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Os nenês e/ou bebês são a essência do ser humano. Eles cativam as pessoas com suas peripécias. Com a sua inocência que lhe é peculiar, um “nenê” pode modificar o modo de um ser humano adulto ver o mundo. Pesquisas revelam que as mulheres são as mais sensíveis a este fato, pois as mesmas tem o dom da maternidade como agravante. Até mesmo o estimado leitor, acostumado a tragédias rotineiras, pôde constatar, talvez, um pequeno sorriso em seus próprios lábios, ao ler esta palavra como título deste respectivo texto.
Max McNaughton, filho de Irlandês, muito rico e apreciador da grande verdade, sempre concordou com os ditos acima. No entanto, estranhou ao saber do filho de sua sobrinha, um nenê de colo, oito meses de idade, e já falava. Logo ao saber da sinistra notícia, pôs se a pesquisar em livros sobre tal anormalidade. Dias depois, munido de uma imensa carga de conhecimentos, inventou uma suposta visita. Era preciso ver aquilo com os próprios olhos.
Desenho de Max McNaughton , 1986
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Oito horas da noite. Ao mesmo tempo em que olhava no relógio, o estudioso Sr. McNaughton sentia seu coração palpitar mais forte. Ele estava em frente a casa da Mãe, que também era sua sobrinha. Tocou a campainha, e aguardou por suados e longos dois minutos até que a menina lhe atendesse.
- Tio! Quanto tempo não lhe vejo! Vamos entrando!
- O nenê me disse que adora esse brinquedo aí, tio! Esse é o preferido dele!
Só de pensar naquela situação, ou seja, um nenê de oito meses falando sobre a preferência de um brinquedo, Max imediatamente sentiu um “frio na espinha”. Tal fato era deveras singular.
Para quebrar o gelo, Max disse:
- Mas, onde está o garoto? Estou ansioso para vê-lo!
- Vou buscá-lo, então!
Rapidamente a mulher voltou do quarto segurando o bebê. Ele ainda dormia.
- Sente-se, tio! – Max obedeceu.
Segure o bebê, enquanto eu faço um café para você! – Disse a mulher. Max simplesmente não conseguiu dizer nada. Apenas teve o instinto de segurar o nenê, que agora dormia tranquilamente em seu colo.
Agora sua sobrinha estava na cozinha. McNaughton estava com um nenê em seus braços dormindo. Ao ver aquela pequena criatura em seus braços, suscitou-lhe a idéia de que o nenê poderia acordar... “Meu Deus... estou aqui sozinho!”.

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Como que adivinhasse seus pensamentos, o nenê abriu os olhos. Dois olhares se cruzaram: O olhar inocente do nenê, o olhar apavorado de Max.
- Olá tio! – disse o nenê.
Com muito medo, Max se limitou a colocar o nenê no chão. Observou-o com bastante atenção. Olhou para todo o ambiente verificando se não havia aparelhos eletrônicos ou outros componentes que provariam a suposta farsa.
- Obrigado por vir me visitar! – disse o nenezinho.
“Nenhum sinal de hologramas ou afins” Constatou o estudioso.
- Tio, tudo bem com o senhor? – falou o baby.
Max pegou o nenê novamente. Verificou atenciosamente se não havia nenhum daqueles fios que muitos artistas usam em seus bonecos. Logo também percebeu que não havia nenhum ventríloquo no local.
O estudioso estava aflito por aquilo ser verdade, já que em seus livros, aquele fato não seria possível. Tanto que, por desespero, apalpou todo o corpinho do nenê, a fim de verificar se aquilo tudo não seria uma estrutura robótica.
Neste mesmo instante, sua sobrinha retornava da cozinha:
- O café está pronto, tio! Que legal, o senhor está fazendo massagem no nenezinho!
Que bom que Deus dera uma de irmão ao nosso intrigado personagem. A garota, em sua inocência, ainda acreditava nos sentimentos de McNaughton. Para disfarçar, Max acomodou-se no sofá novamente e pôs-se a fingir naturalidade, perguntando sobre a vida da sobrinha.
A menina conversava sobre sua rotina:
- O pai desse menino é um traste! Não trabalha direito para sustentar o nenê...
“Meu Deus, o menino é de verdade!” – pensava Max.
- E a sogra então, tio! Nem te falo! É uma bruaca!
“Oito meses e... fala!”
- Prostituta que partiu com aquela veia!
“Jesus Sacramentado, um nenê... falante... Eu estava errado!”
- Tio... o senhor está me ouvindo?
Era preciso demonstrar naturalidade. Um cavalheiro como Max McNaughton, um homem da ciência e do raciocínio lógico não poderia transparecer espanto a tal situação. Max ajeitou o casaco, se levantou, e quando ia se despedir, olhou novamente para o nenê, que lhe deu um sorriso e disse: - Assim que começar a andar tio, eu e mamãe lhe faremos uma visita!
Max não aguentou. O medo tomou conta de todo seu corpo. Tanto que saiu correndo!
- Moleque dos infernos! Sai de perto de mim! Socorro!!!!!!
Max McNaughton, filho de Irlandês, estudioso das artes e das ciências, não agüentou o baque. Nenê... símbolo da inocência e paz, a essência do ser humano. Desfalece qualquer maldade ante peripécias e brincadeiras. Para Max, esses conceitos ainda são concretos, exceto pelo bebê de sua sobrinha.
Em suas anotações, o grande conhecedor da verdade lamenta sua primeira anotação de um caso legítimo, e ainda a cena de “comédia pastelão” após toda a constatação da verdade. McNaughton saiu correndo, isso é verdade. Em seu diário, por fim, escreveu:
- Saí correndo... Mas quem não sairia?
7 comentários:
hahahahahahahaha, Vaaaaaapooooo!
Eu também sairia!
Parece inevitável fazer o mesmo comentário do Flávio...
"Vaaaaaapooooo!
Eu também sairia!"... hahahahahaha
Hahahahahahahhaha!!!! Filhão, como sempre, não sei se rio do texto, ou dos desenhos, hahahahahhaha!!! Que bebezinho mais feio, hein?
Vejo aí um estilo diferente de escrita, Brunão. Você conseguiu prender nossa atenção no texto (mais do que já prendia). Esse é um daqueles que TEM que ir para o livro! Arrisco a dizer que é um dos melhores que você postou no blog esse ano! Se não for O melhor.
Novamente, tenho até vergonha de postar um texto amanhã!
Hahahahhahaha!!! Nota 1000, 1000 e 1000!!
Eita!!! Parece até um caso de aceleramento intelectual... se fosse há décadas atrás o iam falar que o nenê era filho do demo. Mas que é feio, o Ciro tem razão. Ótimo texto.
kkk Muito bom amor parabéns
otimo Texto
amo vc.
Eita porra! Vai ser papai, é lindao?
AUHAUHAUH
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