sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

O Diário de Ciro - página 219

Por Ciro M. Costa, tentando agora escrever sobre sua vida cotidiana


TÍTULO: Saindo de casa

Muitos de nós, quando criança, fica imaginando como será o futuro. O que vou ser quando crescer? Serei rico? Vou me casar? Com quem? Como será minha casa? Quando vou sair da casa de meus pais?
Hoje, com 33 anos, posso dizer com certeza que já consigo responder a todas essas perguntas (com exceção da primeira). E a resposta da última pergunta é: 03/01/2011.
Depois de muito trabalho, dinheiro e papelada, finalmente conseguimos a nossa tão sonhada casa própria. E bote DINHEIRO nisso. Se você está pensando em comprar sua casa própria pela Caixa e acha que a coisa é fácil e barata como eles prometem, pense duas vezes. O dinheiro que eles "dão" do subsídio é uma mera ilusão. Mas isso é outra história...
Há tempos estava "ensaiando" para sair de casa, mas foi em dezembro (quando peguei as chaves) que comecei a me preparar de verdade. A primeira coisa que se pensa é: terei dinheiro suficiente para me sustentar? Penso eu que se fôssemos pensar sempre nisso antes de fazer as coisas, então não faremos mais nada nessa vida! Principalmente casar! Heheheheh!!! Então, tive que descartar essa idéia do dinheiro. Era preciso mudar o quanto antes, pois a casa nova não poderia ficar sozinha. Como diria Baltazar Jocasto: "Dinheiro a gente arruma pelo caminho". E lá fui eu.
No começo não tinha muita coisa. Levei a roupa do corpo, objetos pessoais de higiene e mais os "babilaques" que já tinha: Uma televisão pequena (que ganhei do meu irmão, que era de seu falecido sogro), um aparelho de dvd, um ventilador pequeno, um criado-mudo antigo (nunca falou), um video-game (morar sozinho sem um não dá!!), uma garrafa vazia (para roubar água dos amigos), um cabideiro, um livro de Allan Kardec e um garfo verde. Felizmente, minha noiva já havia deixado uma cama e um colchão lá pra mim, então não precisaria de mais coisas (pelo menos por enquanto). O primeiro dia fora bastante tumultado, pois coincidiu de ser minha volta ao trabalho (o pior das férias é quando elas acabam!!!) e o nascimento de Pedro (filho de Bruno Carvalho, um dos fundadores do blog)... mas no final acabou dando tudo certo.
Aliás, 'final' nada. Era apenas o começo. E o começo não foi muito fácil. Não que tivesse dificuldades financeiras ou problemas maiores... o difícil foi trabalhar o psicológico. "Caramba, estou sozinho aqui. E agora?". Nas primeiras noites, tive um certo 'medinho'. Os muros da casa ainda estavam meio baixos, e você fica imaginando o que diabos são aqueles barulhos que fica ouvindo a todo momento. Pensei: "se alguém entrar aqui, sou eu quem vai ter que dar jeito!!". Ééééé... e a casa fica num bairro distante, talvez a polícia ainda nem consiga chegar lá!
Ainda na primeira semana, antes de dormir, pensei comigo várias vezes: "Pra quê estou fazendo isso? Não poderia esperar pra mudar depois do casamento? Eu estava em casa, de boa, no conforto, tinha comida e roupa lavada, tinha tv por assinatura pra ver de madrugada... tinha gente morando comigo! O que estou fazendo aqui? Só eu e Deus estamos aqui nesse fim de mundo!?". Você fica lembrando do que as pessoas te falam alguns dias antes, sobre perder o 'conforto' da casa dos pais. Jamais havia imaginado a tamanha consistência dessa palavra! E vocês só vão entender se morarem sozinhos também!
Confesso a vocês que estive por muito pouco de pegar minhas coisas e voltar pra casa na 4ª noite. Era um frio na barriga, um pensamento desesperado! Estava na cama com essas idéias, quando ouvi barulhos vindo do telhado e a luz do quarto se queimar (isso porque estava apagada).
Mas então, pensei de novo: "Voltar? Não! Isso seria descer um degrau na escada da vida! Não posso! Tantos amigos conseguiram fazer isso (alguns até foram morar sozinhos em outra cidade!), por que justamente eu não conseguiria? Além do mais, preciso me desprender desses confortos, das coisas materiais! É vital que aprenda a me virar sozinho! Eu sou Ciro!".
Trabalhei 1 dia nesse pensamento, e desde então minha vida morando sozinho tem sido um pouco mais tranquila. Uma semana foi o prazo para começar a me acostumar com a idéia. Outras pessoas levariam bem mais, principalmente aquelas que têm medo de espíritos. Essa parte eu pulei, pois tenho comigo que se um espírito começa a fazer barulho em sua casa, das duas uma: ou ele precisa de sua ajuda, ou ele está querendo apenas brincar com você. Além do mais, não sou médium de efeitos físicos, então eles não me incomodariam. Agora, se a pessoa tem medo, então vai ficar complicado, principalmente se ela se lembrar do filme Atividade Paranormal no meio da noite. Aí, meus amigos, sai de perto!! Trabalhar o psicológico é essencial quando se está sozinho em uma casa. E posso dizer a vocês, com certeza, que "sozinho em uma casa" é a melhor hora para se fazer isso. E se conhecer melhor também.
Esse foi um resumo resumido de minha primeira semana morando sozinho. Se agradar, postarei mais episódios e experiências sobre minha nova vida, até o dia do meu casamento (quem sabe no final do ano!!).
Agora... será que alguém sabe como eu tiro aquele gosto de plástico do meu filtro de água novo???

6 comentários:

Rubens Salomão disse...

O engraçado é que esse texto me fez lembrar de mim mesmo quando saí da casa de meus pais, há muito tempo atrás.
Boa sorte em sua nova vida, Ciro. Que venham mais páginas desse diário!

Vaides Junior disse...

Cirão...

Eu mesmo fico ensaiando, ensaiando, mas na hora do vamos ver acabo preferindo ficar em casa... hehehe... Toda mordomia indo para o brejo é um fator que sempre pesa.

Um bom diário esse. Escreve mais aí. Será como um BBC - Big Brother Ciro. hahahaha.

Um abraço!

Giovanni disse...

Adorei a sua página de diário, inclusive acho que vou postar uma também. Quanto ao filtro com gosto de plástico, esvazie o filtro, seque bem e encha de açúcar cristal e deixe 24h. Depois lave só com a bucha e ponha água de novo

Sessyllya ayllysseS disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Mauro disse...

Coragem: tomar as decisões mesmo sabendo de suas consequencias

Burrice: tomar as decisões e achar que nada pode dar errado

Mário do Armario disse...

"Eu sou Ciro"

Grande bosta!