Festa das cuecas...

Por Bruno Carvalho (Xiiiii, esse é fraquíssimo...)

As pessoas convidadas para a festa, que atende pela alcunha de “festa das cuecas”, de alguma maneira, já sabem ou já ouviram falar da mesma. Sabem e sentem aptos a freqüentá-la, pois, diferentemente de nós, essas pessoas estão “isentos e ausentes da ignorância mundana sexual que assola a humanidade”. Sabem que estarão lá pelo momento, e não por uma mera aceitação social. Muito pelo contrário, pois, na festa das cuecas não entram políticos, empresários e artistas em voga (que palavrona louca!).
O convidado sabe, antes mesmo de adentrar a festa, que estará lá pelo simples prazer, pela aceitação do mais puro, do mais sublime. Na festa das cuecas ninguém repara na barriga ou no “peito caído de alguém”, muito menos se a cueca do indivíduo está rasgada ou não. Pois o indivíduo é visto por ele mesmo, é chamado pelo primeiro nome, sem distinção de cor, credo, raça, origem do país ou planeta, ou condição social.
Você nunca irá ÀÀ festa das cuecas pensando em problemas freqüentes, ou em como será a sua aceitação na mesma. Tão pouco se conquistará alguém ou não, pois o uso da cueca foi definido exclusivamente para que o indivíduo fosse visto por ele mesmo, sem os desnecessários “parâmetros modais”.
Isso pode até soar um pouco estranho: Uma festa não se estabelecer no padrão de divertimento ou confraternização, muito menos para discussão de idéias. Mas o esquema é justamente esse, ou seja, a valorização do não-propósito, do simples encontro, e nada mais.
E por falar em soar estranho, acreditem se quiser, a festa das cuecas não é restrita apenas aos homens. Pois muitas mulheres (também isentas da ignorância mundana e sexual) são freqüentantes assíduas, fato que de maneira alguma (ou quase) ocasiona sexo, suruba, ou qualquer outra coisa que você, leitor de mente suja, pensou.
Quanto ÀÀ disposição física, existem apenas assentos confortáveis (sofás) espalhados por todo recinto, além de uma longa mesa de frios, comidas e o mais variado acervo de bebidas alcoólicas. No palco, música de boa qualidade (evidentemente, os músicos também usam apenas cuecas).
A festa das cuecas começa ÀÀs duas da tarde e não tem hora para terminar. Até hoje, não se tem sequer pistas ou boatos de quem convida, banca, e organiza a referida festa. Apesar das especulações freqüentes, ninguém se dispôs a investigar a fundo o fato, até porque todos convidados se dizem muito satisfeitos e honrados por freqüentarem uma festa que não existem distinções, discussões, pretensões e tudo mais. Apenas o “ir”, e o que acontece depois, é devido ao acaso. A festa das cuecas não é divulgada através dos meios de comunicação em massa, e sim por meio de convites escritos a mão e crônicas ruins de escritores fracassados. Pelo que se sabe, até hoje, ninguém ainda se recusou a ir ÀÀ festa, seja essa pessoa homem ou mulher. Mas isso não é discutível, pois ainda não somos superiores para entender a festa das cuecas. Só teremos a certeza, quando aparecer o convite ...