TV C?RO – “Star Shit”

Pilotado por Ciro M. Costa

E agora, com vocês, o seriado de ficção científica de maior sucesso da TV C?RO: STAAAAAAAAAR SHIT!!!

Diário de bordo de nº 732,456 B. Meu nome é Diônie Belungo. Desde que cheguei a este maldito lugar, me tornei capitão da nave estelar Deleteprise. Sabem, tudo por aqui é igual aos seriados de ficção científica antigos. Fumaça, máquinas cheias de luzes coloridas, barulhinhos irritantes, uniformes apertados e coloridos... tenho a leve impressão de que as paredes daqui são revestidas com papel alumínio. Em outros seriados de TV como esse, o personagem principal vai parar no espaço anos-luz à frente. Mas parece que vim parar mais no passado ainda!
O dia começou bem calmo hoje. Se bem que não sei quando é dia no espaço, mas tudo bem. O Dr. Stranderbust me deu alguns comprimidos para dor de cabeça, pois não me levantei muito bem da cama. Ter bebido uma garrafa inteira do Aguardente de Vanepopéia ontem à noite pode não ter sido uma boa idéia. Estou mesmo é preocupado com o oficial Flanderson, que tem visto estrelas azuis com muita freqüência. Levando em conta que ele é um ex-drogado, é melhor pedir para o Dr. Stranderbust dar uma olhada nele. Hoje também conversei um pouco com a oficial Maria (a única mulher a bordo, mas que infelizmente é alienígena [apesar do nome comum de terráquea brasileira]). Após minha conversa com Maria, Rílberton, um robô desajeitado feito de papelão prateado e sem sentimentos, entrou em meus aposentos.
- Bip! Bip! Senhor, senhor! Tudo bem por aqui?
“Bip, bip?? Que ridículo!”, pensei, “Que robô hoje em dia faz ‘bip, bip’?”.
- Está sim, Rílberton! Por que diabos achou que havia algo errado?
- Bip! Bip! Só uma visita de rotina, senhor! Biiiip!!
- Não é nada, Rílberton! Só uma leve dor de cabeça e um pouco de tédio. Você sabe como isso é normal.
- Desculpe, senhor! Não sei nada sobre sentimentos. Sou um robô. Bip! Bip!
- É verdade. Você é um daqueles robôs-clichê de filmes de ficção científica que não possui sentimentos. Escute, será que pode parar com esse “bip, bip” ridículo? Isso não se usa mais!
- Não entendo, senhor! Pode explicar melhor? Bip! Bip!
- Ah, esquece! Escute, como anda nosso trajeto?
- Bip! Bip! Nosso trajeto não anda, senhor. Nós é que voamos por ele.
- Rílberton!!!
- Desculpe! Piada de rotina! Bip! Bip! O oficial Háubort disse que tudo anda tranqüilo. Não há planetas nessa galáxia.
- Que ótimo! Vejo que poderemos ter uma folga até...
Neste instante, a nave Deleteprise pareceu bater em alguma coisa.
- Céus, o que foi isso?? – Perguntei.
- Batemos em alguma coisa, senhor! Bip! Bip!
- Eu sei disso! Vá ver logo o que há, imitação de Super Vicky!
Como sofro de ansiedade, não esperei até que Rílberton voltasse com o relatório. Fui pessoalmente até à cabine de comando.
- Senhor!! Isso é um pesadelo!! – Disse Flanderson, o ex-drogado. – Está cheio de estrelas azuis por todos os lugares! Eu vejo... eu vejo monstros!! São muitos!! Eles vão nos pegar!! Eles...
- Está bem, Flanderson! Eu também estou vendo! – Eu disse. – Oficiais X e Y, levem Flanderson até à sala do Dr. Stranderbust, sim?
Depois que retiraram Flanderson da cabine, o oficial Háubort me deu o relatório:
- Senhor, batemos em um planeta.
- Certo. Me parece que você tinha dito que não havia planetas nessa galáxia.
- É, mas eu não contava com a aparição do Planeta Karência.
- Planeta o quê? – Por um breve instante, olhei o penteado "anos 70" de Háubort, e tive vontade de rir.
- Planeta Karência, senhor! É um planeta muito carente que vive colidindo com naves espaciais, só por se sentir sozinho no mundo. O senhor está rindo de alguma coisa?
- Hihihi... nada não, Háubort! Deixa pra lá! Bom, que ótimo! Um planeta com sentimentos! Era o que faltava por aqui! Algum dano grave?
- Só um na parte bilateral esquerda inferior sul da nave, senhor.
- Hein? Não é ali que fica o banheiro da nave?
- Sim senhor! Me parece que estamos com problemas nos encanamentos e também na parte XIT-117, mais conhecido como o “esgoto” da nave.
- Então, o que estamos esperando? Vamos chamar o encanador para consertar tudo e ir embora daqui.
- Senhor, o encanador foi engolido pelas baricéias espaciais há dois episódios atrás!
- Droga, havia me esquecido disso! Você entende alguma coisa de encanamentos, oficial Háubort?
- Senhor, quando eu morava com minha mãe, na Terra, costumava consertar esse tipo de coisa. Mas o banheiro dessa nave não é como lá em casa. A coisa ali é bem mais feia!! E malcheirosa também! Há coisas acumuladas ali desde que saímos nessa viagem. E olha que já faz mais de um ano.
- Céus e por que não descarregaram essas coisas no espaço?
- Por causa da Lei de Rânguer, que proíbe de jogar lixo em qualquer lugar do espaço, senhor! Por acaso não leu a apostila?
- Não tive tempo. Não se esqueça de que não sou desse mundo, oficial. Até hoje não sei como vim parar aqui! Só sei que ia usar o banheiro de uma lanchonete e... PUF! Cá estou!

- Isso é muito estranho. Me parece que o senhor está novamente tendo problemas com banheiro aqui e agora.
- É verdade. Mas já sei como solucionar isso. Vou mandar Rílberton descer até lá e consertar tudo. Ele é um inútil e além disso não pode mesmo sentir o mal cheiro daquilo. E também vou pedir para que jogue todo os nossos dejetos nesse tal Planeta Karência.
- Mas senhor...
- Não me interessa! Não mandei esse planeta carente bater na gente. Agora, ele vai se ferrar!
- S-sim senhor!
Sabem, às vezes tenho a impressão de que estou sonhando. Outras, penso que estou participando de mais um episódio de “Star Trek”. Tanto uma opção quanto a outra são péssimas. Céus, quando vou poder voltar pra casa??


DIÔNE BELUNGO SÓ QUERIA USAR O BANHEIRO DE UMA LANCHONETE, E AGORA ESTÁ VIVENDO UM VERDADEIRO PESADELO NO ESPAÇO...

STAAAAAAAAAAR SHIT!!!
TODAS AS SEXTAS-FEIRAS, AQUI NA TV C?RO.

TV C?RO, QUEM PROCURA, RACHA AQUI!