segunda-feira, 6 de novembro de 2006

Os servos do Quarto Regente

_Me passa mais uma cerva aí – disse Pedrão, alguém que parecia ser o chefe do bando.
_Aproveita que é a última Ti Pedro – disse Luciene jogando a lata de cerveja.
_Não esquenta professor, o que mais temos na noite são possibilidades.
_Pfffffff.
_A menos claro, para pessoas limitadas – Completou Plínio em resposta ao deboche de Luciene.
_Ô Plínio ó, vai cagá vai.
_O que que você acha destes dois – Disse Pedrão para Edcarlos o quarto integrante e o mais calado do grupo, e que se limitou a dar apenas uma risadinha.
Pedrão deu mais um gole em sua cerveja, um silêncio pairava entre eles, além do tédio também. Os remédios contra o tédio pareciam ter acabado naquele momento que olhando para cima Pedrão pode ver por entre as nuvens uma brilhante e amarelada lua cheia e levantando-se rapidamente lembrou-se das palavras que havia lido em um quadrinho muito tempo atrás, não tardou a dizê-las:
_Fodam-se por um bando de bastardos!!!! Vamos para o Nordeste!
_iiiiiiiiiiiiiiiiiii.....
Pedrão olhou para sua sobrinha com reprovação. Edcarlos levantou a cabeça rapidamente e Plínio disse:
_O quê!!!! Como assim seu professor!?
_Vamos começar o plano, agora mesmo.
_Que plano Ti Pedro? O senhor tá doido?!
_Não meu bem, este plano é o que todos vocês esperavam inconscientemente quando começaram a sair comigo nestas bebedeiras pela noite.
Todos esperavam a conclusão daquilo, pois era algo completamente inesperado.
_Meu caro Plínio, diga como começamos este pequeno grupo alcoólatra?
_Bem professor, eu lembro do senhor falar que ia tomar uma depois da aula no boteco, e chamou a gente, e como eu adorava suas aulas, eu fui.
_Certo, apareceram vários alunos, só que um precisava ir embora, outro não tinha grana, outros não queriam ficar mesmo, no final, sobraram você, que gosta das minhas aulas de História, minha sobrinha querida, que pelo jeito, estava só esperando eu ir embora para abrir a casa, não é meu bem?
_Ai tio, claro que não né – respondeu Luciene.
_E meu chapa aqui, digo chapa não só pelo seu tamanho, mas porque é meu camarada como vocês
Pedro passa o braço por sobre os ombros de Edcarlos
_Diga pra eles Ed, porque você se juntou ao bando.
_Bem, acho que você é uma espécie de Paul Sheldon.
_Ahá, meu garoto, fico muito feliz por pensar assim.
_Quem é Paul Sheldon? – Pergunta Plínio.
_Fala pra ele Ed, fale sobre o capitão Paul Sheldon – dizendo isso,Pedro apertou um pouco mais o braço, passou a mão sobre a cabeça de Ed o soltou, para que falasse melhor.
_Bem, Paul Sheldon era um dos líderes do Green Peace, só que devido a conturbações, pois ele era um membro radical, ele acabou saindo. Num belo dia a bordo do barco Sea Shepperd, ele e alguns tripulantes, resolveram bater com a frente do barco em um navio baleeiro, a partir daí, se tornaram piratas modernos, afundando navios baleeiros ilegais pelos sete mares.
_Caraca, sempre quis fazer isso – falou Plínio.
_Mas isso é terrorismo – Falou Luciene, enquanto Ed e Plínio olharam para ela.
_Depende unicamente do ponto de vista Luci – retrucou Pedrão – no meu, Paul é um herói legítimo.
_Tudo bem – interrompeu Plínio – mas e essa história de nordeste?
_ Bem meus caros pupilos, como já disse a vocês concordo em um ponto com Jean Jacques Russeau, e como ensinei a vocês devemos apenas concordar com os sábios, e não acatá-los, sendo que no fundo de nossa alma podemos rejeitar algo, como é o caso dos soldados, não só de hoje mas de todos os tempos, são tão escravos de suas instituições que já não sabem pensar por si mesmos, e aí que entra minha querida sobrinha aqui, só não mandei ela de volta pro imbecil do pai dela porque, além dela ser minha menina dos olhos...
_Ai tio, pára.
_Calma meu anjo, bem ela tem uma função importante dentro do grupo, para o pesadelo do Plínio, lógico, ela está sempre criticando nosso ponto de vista, ou seja, ela é uma representante da sociedade atual dentro do nosso grupo.
Plínio, demonstrou um ligeiro sorriso, como se concordasse com a afirmação.
_E em resumo, nos impedirá de cometer abusos, mas voltando a Russeau, bem ele sugere uma certa igualdade entre os homens, é claro que eles são diferentes, mas enquanto houver uma capital, com muitos recursos e edifícios esplêndidos, ficará, claro a evidência da injustiça entre os homens.
_Ok,professor, mas e o nordeste?
_O nordeste, em algumas áreas claro, representa a desigualdade dentro do nosso país, se por acaso, este problema for sanado, causaremos uma reversão praxial.
_Como é Tio? Disse Luciene quase que representando a todos e pelo que parecia todos estavam com a mesma dúvida.
_Bem, falando bem claro, se resolvermos a situação do nordeste, indiretamente resolveremos a situação do país.
_Ah, tá, resolver a situação do nordeste, hahahaha, boa, o senhor está brincando, né professor?
Pedro olhou para Plínio de um jeito suficientemente claro para que ele percebesse que ele estava falando sério.
Ed levantou-se e se colocou ao lado do professor, e este o abraçou com um braço sorrindo, e logo se virou para os outros.
_E aí pessoal, vamos?
_Peraí professor, vamos fazer isso mesmo?
_Tio o senhor ta brincando né, é impossível pra gente.... sei lá, melhorar o nordeste.
_Não quando se tem um plano adequado meu bem.
_Aiaiaiaia.
_Professor eu não posso sair daqui.
_Porquê.
_Porque eu tenho um emprego, minhas coisas.
_E daí?
_Tá, ta bom, mas e como vamos nos sustentar?
_Isso faz parte do plano, certo? Pessoal, pelo que vi em vocês são pessoas que estão sempre questionando, analisando e vendo que estão insatisfeitos, ou insatisfeita – disse olhando para Luci – Com suas vidas, e a resposta é basicamente simples.... Vocês estão usando seu potencial em algo que não acreditam, ou seja, estão se sentindo desperdiçados.
_Ai tio, mas ir pro nordeste?
_Quero ver quando você conhecer uns dos instrumentos para realizar a tarefa, agricultura.
_Iiiiiiiiiiiii.
_Agricultura, é o que vamos fazer?
_É um dos meios, bem... – Disse Pedro parando e chegando bem perto dos três - Quero saber se vocês confiam em mim, e se estão comigo.
_Uai tio, voltar pra casa é que eu não vou né.
Ed apenas acenou com a cabeça.
_Claro professor, o que vamos fazer exatamente?
_Resumindo, vamos lutar contra a ignorância, e todos os seus sintomas, como a injustiça, a ganância, a inveja, hipocrisia... Bem, como vêem temos muito trabalho, mas antes, vamos dar uma passadinha naquele boteco ali. Aí eu conto o plano a vocês, meus queridos vamos sair desta inércia e cumprir nossa missão histórica.
_E qual é...?
Pedro que já estava caminhando em direção ao boteco vira-se e encara a todos dizendo:
_Salvar o mundo.

6 comentários:

Ciro disse...

Balula!

Sessyllya ayllysseS disse...

Ah, não, eu queria saber qual é o plano... Se for bom, eu quero ir junto... (rsrsrs)

Legal, Flávio, adorei a "função" da Luciene: críticas aos pretensos heróis, representa a sociedade... Muito bom mesmo!!!

PS: Ciro, o que é balula??? É a segunda vez que vejo essa palavra aqui nos comentários... É mais uma daquelas "gírias" pessoais de vocês??? (rsrsrs)

Bjos!!!

Flavio Carvalho disse...

Cissa, o plano existe mesmo, consiste em uma agricultura avançada, aliada ao modelo Holandês e Suíço de Produção, entre outras coisas.
porém o maior obstáculo para implantá-lo é o ideológico, é aí que entram nossos heróis, que são fictícios no momento, mas qualquer traço de eles se tornarem reais, te aviso, ok?

bjos

Bruno Carvalho disse...

Éééééééé´... o bichão tá mostrando que não está pra brincadeira por aqui não ehehehehehh! Eis um caso clássico de o quanto a leitura e o estudo da sociedade refletem em um texto!
Divino!!
Baluuuuulllllaaaaa!!!

Felipe Carvalho disse...

Balulííííssimaaaaa!!!!!!!

Anônimo disse...

BALULASSOOOOOO irmão!