quinta-feira, 26 de outubro de 2006

Amélia que era Mulher de Verdade... Nem ela mais é, será?


Amélia cansou de ser mulher de verdade. Procura agora aquela mulher mentirosa que muito lhe fazia feliz. Depois que Ataulfo saia, Amélia ia ao banheiro sem a menor vaidade. Saí de lá parecendo uma diva. Com uma maquiagem impecável um vestido vermelho todo plissado que ameaçava subir a cada rajada de vento, saía triunfante e dona de si. Sabe com quem ia se encontrar? Com Mário, isso mesmo, Mário o melhor amigo de Ataulfo.
Depois de se alimentar na rua, estômago, entranhas e alma; voltava fortificada para mais uma vez fazer o papel da Amélia, aquela que era a mulher de verdade. Claro que tinha muita energia para não ter o que comer e ainda consolar o Ataulfo, tinha se esbaldado em orgias gastronômicas e sexuais por todo o dia, ou pelo menos, quase todo ele.
Ela era lenta, seu trabalho doméstico pouco rendia, mas com os anos de labuta aprendera a fazer seu serviço render mais do que devia. Logo após o almoço era só dar conta dos pratos, talhes e copos e lá ia ela para mais uma tarde especial. Daquelas inesquecíveis. Nossa, e como tinham tardes inesquecíveis na vida da Amélia. Ela dizia:
- Eu é que sou mulher de verdade mesmo!!! Passo a manhã sendo compreensiva e à tarde a permissiva!!!
Ataulfo nem desconfiava e Mário se esbaldava. Era a recalcada mais gostosa e liberada que já havia conhecido em toda a sua vida e o melhor é que era gente conhecida, mulher do seu melhor amigo, um devoto fiel que relatava sempre, para quem quisesse ouvir, as qualidades da esposa amantíssima e devotada que Amélia sempre demonstrou ser:
- Essa não tem vaidade!!! Não gasta meu dinheiro com bobagens, e é a melhor companheira para os momentos mais delicados.
Mal sabia dos programas vespertinos, logo após o almoço, a que a respeitada senhora se propunha para satisfazer suas vaidades que o pobre infeliz recusava enxergar. Amélia chegava em casa e ria muito de não ter o que comer, pois além de ter sido devorada deliciosamente também pode provar de guloseimas sem restrições. Pobre mulher, Ataulfo pensava. Entretanto, ela mesma deleitava-se com suas memórias e ria copiosamente da situação, e enquanto seu marido pensava que tinha uma esposa compreensiva e devotada, estava frente a frente com uma cínica que se deliciava com a má sorte do marido. A sua era bem diferente!!!
É por isso que sempre digo:
- Amélia que era mulher de verdade!!!
Alguém dúvida?

10 comentários:

Ciro disse...

Que coisa mais feia! Não gostei dessa Amélia não! Isso não se faz! Hahahahahhaha!!!
Pensando bem, com um marido de nome "Ataulfo",o cara pede pra ser chifrado! Que nome, hein? Hehehehe!!
Ótima estréia, Fernanda!! Estou vendo que o negócio aqui vai dar certo!!

Abraço

Fernandha Zechinatto disse...

Ciro, o Ataulfo e o Mário Lago foram os autores da famosa música da Amélia... como não vejo vantagem nenhuma em ser essa Amélia, mesmo que seja a mulher de verdade, resolvi colocar os três num triângulo amoroso!!!! o que achou?
Essa foi a minha vingança... hehehehehehehe

Ciro disse...

Hahahahha!! Eu não tinha entendido. Então ficou melhor do q pensei!

Anônimo disse...

Fernanda, adorei seu texto. Intertextualidade com criatividade ... vindo desse grupo só podia esperar coisas legais e interessantes. Quando vocês lançarem o livro "Textos e Afins do Boneco Verde", por favor me convidem para o "cocktail".
Um abraço!!

Anônimo disse...

Mto bom msm...e quantas Amélias há por este mundão...hehehehe.

Felipe Carvalho disse...

Hahahahahahahahahaha
Que Amélia vc foi arrumar, hein Fernandha!!
Mas sabe q hoje em dia as chances dessas "novas" Amélias se multiplicarem são bem grandinhas, viu. Machismo à parte, hoje não se fazem mais mulheres como antigamente. No entanto, a gente ainda insiste em querê-las! E como!! hehehe
Parabéns pela estréia!

Anônimo disse...

Ahahahaah, deveras interessante! Uma Amélia, dupla personalidade...ou seria apenas uma personalidade enrustida?
Adorei essa parte:
"Depois de se alimentar na rua, estômago, entranhas e alma; voltava fortificada para mais uma vez fazer o papel da Amélia"
Parabéns Fernandha!

Anônimo disse...

Parabéns, Fernandha, por ter mostrado a verdade a todos: a Amélia da música nunca existiu, foi só uma forma de auto-afirmação q Ataulfo e Mário encontraram pra se refazer do chifre q levaram... (rsrsrs). Bjos!!!

Sessyllya ayllysseS disse...

Olá, Fernandha!!! Parabéns pelo ótimo texto!!!
Concordo com você e com a Sessyllya: os criadores dessa Amélia são uns despeitados. Mulher de verdade é a Pagu.
Bjos!!!

Flavio Carvalho disse...

Muito bom Fernandha,
uma estréia e tanto!