Agudos e graves de Ciro M. Costa
Olá, leitores vivos. Eu sou Clarilda, aquela adolescente que morreu anos atrás de frente a uma tela de computador, e agora está presa aqui na internet. Sem ter o que fazer, eu conto histórias. Histórias essas que vocês jamais irão esquecer...
Hoje vou contar a história de Daiano Pernambuquino. Desde sua juventude, ele gostava muito de ouvir uma banda de rock chamada Artista Desconhecido. Na época, tal banda fez sucesso com as músicas Faixa 1 e Faixa 6, que não paravam de tocar nas rádios. Só com essas duas, a banda ficou ultra-milionária.
Daiano por sua vez, estava revoltado. Após alguns anos, o vocalista dessa banda, Michael Chips, estava saindo e ia se dedicar a cantar músicas românticas.
- Mas que bela merda!? Um cara com uma voz maravilhosa e vai desperdiçar desse jeito? O que vai ser da Artista Desconhecido???
No mundo todo, assim como Daiano, vários fãs ficaram decepcionados com tal notícia. Mas fazer o quê? Michael Chips já estava decidido, e nada o faria mudar de idéia, mesmo porque já estava muito rico.
“Gostaria de ter a voz de Michael Chips e voltar no passado para escrever eu mesmo Faixa 1 e Faixa 6, e assim me tornar rico e não fazer essa burrada!”, pensou Daiano. E então ele percebeu que essa seria uma ótima idéia... mas como fazer isso? Afinal de contas, não é qualquer um que é capaz de roubar uma voz e ainda por cima viajar no tempo. Ou é?
Mas vocês não podem se esquecer que eu sou Clarilda, e histórias impossíveis são minha especialidade. Após desejar muito aquilo e fazer várias consultas no Google sem sucesso, Daiano pensou em desistir. “Não tem jeito! Se nem o Google achou essa informação, é porque é impossível mesmo!”.
Entretanto, ao entrar no banheiro para fazer uma de suas necessidade, Daiano escutou uma voz:
- Ei, psiu, Daiano!
- Hein? Quem está aí?
- Aqui. Olá! Sou eu, o Azulejo Mágico.
- Oi? Ah não! Força a barra não, benzim...
- O quê?
- Que mané Azulejo Mágico o cacete! Pára com isso, gente!
- Mas é verdade! Eu estou aqui, perto do chuveiro.
- Gente do céu! Quem foi que inventou isso?
- Escute, Daiano, não tenho tempo pra isso. Eu sei dos seus desejos, e posso realizá-los.
- Além de tudo é sabido também?
- Caramba, você é chatinho, hein? Quer ser ajudado ou não?
- Acho que estou precisando é de ajuda psiquiátrica e...
De repente, num passe de mágica, Daiano estava dentro de um quarto. À sua frente, estava Michael Chips, tirando uma soneca.
“Céus! Como vim parar aqui? Será que aquele azulejo era mágico mesmo?”.
Então Michael Chips acordou assustado e, quando abriu a boca para pedir socorro, algo estranho aconteceu: uma luz azul saiu de sua boca e foi parar direto na boca de Daiano.
- H-hein? O que é isso? – perguntou Michael Chips, assustado. – Ei!? O que houve com minha voz??
- E-eu não sei! – disse Daiano. – Mas parece que... que... eu estou com sua voz!!!
- Não! Devolva-me, garoto! Devolva minha voz!!!!
Então, antes que Michael Chips agarrasse Daiano, este último estava de volta ao banheiro de sua casa.
- E aí? Gostou do meu truque, rapazinho? – perguntou o Azulejo Mágico, em tom orgulhoso.
- Ei, você deve ser bastante poderoso! Acho que é o azulejo mais poderoso que já vi na vida!
- E você ainda não viu nada! Que tal uma viagem no tempo agora, hã?
- Claro! Espere um pouco, pois vou escrever as cifras de Faixa 1 e Faixa 6 em um papel para poder regravá-las no passado como sendo de minha autoria! Ficarei rico! Viva!!!
- Mas antes preciso lhe avisar que, uma vez no passado, você não poderá mais voltar pra cá.
- Não tem problema! Se tudo der certo, serei muito rico, e nem vou mais precisar do tempo presente! Hahahahaha!!!
Então, depois de tudo pronto, o Azulejo Mágico pronunciou algumas palavras mágicas e... PUFT!! Daiano estava presente em alguns anos no passado (‘presente no passado’, entenderam? Hã?). Segundo seus cálculos, na época em que se encontrava agora, a banda Artista Desconhecido ainda nem havia sido formada. O que lhe dava tempo de impedir que Michael Chips conhecesse os outros integrantes e ele, Daiano Pernambuquino, entrasse em seu lugar, com sua bela voz e as músicas Faixa 1 e Faixa 6.
“Mas para isso eu preciso... eu preciso matar Michael Chips! Gente, matar é uma coisa muito feia! É errado! Eu... eu... bom, fazer o quê, né? Um a menos no passado não vai fazer falta no futuro.”. Estão vendo como são as pessoas? Quanto se trata de dinheiro, algumas não pensam duas vezes em matar. Ainda bem que já estou morta.
Sem a ajuda do Google (pois naquela época ainda não existia a internet) Daiano teve mais dificuldade em achar o lugar onde Michael Chips morava. Este, por sua vez, ainda era um adolescente rebeldezinho de sua época. Após alguns dias de observação, Daiano decorou toda a rotina de Michael. Sabia que terça à noite seria uma ótima oportunidade, pois o futuro cantor gostava de se drogar e cantar sozinho no quartinho dos fundos.
Daiano providenciou um revólver. “Agora vai!”, ele pensou, “Rumo ao sucesso!”.
Então, durante a noite, Daiano ficou na espreita. Aguardou até que Michael Chips pegasse suas droguinhas e fosse para o quarto dos fundos. Daiano não teve dificuldades em invadir a casa (pois a cerca era bem baixa), então ele se aproximou da janela. Lá dentro, Michael Chips, com uma voz horrível, cantarolava uma estranha canção, enquanto cheirava um pó lascado. E não era pó de poeira não, viu gente?
Daiano, por sua vez, estava muito nervoso. Jamais havia matado alguém em toda a sua vida, exceto por umas formigas lava-pé e algumas baratas. “Eu vou conseguir! Eu preciso disso!”, ele pensou (Daiano gostava muito de pensar). “É agora... ou nunca!!!”
Então Daiano pulou a janela e... tropeçou desastradamente, dando um tiro em si mesmo.
Daiano morreu.
Assustado, Michael Chips se aproximou de Daiano, sem entender nada. De repente, uma luz azul saiu da boca de Daiano, indo parar na boca de Michael Chips.
- Ei, o quê... O que foi isso? Minha voz... ela está... está diferente!?
Michael se aproximou do corpo de Daiano e pegou um papel.
- Hum... o que é isso? Parecem cifras. “Faixa 1” e “Faixa 6”... ei, parecem ser boas músicas.
No dia seguinte, Daiano foi enterrado como indigente.
Meses depois, Michael Chips e a Artista Desconhecido gravaram Faixa 1 e Faixa 6. Na época, tal banda fez sucesso com essas músicas, que não paravam de tocar nas rádios. Só com elas, a banda ficou ultra-milionária.
Pois é, meus amigos e amigas. Tanto trabalho para acabar morrendo no final. Talvez fosse esse o destino? Talvez fosse por isso que o Azulejo Mágico disse que Daiano não voltaria ao presente? Eu não sei. Só sei que sou Clarilda, e não se esqueçam: borboletas bruxas podem te cegar.
Olá, leitores vivos. Eu sou Clarilda, aquela adolescente que morreu anos atrás de frente a uma tela de computador, e agora está presa aqui na internet. Sem ter o que fazer, eu conto histórias. Histórias essas que vocês jamais irão esquecer...
Hoje vou contar a história de Daiano Pernambuquino. Desde sua juventude, ele gostava muito de ouvir uma banda de rock chamada Artista Desconhecido. Na época, tal banda fez sucesso com as músicas Faixa 1 e Faixa 6, que não paravam de tocar nas rádios. Só com essas duas, a banda ficou ultra-milionária.
Daiano por sua vez, estava revoltado. Após alguns anos, o vocalista dessa banda, Michael Chips, estava saindo e ia se dedicar a cantar músicas românticas.
- Mas que bela merda!? Um cara com uma voz maravilhosa e vai desperdiçar desse jeito? O que vai ser da Artista Desconhecido???
No mundo todo, assim como Daiano, vários fãs ficaram decepcionados com tal notícia. Mas fazer o quê? Michael Chips já estava decidido, e nada o faria mudar de idéia, mesmo porque já estava muito rico.
“Gostaria de ter a voz de Michael Chips e voltar no passado para escrever eu mesmo Faixa 1 e Faixa 6, e assim me tornar rico e não fazer essa burrada!”, pensou Daiano. E então ele percebeu que essa seria uma ótima idéia... mas como fazer isso? Afinal de contas, não é qualquer um que é capaz de roubar uma voz e ainda por cima viajar no tempo. Ou é?
Mas vocês não podem se esquecer que eu sou Clarilda, e histórias impossíveis são minha especialidade. Após desejar muito aquilo e fazer várias consultas no Google sem sucesso, Daiano pensou em desistir. “Não tem jeito! Se nem o Google achou essa informação, é porque é impossível mesmo!”.
Entretanto, ao entrar no banheiro para fazer uma de suas necessidade, Daiano escutou uma voz:
- Ei, psiu, Daiano!
- Hein? Quem está aí?
- Aqui. Olá! Sou eu, o Azulejo Mágico.
- Oi? Ah não! Força a barra não, benzim...
- O quê?
- Que mané Azulejo Mágico o cacete! Pára com isso, gente!
- Mas é verdade! Eu estou aqui, perto do chuveiro.
- Gente do céu! Quem foi que inventou isso?
- Escute, Daiano, não tenho tempo pra isso. Eu sei dos seus desejos, e posso realizá-los.
- Além de tudo é sabido também?
- Caramba, você é chatinho, hein? Quer ser ajudado ou não?
- Acho que estou precisando é de ajuda psiquiátrica e...
De repente, num passe de mágica, Daiano estava dentro de um quarto. À sua frente, estava Michael Chips, tirando uma soneca.
“Céus! Como vim parar aqui? Será que aquele azulejo era mágico mesmo?”.
Então Michael Chips acordou assustado e, quando abriu a boca para pedir socorro, algo estranho aconteceu: uma luz azul saiu de sua boca e foi parar direto na boca de Daiano.
- H-hein? O que é isso? – perguntou Michael Chips, assustado. – Ei!? O que houve com minha voz??
- E-eu não sei! – disse Daiano. – Mas parece que... que... eu estou com sua voz!!!
- Não! Devolva-me, garoto! Devolva minha voz!!!!
Então, antes que Michael Chips agarrasse Daiano, este último estava de volta ao banheiro de sua casa.
- E aí? Gostou do meu truque, rapazinho? – perguntou o Azulejo Mágico, em tom orgulhoso.
- Ei, você deve ser bastante poderoso! Acho que é o azulejo mais poderoso que já vi na vida!
- E você ainda não viu nada! Que tal uma viagem no tempo agora, hã?
- Claro! Espere um pouco, pois vou escrever as cifras de Faixa 1 e Faixa 6 em um papel para poder regravá-las no passado como sendo de minha autoria! Ficarei rico! Viva!!!
- Mas antes preciso lhe avisar que, uma vez no passado, você não poderá mais voltar pra cá.
- Não tem problema! Se tudo der certo, serei muito rico, e nem vou mais precisar do tempo presente! Hahahahaha!!!
Então, depois de tudo pronto, o Azulejo Mágico pronunciou algumas palavras mágicas e... PUFT!! Daiano estava presente em alguns anos no passado (‘presente no passado’, entenderam? Hã?). Segundo seus cálculos, na época em que se encontrava agora, a banda Artista Desconhecido ainda nem havia sido formada. O que lhe dava tempo de impedir que Michael Chips conhecesse os outros integrantes e ele, Daiano Pernambuquino, entrasse em seu lugar, com sua bela voz e as músicas Faixa 1 e Faixa 6.
“Mas para isso eu preciso... eu preciso matar Michael Chips! Gente, matar é uma coisa muito feia! É errado! Eu... eu... bom, fazer o quê, né? Um a menos no passado não vai fazer falta no futuro.”. Estão vendo como são as pessoas? Quanto se trata de dinheiro, algumas não pensam duas vezes em matar. Ainda bem que já estou morta.
Sem a ajuda do Google (pois naquela época ainda não existia a internet) Daiano teve mais dificuldade em achar o lugar onde Michael Chips morava. Este, por sua vez, ainda era um adolescente rebeldezinho de sua época. Após alguns dias de observação, Daiano decorou toda a rotina de Michael. Sabia que terça à noite seria uma ótima oportunidade, pois o futuro cantor gostava de se drogar e cantar sozinho no quartinho dos fundos.
Daiano providenciou um revólver. “Agora vai!”, ele pensou, “Rumo ao sucesso!”.
Então, durante a noite, Daiano ficou na espreita. Aguardou até que Michael Chips pegasse suas droguinhas e fosse para o quarto dos fundos. Daiano não teve dificuldades em invadir a casa (pois a cerca era bem baixa), então ele se aproximou da janela. Lá dentro, Michael Chips, com uma voz horrível, cantarolava uma estranha canção, enquanto cheirava um pó lascado. E não era pó de poeira não, viu gente?
Daiano, por sua vez, estava muito nervoso. Jamais havia matado alguém em toda a sua vida, exceto por umas formigas lava-pé e algumas baratas. “Eu vou conseguir! Eu preciso disso!”, ele pensou (Daiano gostava muito de pensar). “É agora... ou nunca!!!”
Então Daiano pulou a janela e... tropeçou desastradamente, dando um tiro em si mesmo.
Daiano morreu.
Assustado, Michael Chips se aproximou de Daiano, sem entender nada. De repente, uma luz azul saiu da boca de Daiano, indo parar na boca de Michael Chips.
- Ei, o quê... O que foi isso? Minha voz... ela está... está diferente!?
Michael se aproximou do corpo de Daiano e pegou um papel.
- Hum... o que é isso? Parecem cifras. “Faixa 1” e “Faixa 6”... ei, parecem ser boas músicas.
No dia seguinte, Daiano foi enterrado como indigente.
Meses depois, Michael Chips e a Artista Desconhecido gravaram Faixa 1 e Faixa 6. Na época, tal banda fez sucesso com essas músicas, que não paravam de tocar nas rádios. Só com elas, a banda ficou ultra-milionária.
Pois é, meus amigos e amigas. Tanto trabalho para acabar morrendo no final. Talvez fosse esse o destino? Talvez fosse por isso que o Azulejo Mágico disse que Daiano não voltaria ao presente? Eu não sei. Só sei que sou Clarilda, e não se esqueçam: borboletas bruxas podem te cegar.
3 comentários:
NOSSA!!! Que história maluca, Ciro! Mas ao mesmo tempo muito boa história, meus parabéns. Como diz o poeta romano Plauto, "factum fieri infectum non potest", isto é, "não é possível fazer que o passado não tenha acontecido".
Ahahhahahhahah! Excelente! "Artista desconhecido"! Cara, vc se superou! E as musicas... ahahahahahah! Sem falar que q história é envolvente do início ao fim! A melhor história de Clarilda até hoje! o Final também foi surpreendente!
Totalmente excelente! Parabéns!
Grande abraço!
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