Bem vindos ao hotel Vale do Rio Grande, um lugar que oferece a você o doce ar da represa, que cá entre nós é quase parecido com o mar, venha e divirta-se nas nossas incríveis hospedagens, ( tema : Oitava sinfonia de Beethoven).
_Sabe Carlo, ontem eu recebi a volante da nova campanha sugerida pela agência, um misto de pura putaria regada ao mais puro estilo de música que só o mal gosto pode ceder, e sabe o que ele me disse quando eu perguntei?
_ Na.. Não tenho idéia senhor.
_Que a minha propaganda estava obsoleta, de que era necessário adequar a campanha ao que a região se tornou, oh Deus, adivinhe o que fiz Carlo.
_Mandou ele enfiar a canpanha no cú, ... senhor.
_Exatamente, mas sabe o que é pior?
_Não Senhor.
_Ele está certo, a burguesia atual trabalha diferentemente, explora diretamente o que mais anda dando lucro atualmente, a decadência humana.
_ É verdade ... Senhor.
_Carlo, come se chama o recepcionista deste turno?
_Eufrásio, senhor.
_Ah que belo nome, por favor, chame ele aqui.
_Sim senhor.
Carlo sai, ouve-se o barulho da escada de madeira, cinco minutos depois escuta-se a escada novamente, a porta se abra lentamente.
_Eufrasio, Eufrásio, meu jovem, entre e sente-se.
_Com licença senhor.
_Bebe alguma coisa, uísque, suco, água, cerveja?
_Não senhor, obrigado.
_Ah, vamos deixar as formalidades de lado, esta sala é a sala da verdade, acostume-se pois vai ouvir só verdades aqui, portanto, diga pra mim, o que você gosta de beber, enquanto farreia com seus coleguinhas pela noite?
_Cerveja senhor.
_Eu sabia, prove esta, é da melhor qualidade. Então vamos ao assunto pelo qual chamei você aqui, você gostaria de ser despedido?
_aaa...aaaa....oquê?
_Calma calma meu jovem, é uma pergunta bastante simples, e você entendeu.
_Não, senhor não gostaria.
_Tem certeza, olhe lá heim, eu sei que este empreguinho é uma merda, e você longe das amarras dele poderá talvez ir muito mais longe dentro do capitalismo.
_ O sinhor ta me demitindo senhor.
_Não, só estou te fazendo uma pergunta, e gostaria de uma resposta clara, por. favor, eufrásio.
_Não... eu não gostaria de ser demitido.
_Òtimo, então podemos assumir nossos papéis, a mais antiga relação das sociedades, senhor e escravo, susserano e vassalo, e no nosso mais atual caso.... patrão e empregado, capitalista e proletariado, conhecia este nome Eufrásio?
_Não senhor..
_Eu sei eu sei, é triste, um gordo enjoado como eu ter o poder sobre um jovem cheio de energia como você, olha esses braços você pratica esportes Eufrásio?
_Fa... eu faço musculação senhor.
_Oh, puxa, eu devia saber, não temos nenhuma plantação por perto, nem algum moinho, aaa, como eu adorei a revolução Francesa, sem ela eu estaria consertando sapatos e um jovem como você seria o meu aprendiz. Mas voltando ao assunto, eu te trouxe aqui pra te fazer uma simples pergunta, mas é claro não podia fazer sem antes saber como andava nossa relação... Que merda é essa no seu pescoço?
_Oo quê, isto?
_Sim isto.
_ É um colar, senhor.
_Certo, certo, um colar, e pelo jeito é de madeira estou observando bem?
_É.. é sim.
_E porque você está usando colar?
_Bem ... eu comprei.
_Eu sei que você comprou, é uma glória dos nossos tempos, mas porque está usando?
_Não sei.. é...
_Poupe seu tempo, poupe seu tempo meu amiguinho, eu vou te explicar: é por um motivo simples, você viu esse colar numa banquinha de hippie qualquer e achou bonito, não foi?
_Foi...
_Ah, mas tem um motivo maior, um motivo que está oculto no seu subconsciente, um motivo que só um garoto com o seu intelecto pode ter, um símbolo, um amuleto, que faz a conexão com os seus antepassados e seus ídolos e tradições pagãs, é um jeito inconsciente de você se rebelar, sua pequena veia anarquista, você usa estes apetrechos e se sente o máximo, a única coisa que separa homens com o seu intelecto de um cavalo ou cachorro.
_Senhor..por favor...
_Não acalme-se, estou do seu lado meu jovem, eu sou humanista, eu assim como o diabo, prezamos o que mais nos dá poder, a ignorância humana, sem ela nós não seríamos nada meu amiguinho, nada.
_Senhor, não estou...
_Já estou terminando meu jovem, e pra finalizar eu gostaria que nunca mais aqui dentro você usasse esta merda que está em seu pescoço, nem um outro amuleto, tatuagem, corte de cabelo homossexual, qualquer coisa que fuja da doce rotina e anormalidade, está bem?
_Sim .. senhor..
_Fora dos limites deste portão, você pode fazer o que quiser, vestir o que quiser, não me interessa se você vai por seus apetrechos tribais do consumismo e mergulhar na orgia pagã do século XXI com seu amiguinhos homossexuais bombados, está ouvindo?
_EEE... eeeee...
_Vamos levante-se meu amiguinho, pode levar a cerveja, sabe como é, eu sou especializado em atender as necessidades de vadias gordas da classe média, que chegam aqui com seus cachorrinhos e seus maridos brochas cheios de direitos e frescuras, é decadente eu sei mas não queremos que nossos funcionários pareçam anarquistas, só por causa de um colarzinho de merda não é verdade?
_EEE.... eeeee.
_Responda rapaz, fala pra fora!!!
_ SiSi...Sim senhor.
_Que bom meu caro, que bom, dê um abraço no seu patriarca aqui, isso isso, respire fundo, e não fique pensando muito nisso certo? Confie em mim, neste mundinho de merda, pensar só traz infelicidade, vai por mim, sério, agora desça e volte ao trabalho ok? Bom garoto, tchaaau!
A porta se fecha escuta-se o barulho da escada... é de madeira!
_Sabe Carlo, ontem eu recebi a volante da nova campanha sugerida pela agência, um misto de pura putaria regada ao mais puro estilo de música que só o mal gosto pode ceder, e sabe o que ele me disse quando eu perguntei?
_ Na.. Não tenho idéia senhor.
_Que a minha propaganda estava obsoleta, de que era necessário adequar a campanha ao que a região se tornou, oh Deus, adivinhe o que fiz Carlo.
_Mandou ele enfiar a canpanha no cú, ... senhor.
_Exatamente, mas sabe o que é pior?
_Não Senhor.
_Ele está certo, a burguesia atual trabalha diferentemente, explora diretamente o que mais anda dando lucro atualmente, a decadência humana.
_ É verdade ... Senhor.
_Carlo, come se chama o recepcionista deste turno?
_Eufrásio, senhor.
_Ah que belo nome, por favor, chame ele aqui.
_Sim senhor.
Carlo sai, ouve-se o barulho da escada de madeira, cinco minutos depois escuta-se a escada novamente, a porta se abra lentamente.
_Eufrasio, Eufrásio, meu jovem, entre e sente-se.
_Com licença senhor.
_Bebe alguma coisa, uísque, suco, água, cerveja?
_Não senhor, obrigado.
_Ah, vamos deixar as formalidades de lado, esta sala é a sala da verdade, acostume-se pois vai ouvir só verdades aqui, portanto, diga pra mim, o que você gosta de beber, enquanto farreia com seus coleguinhas pela noite?
_Cerveja senhor.
_Eu sabia, prove esta, é da melhor qualidade. Então vamos ao assunto pelo qual chamei você aqui, você gostaria de ser despedido?
_aaa...aaaa....oquê?
_Calma calma meu jovem, é uma pergunta bastante simples, e você entendeu.
_Não, senhor não gostaria.
_Tem certeza, olhe lá heim, eu sei que este empreguinho é uma merda, e você longe das amarras dele poderá talvez ir muito mais longe dentro do capitalismo.
_ O sinhor ta me demitindo senhor.
_Não, só estou te fazendo uma pergunta, e gostaria de uma resposta clara, por. favor, eufrásio.
_Não... eu não gostaria de ser demitido.
_Òtimo, então podemos assumir nossos papéis, a mais antiga relação das sociedades, senhor e escravo, susserano e vassalo, e no nosso mais atual caso.... patrão e empregado, capitalista e proletariado, conhecia este nome Eufrásio?
_Não senhor..
_Eu sei eu sei, é triste, um gordo enjoado como eu ter o poder sobre um jovem cheio de energia como você, olha esses braços você pratica esportes Eufrásio?
_Fa... eu faço musculação senhor.
_Oh, puxa, eu devia saber, não temos nenhuma plantação por perto, nem algum moinho, aaa, como eu adorei a revolução Francesa, sem ela eu estaria consertando sapatos e um jovem como você seria o meu aprendiz. Mas voltando ao assunto, eu te trouxe aqui pra te fazer uma simples pergunta, mas é claro não podia fazer sem antes saber como andava nossa relação... Que merda é essa no seu pescoço?
_Oo quê, isto?
_Sim isto.
_ É um colar, senhor.
_Certo, certo, um colar, e pelo jeito é de madeira estou observando bem?
_É.. é sim.
_E porque você está usando colar?
_Bem ... eu comprei.
_Eu sei que você comprou, é uma glória dos nossos tempos, mas porque está usando?
_Não sei.. é...
_Poupe seu tempo, poupe seu tempo meu amiguinho, eu vou te explicar: é por um motivo simples, você viu esse colar numa banquinha de hippie qualquer e achou bonito, não foi?
_Foi...
_Ah, mas tem um motivo maior, um motivo que está oculto no seu subconsciente, um motivo que só um garoto com o seu intelecto pode ter, um símbolo, um amuleto, que faz a conexão com os seus antepassados e seus ídolos e tradições pagãs, é um jeito inconsciente de você se rebelar, sua pequena veia anarquista, você usa estes apetrechos e se sente o máximo, a única coisa que separa homens com o seu intelecto de um cavalo ou cachorro.
_Senhor..por favor...
_Não acalme-se, estou do seu lado meu jovem, eu sou humanista, eu assim como o diabo, prezamos o que mais nos dá poder, a ignorância humana, sem ela nós não seríamos nada meu amiguinho, nada.
_Senhor, não estou...
_Já estou terminando meu jovem, e pra finalizar eu gostaria que nunca mais aqui dentro você usasse esta merda que está em seu pescoço, nem um outro amuleto, tatuagem, corte de cabelo homossexual, qualquer coisa que fuja da doce rotina e anormalidade, está bem?
_Sim .. senhor..
_Fora dos limites deste portão, você pode fazer o que quiser, vestir o que quiser, não me interessa se você vai por seus apetrechos tribais do consumismo e mergulhar na orgia pagã do século XXI com seu amiguinhos homossexuais bombados, está ouvindo?
_EEE... eeeee...
_Vamos levante-se meu amiguinho, pode levar a cerveja, sabe como é, eu sou especializado em atender as necessidades de vadias gordas da classe média, que chegam aqui com seus cachorrinhos e seus maridos brochas cheios de direitos e frescuras, é decadente eu sei mas não queremos que nossos funcionários pareçam anarquistas, só por causa de um colarzinho de merda não é verdade?
_EEE.... eeeee.
_Responda rapaz, fala pra fora!!!
_ SiSi...Sim senhor.
_Que bom meu caro, que bom, dê um abraço no seu patriarca aqui, isso isso, respire fundo, e não fique pensando muito nisso certo? Confie em mim, neste mundinho de merda, pensar só traz infelicidade, vai por mim, sério, agora desça e volte ao trabalho ok? Bom garoto, tchaaau!
A porta se fecha escuta-se o barulho da escada... é de madeira!
8 comentários:
Hahahahahahhahahahahahahah!!!!! Flavão, morri de rir, meu! Não sei se era pra rir, mas eu RI!!
Esse patrão aí ficou massa demais. Pra mim, o melhor texto que vc já postou aqui até hoje!!
"Apetrechos tribais do consumismo". Conheço uma pessoa que usa isso! Hahahahahahhahahahah!!!
Parabéns!
texto comprido, não consegui ler até o fim.
Olha meu, confesso que me surpreendi! Irônico, bem escrito, engraçado e por incrível que pareça, a mais pura verdade!
Simplesmente fantástico. Esse seu personagem é muito interessante, fala na lata, mas o cara não entende e, por aí vai...
Parabéns!!
Putz, fiquei sem fôlego! Concordo com o Ciro e com o Bruno: esse texto ficou espetacular!!!
O patrão dá um surto e resolve conversar com o empregado; percebe que suas teorias de elite estão certas e conclui esplendidamente:
"(...) não fique pensando muito nisso certo? Confie em mim, neste mundinho de merda, pensar só traz infelicidade (...)".
Muito bom, cara!!! Ótimo texto!!!
Bjos!!!
Eu li ate o fim, mas esse lance da escada de madeira me deixou cabreira...
A constracao das personagens esta deliciosa...
by,
('')
Puxa pessoal,
estou emocionado, valeu mesmo.
Oi Gata! seja muito bem vinda
Flavíssimo!!!
Muito, muito bom!
"(...)eu gostaria que nunca mais aqui dentro você usasse(...)qualquer coisa que fuja da doce rotina e anormalidade, está bem?"
Pelo visto eu não preciso nem pensar em me candidatar a esse emprego! Hahahahahaahahahahaha
Parabéns, fera!
Flavão, até esse patrão foge das redeas e entra de cara no capitalismo. Ele mesmo está na merda até o pescoço, mais sem os apetrechos tribais...hahahaha
Muito bom o texto, irmo!
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