Bastos havia se levantado mais cedo, pois os roncos de sua esposa estavam terríveis aquela manhã. Olhou no espelho do banheiro e achou graça, pois suas pupilas estavam mais dilatadas do que costumavam estar. Escovou os dentes, penteou o cabelo enquanto resolvia se iria trabalhar mais cedo ou não. Decidira rápido, pois poderia tomar uma vitamina no centro da cidade, uma das coisas que mais gostava de fazer.
Escolheu uma camisa xadrez em vermelho e de manga curta, vestiu sua calça e apertou o cinto bem acima de sua barriga, se lembrou que agora é que entendia porque aqueles jovens do corredor sorriam e diziam baixinho: “Obelix” quando ele passava.
Saiu do quarto e entrou na garagem em silêncio, ainda estava escura aquela manhã e um canto da garagem estava totalmente escuro. E foi daquele canto que Bastou ouviu um barulho; se assustou, mas logo se acalmou e disse:
- Filho, é você?
- Sim pai, sou eu.
- Você chegou hoje?
- Faz cinco dias.
- Sua mãe não vai gostar.
- Estou percebendo daqui pai! O sono dela está agitado.
- Ela não sabe ainda.
- Sabe sim pai, só que não aceita.
- Deixe sua mãe em suas ilusões filho, não seja cruel!
- Eu seu pai, tudo deve estar como está!
- Eu queria abraça-lo filho!
- Não! Não quero que me veja!
- Você precisa de dinheiro?
- Não pai! Só queria te ver!
De repente um grito de dentro da sala veio interromper a conversa:
- Bastos! Bastos!!! – Gritou a mulher que estava na cozinha.
- Já vou Marta – disse Bastos.
- Filho é melhor você ir.
- Bastos! É esse monstro que está aí, não é?
- Não Marta, é o vizinho!
- Mentira! Tire ele daqui, tire ele daqui! – Marta gritou e começou a chorar.
- Vou indo meu pai.
- Deus te acompanhe meu filho!
Bastos entrou na cozinha e ajudou sua mulher a se levantar, pois a mesma estava sentada no canto da cozinha.
- Calma, calma! Já passou! Ele já foi!
- Meu bebezinho, meu lindo bebezinho! – Dizia Marta chorando.
- Já passou, já passou, foi há muito tempo! Já passou!
- Ele não podia, ele não podia!!! – Chorava Marta.
- Venha se deitar amor, não vou mais trabalhar hoje.
- Não me deixe sozinha, por favor, não me deixe sozinha!
- Não vou deixar, nunca vou te deixar.
Ao levantar, Marta vê o fogão, e começa a chorar nervosamente, quando Bastos diz:
- Foi um acidente, um acidente.
- Ele matou meu filho!
- Ele também é seu filho!
- Não! Ele é um monstro, queimou meu bebezinho!
- Ele também se queimou, não teve culpa!
Marta chora cada vez mais, enquanto diz:
- Aquele óleo fervente, meu bebezinho gritando! Ele estava sofrendo muito!
- Calma, não vale a pena lembrar disso, vamos para cama.
Marta continua chorando, desta vez mais baixo. Bastos abraça ela e a leva da cozinha. Neste instante os raios de sol começam a penetrar pela casa, enquanto Bastos e Marta passam pela sala. Em cima da estante, os raios de sol iluminam um porta retrato com a foto de duas crianças
7 comentários:
Uma visita a Alexandrita de Minas!
Boooooaaaaaaaa!!
Valeu Flavão!
Filhooooooote!!!
Vixe, que mãe cruel!!! Nem disfarça que gostava mais do bebê e fica culpando a CRIANÇA que ficou... Conheço casos assim... É uma pena...
Bjão, Flávio!!!
Cuidááááádo com o óleo fervendo... schiiiiiiiiiiiiiiiiiii....
Manda essa mãe se foder uéé´!
hahahahahha
Boa Flavão, essa é uma das melhores!
Vale a pena ler denovo...hehehe
Flavíssimo!!! Eu simplesmente ADORO esse seu texto! É sem dúvida um dos seus melhores!! Isso dá roteiro pra filme, cara! Muito, muito bom!!
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