sexta-feira, 4 de abril de 2008

Apenas mais uma história de vampiros brasileiros – Parte I de IV

Mordido por Ciro M. Costa
Narrado por Andrebito Carlos



Até hoje muitos me perguntam por que fui procurar o Sr. Manecão primeiro, depois da merda toda. E até hoje respondo que, se fosse com qualquer um, garanto que o procurariam também. Sei lá, não há lugares nessa cidade para se pedir ajuda para alguns tipos de coisa. Principalmente quando a coisa é sobrenatural.
Era terça-feira. O lugar não era muito agradável. Pessoalmente, a primeira pessoa que vi entrar naquele recinto fui eu mesmo, desde que passeava por ali na rua mais movimentada de Uberaba. O lugar vendia estatuetas de santos, quadros... e diversos tipos de incenso. Era escuro, estranho, com aquelas estátuas espalhadas por todos os lados... e tinha um cheiro horrível. Céus, que cheiro cabuloso!!
- Então, você trabalha em uma fábrica de máquinas de lavar? – perguntou-me o Sr. Manecão, fumando um cigarro de palha e me encarando de um jeito estranho.
- Na verdade, trata-se de uma fábrica junto com uma lavanderia. – eu disse. – Trata-se de uma tática para fazer propaganda das máquinas. Eu acho.
- E hoje estava tudo normal por lá?
- Sim. Como lhe disse assim que cheguei aqui, o problema só ocorre às segundas-feiras.
- É isso que eu não entendo! Por que funcionários de uma fábrica de máquinas de lavar se transformariam em vampiros somente às segundas-feiras??
- Sei lá! Vai ver porque é segunda-feira, daí todos ficam com preguiça de trabalhar e viram vampiros.
- Isso é sério, caboquim!
- ‘Sério’? Agora a coisa é séria? Quando entrei aqui lhe pedindo ajuda, suas risadas não eram tão ‘sérias’ assim!
- Mas você queria o quê? Você entra em meu estabelecimento, pedindo ajuda para dar cabo de um bando de gente que só se transforma em vampiro às segundas-feiras! Isso lá é história pra se levar a sério?
- Então, melhor eu ir embora...
- Não, não... espere! Talvez eu possa lhe ajudar, caboquim. Talvez... embora ainda não entenda porque você não procurou um padre antes de mim.
- Padres seriam minha segunda opção, caso o senhor não me ajudasse.
Sabem, eu conhecia a história do Sr. Manecão. Desde muito jovem, as pessoas diziam que ele era meio maluco. ‘Maluco’ no sentido de sair ‘arrebentando’ as coisas. Já havia sido casado 7 vezes e todas as suas ex-mulheres alegaram que ele não estava nem aí pra coisa nenhuma. Suas histórias eram muito famosas em Uberaba. Quando havia confusão no centro da cidade ou se ouvia uma bomba explodindo, logo diziam: “Olha o Manecão aprontando de novo!”.
E sua ‘loucura’ era bem visível, graças à sua aparência: estava velho, mal vestido, cabelão despenteado, cigarrão de palha na boca, um copo de pinga na mão e um boné encardido da ‘Transportadora Tibúrcio’ mal-colocado na cabeça.
- Me fale mais sobre esses vampiros, Andrebito. - disse ele (a propósito, ‘Andrebito’ é meu nome). – Como eles se transformam, por quê e como você lida com eles?
- Bem – eu disse - não sei como a coisa ocorre inicialmente. Sei que tem sempre alguém que se transforma primeiro, então essa pessoa sai mordendo os outros, que também vão mordendo outras pessoas... e quando chega no final do expediente, todo mundo já está transformado.
- Menos você?
- Pois é. Eu sou sempre o último. Vai ver não gostam de mim. Ou talvez eu já tenha me acostumado e então tomo o máximo de cuidado para não ser mordido.
- E então? O que você faz? Enfrenta todos eles?
- Às vezes sim. De vez em quando, preciso dar uma de ‘Bruce Willis’ ali dentro e dar umas pancadas em vários pra poder sair vivo, embora você não vá acreditar nisso.
- Hummm... não mesmo!!!
- O caso, é que eu sempre tenho que procurar o ‘vampiro principal’.
- O que seria esse ‘vampiro principal’?
- É o primeiro vampiro que surgiu no dia e que deu a primeira mordida. Descobri que, se ele for morto, os outros voltam ao normal. E, posteriormente, se esquecem de tudo.
- Espere aí! Está me dizendo que todas as segundas-feiras você mata uma pessoa?
- Pessoa não! Vampiro. Não encontrei outra forma de combater essa praga.
- Mas quem disse que você tem que combater alguma coisa? Por que ainda não saiu desse emprego perigosíssimo?
- E perder meu Fundo de Garantia e Seguro-Desemprego? Nem pensar, cara!
- Céus... que coisa mais maluca, meu jovem. E está mal explicada. Como você sempre sabe quem é o vampiro principal?
- Isso é fácil No final do dia, quando todos já são vampiros e querem me pegar, o vampiro que ficar dando ordens e gritando frases-clichê como “peguem ele”, “não o deixem escapar vivo” e “nós vamos conquistar o mundo” é, com certeza, o vampiro principal.
- Entendi. Bom, Andrebito, creio que já fiz muita loucura nessa vida, mas nada se compara a isso. Não sei ainda porque me procurou primeiro, mas estou disposto a lhe ajudar.
- Que bom ouvir isso, Sr. Manecão. O que devemos fazer então?
- Não faço a mínima idéia.

4 comentários:

Carlos Filho disse...

Cara, na boa... É continuação isso ai? De que? De textos do anos passado?? hahahahahahahahahaha

Minha cabeça ta uma bosta. mesmo não lembrando o texto é massa demais, o desenhão então nem se fala! hahahahahahahahaha

Bruno Carvalho disse...

Ahahahahahah! Sr. Manecão! Muito massa! A narrativa e a história estão fantásticas!
Uma história que a gente não quer parar de ler!
Só achei que faltou um finalzinho melhor...

Abraços!

Sessyllya ayllysseS disse...

Ah, neeeeeeeem!!! Textos em série de novo?! Assim todo mundo vai ficar viciado no Boneco Verde!

Cara, até agora tá super original e, como disse o Bruno, dá vontade de não parar de ler até encontrar o final. Muito bom mesmo!!!

Parabéns!
Bjos!!!

Pietro disse...

uhauhaauhhau

boa

vamos ver!!!