Queda

Por Felipe Carvalho

Por entre utopia e devaneios,
Por um idealizar que não tem arreios,
Persiste uma razão pra não chorar,
Mesmo sabendo que não há meios.

Se a recíproca não é verdadeira,
O desalento é quem rouba o espaço.
Em nome de um amor não correspondido,
Esvai-se o pranto, afugentando o mormaço.

Nem sempre a voz encontra um eco,
Algum sinal de bate-e-volta.
Amor nem sempre é devolvido,
Por vezes sofre, chora, desbota.

Como um fruto que não foi comido,
Resta aguardar a absorção da terra.
Uma vez caído em busca de sentido,
Levantar-se-ia pr’uma nova guerra?

Desilusão, aqui te faço as honras,
Mostrando o prato do qual muitos comem.
Mas se soubessem aprender contigo,
Tornar-se-iam, de verdade, homens.