
Olá, leitores malditos. Meu nome é Clarilda. Quem achou que eu havia desaparecido, está totalmente enganado(a). Quem achou que eu havia morrido, está totalmente certo(a). Há muitos anos eu morri de frente ao meu computador, enquanto navegava na internet. Agora, meu espírito está preso aqui e só me resta contar histórias muitíssimo estranhas. E absurdas...
Hoje vou contar uma história de Ano Novo. Reza a lenda que a noite do Ano Novo é sempre tão festiva e barulhenta, pois não pode passar despercebida. Uma vez não percebida a virada do ano, coisas estranhas podem acontecer a uma pessoa. E foi o que aconteceu ao nosso personagem...
O Sr. Sambuco era um desses velhos senhores ignorantes, metido a sabichão. Trabalhou a vida inteira como sapateiro e nunca se casou. Teve alguns “rolos” durante a vida, e tais “rolos” lhe renderam 3 filhos. Um deles apareceu em sua sapataria, no dia 29 de dezembro de 2.006...
- Papai, onde vai passar o Ano Novo? – Perguntou-lhe seu filho Guéri.
- Está brincando? Eu não vou passar o Ano Novo em lugar nenhum! Eu vou é dormir!
- Que isso, pai? Não vai festejar a virada?
- Vou sim! A virada de lado na minha cama! Não quero nem ouvir esses malditos foguetes!
- Deixa de ser ranzinza, velho! Passa lá em casa com a gente! Não é bom passar a virada de ano desapercebida...
- Besteira! Pode deixar que ficarei bem!
- Mas...
- Vamos mudar de assunto?
Guéri resolveu não insistir mais. Sabia que quando seu pai metia uma coisa na cabeça, era difícil tirar. Não é a toa que o Sr. Sambuco usava o mesmo chapéu desde os 16 anos.
Dia 31 de dezembro. 23:06 hs. Para garantir que não escutaria os foguetes e toda a festa do reveillon, o Sr. Sambuco fechou a casa inteira, colocou algodão nos ouvidos e tomou um forte calmante para dormir. “Maldita seja a humanidade com suas comemorações inúteis”, ele pensou.
Veio a festa, vieram as buzinas dos carros, vieram os foguetes... e o Sr. Sambuco nem percebeu. Dormiu como uma sereia grávida (nada a ver) e só foi acordar no dia seguinte. Quando já era o ano de 2.007.
Para provar que não estava nem aí pro feriado, Sambuco foi trabalhar. Chegou em sua sapataria e já foi logo tirando o calendário de 2006 da parede para trocá-lo pelo de 2007. Pegou o martelo e prendeu o novo calendário, que caiu logo em seguida. Sambuco pegou o calendário do chão e prendeu-o novamente. E o calendário caiu no chão de novo. “Mas que diabos...?”, ele pensou, “Será que essa parede está tão velha que nem agüenta mais esses pregos?”. E, depois de mais cinco tentativas frustradas, Sambuco desistiu de prender o tal calendário. “Ah, vou prender o de 2006 mesmo!”. E, assim que prendeu o antigo calendário na parede, este não caiu. “Estranho! Ambos os calendários são do mesmo tamanho e possuem o mesmo peso! Por que só o outro que cai?”.
O Sr. Sambuco foi para sua mesa de trabalho. Viu o contrato de renovação de aluguel sobre a mesa, que devia ter assinado na sexta-feira. “Melhor assinar isso agora e já ficar livre!”, ele pensou. Pegou sua velha caneta e assinou. No entanto, na hora de colocar a data, Sambuco colocou “01 de janeiro de 2006”, ao invés de 2007. “Droga, Sambuco! Esqueceu que hoje já é 2007?”. Utilizando-se de corretivo líquido, Sambuco reescreveu a data. E novamente colocou 2006. “Droga!”. Sambuco novamente passou o corretivo líquido e, ao tentar escrever “2007” novamente, percebeu que não conseguia. “O que está havendo comigo??”.
Desesperado, Sambuco rabiscou alguns papéis, tentando escrever “2007”, mas não conseguiu de jeito nenhum! Sempre saía 2006, 2006, 2006... “Devo estar ficando maluco!”, pensou. “Melhor ir pra casa e descansar!”. Sambuco olhou para seu relógio, mas nem percebeu que o mesmo marcava como data: 32 de dezembro de 2006.
Demorou quase um mês para Sambuco perceber que as coisas estavam muito estranhas. O tempo para ele havia parado em 2006. Mas só para ele. Para as pessoas, janeiro de 2007 já estava quase no fim, mas para Sambuco ainda era dia o 54 de dezembro de 2006. Enquanto as pessoas comentavam sobre novos programas na TV, Sambuco ainda via os mesmos programas que passaram no ano anterior. Sambuco não conseguia ler novas notícias nos jornais, sentir gosto de novidades na culinária lançadas naquele ano, não conseguia enxergar pessoas nascidas em 2007... não conseguiu sequer instalar o novo “Windows 2007” em seu computador!
- Eu lhe avisei, papai! – Disse Guéri. – O senhor devia ter visto a virada do ano!
- Não quero ouvir mais isso! – Gritou Sambuco. – Eu só quero saber como é que faço pra me livrar dessa maldição!
- Não sei. Talvez tudo volte ao normal se o senhor ver o próximo reveillon!
Era isso! Essa podia ser a solução para o problema de Sambuco! Era o que ia fazer.
Sambuco esperou um ano até o reveillon de 2007/2008. Como para ele ainda era dezembro de 2006, estava sempre perguntando aos amigos que data era. Foi quando no dia 31 de dezembro de 2007 ele ficou à espera da virada. Fez questão de ficar acordado durante a noite toda para não perder nada.
Veio a virada, veio a festa, vieram os foguetes, vieram as buzinas de carro, veio o novo ano...
Mas, para Sambuco, não veio nada. Como em seu calendário era o dia 397 de dezembro de 2006, o ano não poderia ter mudado. Para ele, 2006 jamais terminaria.
Então, os anos se passaram. O Sr. Sambuco tentou de diversas maneiras, mas jamais conseguiu se livrar daquela maldição. Algum tempo depois, ficou maluco e só achou uma solução para seu problema: se matar. No entanto, nem isso ele conseguiu. Como o tempo havia parado para ele, jamais morreria.
Dizem que o Sr. Sambuco foi embora e hoje vive em lugar ignorado. Alguns já dizem que ele foi procurar ajuda astrológica. Outros, dizem que ele foi ser elaborador de calendários no Egito.
Outros, dizem que ele morreu no reveillon de 2006/2007...
É isso, pessoal. Maluquice? Calendário errado? Um trote de amigos? Ou mais uma história de final idiota? Eu não sei. Só sei que sou Clarilda, e não se esqueçam: se você ouve passos na cozinha, é porque realmente alguém está andando na cozinha...
Hoje vou contar uma história de Ano Novo. Reza a lenda que a noite do Ano Novo é sempre tão festiva e barulhenta, pois não pode passar despercebida. Uma vez não percebida a virada do ano, coisas estranhas podem acontecer a uma pessoa. E foi o que aconteceu ao nosso personagem...
O Sr. Sambuco era um desses velhos senhores ignorantes, metido a sabichão. Trabalhou a vida inteira como sapateiro e nunca se casou. Teve alguns “rolos” durante a vida, e tais “rolos” lhe renderam 3 filhos. Um deles apareceu em sua sapataria, no dia 29 de dezembro de 2.006...
- Papai, onde vai passar o Ano Novo? – Perguntou-lhe seu filho Guéri.
- Está brincando? Eu não vou passar o Ano Novo em lugar nenhum! Eu vou é dormir!
- Que isso, pai? Não vai festejar a virada?
- Vou sim! A virada de lado na minha cama! Não quero nem ouvir esses malditos foguetes!
- Deixa de ser ranzinza, velho! Passa lá em casa com a gente! Não é bom passar a virada de ano desapercebida...
- Besteira! Pode deixar que ficarei bem!
- Mas...
- Vamos mudar de assunto?
Guéri resolveu não insistir mais. Sabia que quando seu pai metia uma coisa na cabeça, era difícil tirar. Não é a toa que o Sr. Sambuco usava o mesmo chapéu desde os 16 anos.
Dia 31 de dezembro. 23:06 hs. Para garantir que não escutaria os foguetes e toda a festa do reveillon, o Sr. Sambuco fechou a casa inteira, colocou algodão nos ouvidos e tomou um forte calmante para dormir. “Maldita seja a humanidade com suas comemorações inúteis”, ele pensou.
Veio a festa, vieram as buzinas dos carros, vieram os foguetes... e o Sr. Sambuco nem percebeu. Dormiu como uma sereia grávida (nada a ver) e só foi acordar no dia seguinte. Quando já era o ano de 2.007.
Para provar que não estava nem aí pro feriado, Sambuco foi trabalhar. Chegou em sua sapataria e já foi logo tirando o calendário de 2006 da parede para trocá-lo pelo de 2007. Pegou o martelo e prendeu o novo calendário, que caiu logo em seguida. Sambuco pegou o calendário do chão e prendeu-o novamente. E o calendário caiu no chão de novo. “Mas que diabos...?”, ele pensou, “Será que essa parede está tão velha que nem agüenta mais esses pregos?”. E, depois de mais cinco tentativas frustradas, Sambuco desistiu de prender o tal calendário. “Ah, vou prender o de 2006 mesmo!”. E, assim que prendeu o antigo calendário na parede, este não caiu. “Estranho! Ambos os calendários são do mesmo tamanho e possuem o mesmo peso! Por que só o outro que cai?”.
O Sr. Sambuco foi para sua mesa de trabalho. Viu o contrato de renovação de aluguel sobre a mesa, que devia ter assinado na sexta-feira. “Melhor assinar isso agora e já ficar livre!”, ele pensou. Pegou sua velha caneta e assinou. No entanto, na hora de colocar a data, Sambuco colocou “01 de janeiro de 2006”, ao invés de 2007. “Droga, Sambuco! Esqueceu que hoje já é 2007?”. Utilizando-se de corretivo líquido, Sambuco reescreveu a data. E novamente colocou 2006. “Droga!”. Sambuco novamente passou o corretivo líquido e, ao tentar escrever “2007” novamente, percebeu que não conseguia. “O que está havendo comigo??”.
Desesperado, Sambuco rabiscou alguns papéis, tentando escrever “2007”, mas não conseguiu de jeito nenhum! Sempre saía 2006, 2006, 2006... “Devo estar ficando maluco!”, pensou. “Melhor ir pra casa e descansar!”. Sambuco olhou para seu relógio, mas nem percebeu que o mesmo marcava como data: 32 de dezembro de 2006.
Demorou quase um mês para Sambuco perceber que as coisas estavam muito estranhas. O tempo para ele havia parado em 2006. Mas só para ele. Para as pessoas, janeiro de 2007 já estava quase no fim, mas para Sambuco ainda era dia o 54 de dezembro de 2006. Enquanto as pessoas comentavam sobre novos programas na TV, Sambuco ainda via os mesmos programas que passaram no ano anterior. Sambuco não conseguia ler novas notícias nos jornais, sentir gosto de novidades na culinária lançadas naquele ano, não conseguia enxergar pessoas nascidas em 2007... não conseguiu sequer instalar o novo “Windows 2007” em seu computador!
- Eu lhe avisei, papai! – Disse Guéri. – O senhor devia ter visto a virada do ano!
- Não quero ouvir mais isso! – Gritou Sambuco. – Eu só quero saber como é que faço pra me livrar dessa maldição!
- Não sei. Talvez tudo volte ao normal se o senhor ver o próximo reveillon!
Era isso! Essa podia ser a solução para o problema de Sambuco! Era o que ia fazer.
Sambuco esperou um ano até o reveillon de 2007/2008. Como para ele ainda era dezembro de 2006, estava sempre perguntando aos amigos que data era. Foi quando no dia 31 de dezembro de 2007 ele ficou à espera da virada. Fez questão de ficar acordado durante a noite toda para não perder nada.
Veio a virada, veio a festa, vieram os foguetes, vieram as buzinas de carro, veio o novo ano...
Mas, para Sambuco, não veio nada. Como em seu calendário era o dia 397 de dezembro de 2006, o ano não poderia ter mudado. Para ele, 2006 jamais terminaria.
Então, os anos se passaram. O Sr. Sambuco tentou de diversas maneiras, mas jamais conseguiu se livrar daquela maldição. Algum tempo depois, ficou maluco e só achou uma solução para seu problema: se matar. No entanto, nem isso ele conseguiu. Como o tempo havia parado para ele, jamais morreria.
Dizem que o Sr. Sambuco foi embora e hoje vive em lugar ignorado. Alguns já dizem que ele foi procurar ajuda astrológica. Outros, dizem que ele foi ser elaborador de calendários no Egito.
Outros, dizem que ele morreu no reveillon de 2006/2007...
É isso, pessoal. Maluquice? Calendário errado? Um trote de amigos? Ou mais uma história de final idiota? Eu não sei. Só sei que sou Clarilda, e não se esqueçam: se você ouve passos na cozinha, é porque realmente alguém está andando na cozinha...
FELIZ ANO NOVO!!!!!
9 comentários:
Ciiiiiiro!!! Excelente, meu anjo! Não é a toa que sou sua fã nº zero!!!!
Bjos e Feliz Ano Novo!!
Com certeza depois dessa vou comemorar o ano novo... Vai que eu fique em 2006 ateh o dia 4579 de dezembro... Então eh melhor previnir.. hehehe....
Mas qto ao texto. Ciro, mais uma vez estou sem palavras... Um absurdo muito legal mesmo... Vc tinha que fazer um livro das histórias da Clarilda...
Um abraço...
Cara, simplesmente genial! Sr. Sambuco, Guéri, só de ler o nome vc ri ahahahhahah!
"Sabia que quando seu pai metia uma coisa na cabeça, era difícil tirar. Não é a toa que o Sr. Sambuco usava o mesmo chapéu desde os 16 anos."
Isso sem falar no Sr. Sambuco, personagem engraçadíssimo! Vc deve escrever mais histórias sobre ele!!
Mais uma vez parabéns amigo!!! Fechou com chave de diamante!!
Sr, Sambuco
hahahahahahahahhahahaha
não tirava o chapéu desde os 16 anos, hahahahahahaahaha
masssa demais
A nem, a instalação do windows 2007 foi foda...hahahahahahahaha
Boa Cirão, como sempre arrebentando!
Adorei, Ciro! Totalmente original! Vc é imbatível cara, não adianta!
Forte abraço e um ótimo 2007!!!
P.S.: Não se esqueça de assistir à virada, hein? Fique bem acordado! hehehehe
Estava com saudades de vc, cara.
E de Clarilda.
E de todos seus personagens que espantam a falta de criatividade e ensinam que ao riso compete à sabedoria, figura !
°
Ciroo!!
Gostei muitoo do seu texto, quer dizer, da Clarilda! Ela viajouu demaiss!!! hahahaha...
Umm beijoo e feliz ano novo!
Putz, Ciro, ainda bem que o Ju (o meu namorado, antes que você pergunte) me obrigou a assistir aos fogos na virada do ano. UFA!!! (rsrsrs)
A parte do texto de que mais gostei foi:
"Que isso, pai? Não vai festejar a virada?
- Vou sim! A virada de lado na minha cama! Não quero nem ouvir esses malditos foguetes!"
É exatamente o que eu diria se ouvisse essa pergunta. Senti uma grande identificação com o Sô Sambucão, sério mesmo (rsrsrs).
Sobre o chapéu e o Windows 2007, simplesmente perfeito!!!
Como sempre, O MELHOR!!!
Bjão e Feliz 2007!!!
Postar um comentário