo isso!
Abraços, caminhoneiro!
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