quinta-feira, 8 de fevereiro de 2007

Narciso não foi tão Narcísico!



Narciso sabia o poder que tinha o reflexo. E como sabia! Foi capaz de apaixonar-se por si mesmo ao ver sua face escultural refletida naquele lago perdido no Olimpo.
Ah se soubéssemos o poder do reflexo! Não imaginamos como nossos atos servem de “reflexo”, de espelho, para outros que se miram nessa imagem exposta e “mergulham de cabeça” no que vêem.
Como somos despreparados para ver, ouvir, “refletir”, mas continuamos a reproduzir nossos papéis. “Alguma coisa está fora da ordem, fora da nova ordem mundial”, já disse o poeta. As marchas dos “revoltosos” são hoje súplicas para salvar o que ainda resta de nós mesmos. A terra agoniza e o homem é o seu maior espelho.
Hoje saímos às ruas como “mercadorias descartáveis”. Poucos metros percorridos, muitos medos vividos. Um assalto. “Cadê a carteira? Passo o tênis! Me dá o celular!” Ainda trêmula, a mão alcança os bolsos: celular último modelo, carteira velha de couro – herança daquele avô inesquecível – nada de valor, além da lembrança do avô que já se foi, mas é tarde, em poucos instantes estará na boca de fumo mais próxima. E nada mais importa senão aquela velha carteira do velho avô, senão às boas lembranças e emoções que ela provoca. É o valor afetivo que nada pode substituir.
Como Narciso que se “perdeu” ao se apaixonar por sua bela imagem, hoje o homem – e a terra – chora lágrimas em ebulição do que nos tornamos. O acaso não existe e o velho jargão tem comandado o clima terrestre: “Quem planta vento colhe tempestade!”
Isso confirma estudos da metafísica, que nos mostra que cada ser é um todo diretamente ligado aos outros “todos”, uma alteração em qualquer um desses “todos” reflete nos demais e provoca um desequilíbrio em cadeia.
As relações banais, a falta de compromisso e envolvimento, o egocentrismo, as futilidades levam à superficialidade. Assim, não me aprofundo em mim, não me conheço. Nisso Narciso foi corajoso: ousou mergulhar em si!!!
Se ousarmos nesse mergulho sem aquele sentido pejorativo – “eu me basto” -, visando o auto-conhecimento, abriremos caminhos para verdadeiros para o outro, descobriremos que o afeto, o carinho e o interesse verdadeiros podem salvar uma vida em todos os sentidos. Se estamos “todos” inter-relacionados, imaginem o múltiplo efeito dessa ação. A fauna, a flora, o homem, o ecossistema, o Planeta Terra agradecem!!! Lembrem-se que um beija-flor pode dar conta um incêndio.

Um comentário:

Flavio Carvalho disse...

Muito bom,
no melhor estilo "Paulo Castro"