sexta-feira, 20 de julho de 2007

Tanabi Jones e o Abismo de Polka-Tolka

Abismado por Ciro M. Costa





Cedo ou tarde, Tanabi Jones sabia que ia se ferrar. Era paleontólogo, professor de História, metido a aventureiro. Havia visto filmes do Indiana Jones e jogado Tomb Raider demais, e bem sabia disso. Todo mundo riu dele quando resolveu adotar o nome de Tanabi Jones e começou a usar óculos e um chapéu de palha ridículo.
Mas ele não deu ouvidos. Queria aventura! Mistérios! Passagens secretas! Armadilhas! Tesouros impossíveis! Desafio! Sim! Porque a vida tinha que ser um desafio! Tinha que ser uma aventura!
Bem, deu no que deu. Durante sua viagem, quando buscava a Pedra de Kendosrville, Tanabi Jones cometeu um pequeno deslize, e acabou caindo no terrível Abismo de Polka-Tolka. Já diziam as más línguas (e as más línguas adoram contar essas coisas) que tal abismo não possuía fim.
- Mas que óóóóóótimo!!! Estou caindo, pessoal! Éééé!! Tanabi Jones está caiiiiindo!! – gritou ele, enquanto caía e segurava seu chapéu.
Era o fim. Bem sabia ele que não iria morrer tão cedo e que ficaria caindo por muito, muito tempo. No entanto, nem assim ele se desesperou. Nada. Tanabi Jones era tranqüilo, conformado. Como dito no início, ele já sabia que ia se foder algum dia.
- Ah, ééééé!! Eu me fodiiiii!!! Uia!!!
Dois dias se passaram. Com fome, sede e sem ter o que fazer, Tanabi Jones se colocou em tal posição, que começou a cair mais rápido.
- Mamãe eu estou a camiiiiiiiiinho!!!!!
Sim, ele realmente conseguiu acelerar a queda. Acelerou tanto, que avistou um ponto branco lá embaixo.
- Diaaaaaaaabos!!! O que será aquilo?
Acelerando mais um pouco, Tanabi Jones se aproximou do ponto branco, que se tornou uma casa de tijolos, que também estava caindo. Ele abriu a porta e entrou por ela.
- Mas que maluquiiiiiice é ééééssa??? – perguntou ele, olhando a casa por dentro. – Uma casa caindo de um abiiiiismo? Uma casa com cômodos, móveis, eletrodoméééésticos...?
Foi então que uma bela moça apareceu.
- Hihihi. Olá, estranho. – ela disse, com um sorriso tímido. – Chegou bem na hora do jantar.
- Hein???? Jantaaaaaar??? – Tanabi Jones não sabia se estava confuso em ver uma moça dentro de uma casa que caía, se estava espantado com a tranqüilidade dela... ou se era paixão à primeira vista!
- Acho que é “jantar”, hihihih! – disse ela, tímida. – Na verdade, não sei mais se é noite ou dia lá fora, mas o que importa? Almoço, janta... por que o nome da comida tem que mudar só porque está de noite ou de dia, não é verdade?
- Beeeeem.... eu....
- Qual seu nome, moço bonito? Hihihihi!
- Eeeeeu sou Tanabiiiiiii Jones!!! E você?
- Eu sou Samanta. Hihihih. Prazer. – e lhe piscou um olho.
- O prazeeeeer é meeeeeu, Samanta!!!!! Como construiu essa caaaaaasa aqui???
- Na verdade eu não me lembro. Hihihih!! Fiquei caindo tanto tempo, que tive que agir e fazer alguma coisa. E então? Vamos comer ou vamos ficar aqui conversando? Hihihihi!!
- Vamos, vamos comeeeer!!! Estou com foooome!!!
E assim viveram nos dias que se passaram. Samanta cozinhava para Tanabi, que se apaixonou por ela, e vice-versa. E versa-vice. Se apaixonaram-se. Se amaram-se. Se dormiram-se juntos... e tiveram-se dois filhos-se. Às vezes brigavam, às vezes não. Às vezes Tanabi se chateava (pois não podia sair de casa), às vezes ele e seus dois filhos passavam mal com a comida de Samanta (afinal, estavam caindo de um abismo, não há estômago que agüente).
O caso é que, um belo dia, a casa caiu. Éééé, meus amigos! Como bem diz aquele ditado: A CASA CAIU!!
Quando isso aconteceu, Tanabi estava dormindo, ao lado de sua mulher. Fora um tremendo baque, e ele acordou. Levantou de sua cama e foi até a janela da cozinha. Olhou do lado de fora, e lá estava tudo como deveria estar: casas, ruas, crianças brincando no parque, etc, etc e eticétera. “O Abismo de Polka-Tolka tinha fundo, afinal!”, pensou consigo mesmo sozinho e individualmente.
Voltou e viu sua mulher, no quarto, ainda dormindo. Pensou: como ela não havia acordado com a queda? E as crianças que também continuavam dormindo? E a casa? Por que não se desfez em mil pedaços com a queda? Como haviam sobrevivido?
E então, Tanabi Jones, esse aventureiro, o mais aventureiro de todos, percebera tudo. Percebera que havia não só entrado em um abismo, como também em uma baita de uma fria. Percebera em como ele havia sobrevivido, depois de tantos anos caindo. Percebera, assim como a maioria dos homens casados, que um belo dia você acorda ao lado de sua mulher, e simplesmente não entende... não compreende... como teve tanta coragem de fazer o que fez! E como o fez! E como chegou até ali! Como? Como? Bebo? Tomo?
E agora, lembrando-se de todo esse processo, a coisa toda não fazia sentido! Mas agora? Agora é tarde demais. Agora? Agora a casa caiu.
- Tanabi, seu imprestável!! Já estamos em terra firme! Já foi buscar o pão na padaria???
E eis que agora começa a verdadeira aventura de Tanabi Jones...


Em breve:
Tanabi Jones e o Cálice Imprestável
- Tanabi!!! CALE-SE, SEU IMPRESTÁVEL!!!





FELIZ 'SEMANA DO ABISMO' A TODOS!!!

12 comentários:

Anônimo disse...

Agora o termo "A casa caiu" fez todo sentido pra mim (hehehe). Mas, realmente, acho que Tanabi no fundo imaginava que o buraco não tinha fundo mesmo. Mas depois que a casa cai não adianta reclamar... Podia ter continuado caindo sozinho, mas nãããããão, o carentão tinha que entrar na casa, sem ser convidado, e se engraçar com a Samantha. Agora agüenta (hehehe - nada a ver).
Enfim, mais um grande texto do grande Syrus.
Abração..

Anônimo disse...

hahaha
boooooaaaa
muito doida essa ciroo
vou esperar a proxima em
Tanabi e o Cale-ce imprestavel
abraços

Flavio Carvalho disse...

hahahahahhahahahha,

Estou abismaaaaaado,

massa demais Cirão,
e no final temos uma bela alegoria
nesta história,

muito massa,

feliz semana do abismo,

Anônimo disse...

hahahahahha muito bom cirao estou rindo ate agora "tanabi jones" espatifou mesmo e com isso prova-se que a casa um dia cai mesmo num abismo e tinha que ser um carentao hahahahha eu tambem teria entrado e me ferrado tambem mas mais com o esquema de ir buscar o pao hahahha
valeu cirao nao vejo a hora do outro imprestavel heheheh

Sessyllya ayllysseS disse...

Uahuahuauahahu!!! "Como? Como? Bebo? Tomo?" Uahuahauhauh!!! Caraca, de onde será que você desenterrou essa construção?!

Olha só, Ciro, eu não sei se você ainda está solteiro porque pensa assim das mulheres ou se pensa assim das mulheres porque ainda está solteiro... Só sei que, diante de um texto como esse, vale a pena relevar certos conceitos masculinos a respeito das belas e adoráveis criaturas do sexo feminino...

Texto muito bem elaborado, original e engraçado!!! Perfeito!!!

Parabéns!!!
Bjos!!!

Carlos Filho disse...

Hahahahahahahahahahaahaha...a neeeemmm!
Entrou num abismo, messsssmo!
Bem bolado, a má fase e a falta de criatividade passou, UFAAA!
Muito bom, Cirão. Agota me explicou pq as pessoas casam...hahahahahaha

Pietro disse...

NUuuuuuuuuuuuuuuuuusssssssssssssssssss

desacredito que você tenha desunido o casal no momento que poderia ser o mais feliz da vida deles

jsiaisauhsauhsa

xD

arghlemonster disse...

GENIAL !!! Tô passaaaando maaaal aaaaquiiii !!!

Noé Sobrinho disse...

(risos)
Pôxa, ainda há de existir resposta melhor pro abismo conjugal.

Parabéns!

Anônimo disse...

Cadê o texto de SABADO?
A nemmmm!
Vai tomá no cu!
Vai se foder!
Quem é o responsável por essa birosca?
Vai tomá no cuuuuuuu!

Bruno Carvalho disse...

Ahahahahhahah, o inconfundível Ciro e suas histórias! Devera muito bom!! A semana do Abismo agradece!
Muito bom mesmo cara! Morri de rir aqui!

Parabéns!

Abraços!

Felipe Carvalho disse...

Hahahahahahahahahahaha Tá vendo só como as cobranças femininas às vezes são mais infinitas que um abismo aparentemente sem fim?

Ciro, esse texto é (mais uma) prova de que não há limite para você meeeesmo!

Você está em sua melhor forma! hehehe