Filosofia de um bêbado...

Por Bruno Carvalho (Ele não desiste de jeito nenhum!)

Agora sou o senhor absoluto de tudo que faço e penso. Para isso não tive que lutar contra imperador algum, nem travar batalhas inimagináveis. Não foi preciso ler livros e livros sobre literatura, história ou filosofia. Também não foi preciso ser filho de alguém poderoso e herdar toda a sua fortuna. Sei que aquele abraço mal dado não foi por má vontade, e sim por medo de não podermos fazer melhor. Sei que faltou assunto, não por não querermos falar, mas pela falta de assunto mesmo, e aquela fofoca daquela pessoa que não estava não foi por maldade, e sim só pra dar uma risadinha, digamos, pra “quebrar o clima”. Posso ver em todos os rostos as suas maiores aspirações. O que essas pessoas precisam? O que elas estão pensando? O que pensam em fazer? E, a pergunta mais interessante: O que realmente irão fazer? E eu lhe respondo, caros amigos. Com toda a frieza que possuo, faço verdade que não farão absolutamente nada. Se quiserem impressionar alguém, cantem essa pedra. Pois somos seres humanos, sensíveis, movidos por uma emoção fora do comum. Algo que não conseguimos explicar, mas que nos move lentamente, ou para o precipício, ou para a razão. Nossa luta se resume em: “Lutar do lado do bem, e de preferência adquirindo bens”. Estamos sempre contra. Lutamos para sermos felizes, porém da maneira mais infeliz que existe. Aprendemos muito, mas sempre da pior maneira. Para sobreviver, o homem precisa de apenas algumas refeições diárias, vejamos, duas, três, quando muito quatro. Talvez um lugar para dormir, que de preferência não molhe e tudo mais. Algumas roupas, duas ou três no máximo. E... pronto! Só isso! Mais nada! Se Talvez não fôssemos tão ignorantes (essa palavra é muito abrangente), cada um poderia sobreviver à sua maneira, em baixo de sua casinha de papelão e estaria tudo certo. Mas a problemática da humanidade não é sobreviver, e sim viver. E para muitos, viver significa estar em paz. E é aí que temos um grande erro, pois a paz não é o contrário da guerra, e sim uma continuidade dela. Precisamos da paz sim, mas antes devemos guerrear, lutar, colocar a verdadeira honra em jogo. Só aí saberemos qual a nossa real necessidade, o que devemos realmente levar em consideração. E por incrível que pareça, a derrota será a vitória. A derrota é mais profunda, e por ela aprendemos a analisar melhor as situações: o que erramos, o que deixamos de fazer, o que era importante, o real “adversário”. Por que não dizer que a guerra também é benéfica, ao invés de “podarmos” aqueles que tentam discutir. Discutir é uma boa, desde que o assunto em pauta seja “realmente discutível”. E esse é o nosso problema: “Não saber o que realmente é discutível”. (mudando de assunto, como os bêbados repentinamente fazem) Música e sexo: Taí duas coisas que todo mundo gosta. Seja funk, MPB, samba, pagode, axé, Rock, soul, salsa, enfim, todos gostam. Em relação ao sexo, pode-se dizer a mesma coisa: Todos gostam. Seja entre homem e mulher, mulher com mulher, homem com homem, homem com bicho, enfim, muda-se apenas o ponto de vista. O interessante é pensar que nem Deus agrada todo mundo, mas a música e o sexo agradam. As outras coisas, como arte, estudos, brigas, telenovelas servem apenas para passar o tempo. Sou o senhor absoluto de tudo que faço e penso, e para isso só precisei de tomar seis latinhas de cerveja...Mas a dica mais importante, meus caros amigos, é essa: Quando tiverem uma idéia, apenas coloquem-na no papel, assim com quem coloca um bebê no berço. Idéias não são feitas para serem faladas e sim, para serem escritas. Pensem nisso. Do contrário, nos encontraremos em breve, no bar mais sujo da esquina...