Por Bruno Carvalho
O homem acordou com uma das piores visões do mundo: Ele mesmo dormindo e roncando. O homem não estava acreditando naquilo, tanto que por mais que gritasse, o sujeito que dormia, que era ele mesmo, não ouvia. Nesse ínterim a campainha havia tocado. Na certa era a vizinha chata para averiguar o que seriam aqueles gritos. Contra a sua vontade o homem foi atender, e para seu espanto o visitante inesperado não era a vizinha, e sim Ele mesmo reclamando da vida.
Como isso pode estar acontecendo? – pensava ele. Foi então que o homem decidiu procurar ajuda, ignorando completamente o fato de que o relógio marcava quatro horas da madrugada. Entrou em um barzinho que sempre freqüentava, e lá estavam muitos outros Eles bebendo em demasia e dando vexame. Outros Eles serviam bebida com extrema má-vontade, e outros ainda reclamavam exageradamente do serviço e da conta.
Uma sensação estranha tomava conta do homem. Algo como um pesadelo em que ele não poderia acordar. Quanto mais o homem tentava fugir daquilo tudo, mais apareciam outros, que na verdade eram vários “ele”. “Me ajude, por favor!” – dizia ele mesmo, vestido de mendigo e implorando por um trocado. Ao mesmo tempo ele mesmo maltratava o mendigo, dizendo desaforos que não se diz nem mesmo ao diabo.
Um minuto parecia uma eternidade. Por todos os lados só existia... Ele. E no auge do desespero, o homem passou a gritar e a correr. Queria ajuda, seja ela qual fosse. Os “outros ele” continuavam a se manifestar, pedindo por silêncio. Estavam ocupados demais para ouvir gritos histéricos e sem lógica. Ele tentava argumentar que já não agüentava mais aquilo, que preferia mil vezes a morte, mas era tudo em vão... Eles não ouviam...
“Não vá chorar agora, hã?” – Dizia ele em um tom bastante irônico e ainda, muito bem alinhado.
“Por quê? Por quê?” – Perguntava o homem aos céus, pedindo por misericórdia.
Foi então que procurou uma faca e tentou se matar. Mas a morte era ele mesmo segurando a foice, e por mais que se esfaqueasse, ele mesmo, vestido de médico salvava a sua vida. Se morresse encontraria o demônio com o seu rosto. Na melhor das hipóteses, ele mesmo vestido de anjo.
Já não havia o que mais pensar e o que fazer. Todos os seus atos refletiam em sua pessoa. O mundo passou a ser ele mesmo fazendo o que ele sempre fazia. Seus maiores defeitos estavam ali, ao seu redor, e ainda personificados.
Só depois de muito tempo, mas muito tempo mesmo, que o homem percebeu a verdade, e o quanto o mundo ganhara por ter perdido alguém como ele. Pois o homem teve tempo de analisar os outros que estavam ao seu redor. Tudo estava muito claro, mas ele não enxergava. Não enxergava que aquilo não era loucura, e sim o que ele via realmente: Ele mesmo, um ser completamente egoísta, mesquinho e sem compaixão.A partir daí, aos poucos, o mundo, que até então era só dele, passou a dar espaço para outros. E o homem aprendeu que o significado dessa loucura toda é, muitas vezes, o contrário do que geralmente todo mundo almeja...
O homem acordou com uma das piores visões do mundo: Ele mesmo dormindo e roncando. O homem não estava acreditando naquilo, tanto que por mais que gritasse, o sujeito que dormia, que era ele mesmo, não ouvia. Nesse ínterim a campainha havia tocado. Na certa era a vizinha chata para averiguar o que seriam aqueles gritos. Contra a sua vontade o homem foi atender, e para seu espanto o visitante inesperado não era a vizinha, e sim Ele mesmo reclamando da vida.
Como isso pode estar acontecendo? – pensava ele. Foi então que o homem decidiu procurar ajuda, ignorando completamente o fato de que o relógio marcava quatro horas da madrugada. Entrou em um barzinho que sempre freqüentava, e lá estavam muitos outros Eles bebendo em demasia e dando vexame. Outros Eles serviam bebida com extrema má-vontade, e outros ainda reclamavam exageradamente do serviço e da conta.
Uma sensação estranha tomava conta do homem. Algo como um pesadelo em que ele não poderia acordar. Quanto mais o homem tentava fugir daquilo tudo, mais apareciam outros, que na verdade eram vários “ele”. “Me ajude, por favor!” – dizia ele mesmo, vestido de mendigo e implorando por um trocado. Ao mesmo tempo ele mesmo maltratava o mendigo, dizendo desaforos que não se diz nem mesmo ao diabo.
Um minuto parecia uma eternidade. Por todos os lados só existia... Ele. E no auge do desespero, o homem passou a gritar e a correr. Queria ajuda, seja ela qual fosse. Os “outros ele” continuavam a se manifestar, pedindo por silêncio. Estavam ocupados demais para ouvir gritos histéricos e sem lógica. Ele tentava argumentar que já não agüentava mais aquilo, que preferia mil vezes a morte, mas era tudo em vão... Eles não ouviam...
“Não vá chorar agora, hã?” – Dizia ele em um tom bastante irônico e ainda, muito bem alinhado.
“Por quê? Por quê?” – Perguntava o homem aos céus, pedindo por misericórdia.
Foi então que procurou uma faca e tentou se matar. Mas a morte era ele mesmo segurando a foice, e por mais que se esfaqueasse, ele mesmo, vestido de médico salvava a sua vida. Se morresse encontraria o demônio com o seu rosto. Na melhor das hipóteses, ele mesmo vestido de anjo.
Já não havia o que mais pensar e o que fazer. Todos os seus atos refletiam em sua pessoa. O mundo passou a ser ele mesmo fazendo o que ele sempre fazia. Seus maiores defeitos estavam ali, ao seu redor, e ainda personificados.
Só depois de muito tempo, mas muito tempo mesmo, que o homem percebeu a verdade, e o quanto o mundo ganhara por ter perdido alguém como ele. Pois o homem teve tempo de analisar os outros que estavam ao seu redor. Tudo estava muito claro, mas ele não enxergava. Não enxergava que aquilo não era loucura, e sim o que ele via realmente: Ele mesmo, um ser completamente egoísta, mesquinho e sem compaixão.A partir daí, aos poucos, o mundo, que até então era só dele, passou a dar espaço para outros. E o homem aprendeu que o significado dessa loucura toda é, muitas vezes, o contrário do que geralmente todo mundo almeja...
7 comentários:
Esse ai é o "Eu, eu, eu. Meu meu meu!"
Conheço o naipe!
Bruno, esse texto ficou perfeito! Desde o título até à última frase! De fato, tudo não passa de espelhos pra nós, embora nem sempre tenhamos a oportunidade - ou o interesse - de perceber isso.
Parabéns!!!
Bjus!!!
Bem legal, Brunão! Me lembrei daquele filme "Quero ser John Malkovich". No entanto, no seu caso, a coisa foi bem mais FUNDA e PROFUNDA. Um texto bem Brunístico. Isso mesmo, cara! Vc já tem seu estilo próprio, e eis a graça da coisa toda! Minhas congratulações!
Ainda estou pensando nessa última frase do seu texto...
Abraaaaaaço!!!
Interessante!
Isso de revela o "pseudo eu mesmo".
cada vez mais o mundo é individualista.
Muito bom o texto.
Formidável, primo!!
Como nunca pensei em algo assim antes? hehehe
Idéia muito boa e muito bem trabalhada também!
Acho que detestaria um mundo de 'Eus' meus!
Mas, infelizmente, a tendência é querermos tornar as pessoas cada vez mais "parecidas" conosco e, se não forem, não nos servem!
Show de bola!!!
Abraço!
Uau, como diz no nome é um texto para se refletir, o mundo não é de um mas de todos, não adianta fazer nada que isso não será mudado.
Belíssimo texto Bruno
cara muito louco curti demais bem legal ja pensou varios brunoes ei nao sei o que é nao mas to nessa ai hehehehe.
mas foi fantastico mesmo e como o ciro disse bem brunistico cara valeu e meus parabens
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