Por Bruno Carvalho ( Texto comemorativo: "Semana do Abismo")
Não era fácil para os habitantes da cidade de “Canto pequeno” entenderem que, de um dia para o outro, um abismo surgira entre eles. Ainda mais sendo um “Abismo de Cedro”. Mesmo se fosse um abismo comum, a discussão extrapolaria todos os limites da imaginação.
Canto Pequeno, como o próprio nome já diz, era uma cidadezinha de pouco mais de cinco mil habitantes, onde a tecnologia e a informação sempre chegavam mais tarde. Assim como em outras cidades pequenas, todos sabiam da vida de todos. Antes mesmo de um parente ou amigo distante chegar, os moradores já sabiam, e pior ainda, faziam questão de espiar e perguntar sobre o visitante (muitas vezes, indiscretamente, para o próprio visitante).
Realmente o “Abismo de Cedro” incomodava a todos. Não era como um simples viajante, do qual uma simples fofoca poderia saciar a curiosidade. Era um “Abismo de Cedro!”. “Cedro, madeira da Mata atlântica, muito durável e flexível”, até aí todos sabiam, mas... qual fenômeno poderia fazer para que um abismo de cedro aparecesse naquela cidade?
Muitos habitantes daquela cidadezinha contemplavam o abismo. Alguns, cansados de esperar uma resposta, voltaram ao trabalho. As crianças, retiravam lascas de madeira para brincar. Outros faziam piada, e nem se preocupavam com o que poderia acontecer. Outros ainda, achavam o fato interessante e belo, pensaram que aquilo era um sinal de novos tempos, e só mesmo o tempo poderia resolver esse enigma.
Mas a maioria permaneceu lá, como que hipnotizados pelo abismo. Comentavam entre eles todos os detalhes, e a cada pergunta não respondida, sofriam mais. Era uma tortura para aqueles pobres infelizes, que passaram a vida sabendo da vida dos outros, e agora, poderiam terminar sem uma resposta plausível.
Falavam da boca para fora que estavam ali para proteger os outros cidadãos. Sim, pois talvez o fim do mundo estaria próximo e... enfim, mera desculpa para continuar "não fazendo nada para mudar a vida deles e palpitar a respeito da vida do próximo".
Dia após dia esperavam por uma novidade, por alguma resposta. Até que, enfim, ela veio:
- Querem saber a resposta para isso tudo? – disse uma voz vinda do fundo do abismo.
- Quem é você? Perguntou um dos moradores.
- Eu sou aquele que pode responder todas as dúvidas...
- Então, por favor! O que significa tudo isso?
- Venham até aqui, e saberão a verdade...
E assim, sem nem mesmo pestanejar e duvidar, todos que estavam ali pularam no abismo. Pularam felizes por finalmente encontrarem uma resposta para aquele enigma. Mas aquela felicidade repentina fora bastante repentina. Pois, aqueles que pularam, pularam diretamente para o inferno. No inferno, encontraram outro abismo, ainda mais fundo, para que todos pudessem, por toda a eternidade, tentar descobrir o porquê daquilo tudo, e por mais que tentassem, como que por castigo, nunca conseguiriam.
Não era fácil para os habitantes da cidade de “Canto pequeno” entenderem que, de um dia para o outro, um abismo surgira entre eles. Ainda mais sendo um “Abismo de Cedro”. Mesmo se fosse um abismo comum, a discussão extrapolaria todos os limites da imaginação.
Canto Pequeno, como o próprio nome já diz, era uma cidadezinha de pouco mais de cinco mil habitantes, onde a tecnologia e a informação sempre chegavam mais tarde. Assim como em outras cidades pequenas, todos sabiam da vida de todos. Antes mesmo de um parente ou amigo distante chegar, os moradores já sabiam, e pior ainda, faziam questão de espiar e perguntar sobre o visitante (muitas vezes, indiscretamente, para o próprio visitante).
Realmente o “Abismo de Cedro” incomodava a todos. Não era como um simples viajante, do qual uma simples fofoca poderia saciar a curiosidade. Era um “Abismo de Cedro!”. “Cedro, madeira da Mata atlântica, muito durável e flexível”, até aí todos sabiam, mas... qual fenômeno poderia fazer para que um abismo de cedro aparecesse naquela cidade?
Muitos habitantes daquela cidadezinha contemplavam o abismo. Alguns, cansados de esperar uma resposta, voltaram ao trabalho. As crianças, retiravam lascas de madeira para brincar. Outros faziam piada, e nem se preocupavam com o que poderia acontecer. Outros ainda, achavam o fato interessante e belo, pensaram que aquilo era um sinal de novos tempos, e só mesmo o tempo poderia resolver esse enigma.
Mas a maioria permaneceu lá, como que hipnotizados pelo abismo. Comentavam entre eles todos os detalhes, e a cada pergunta não respondida, sofriam mais. Era uma tortura para aqueles pobres infelizes, que passaram a vida sabendo da vida dos outros, e agora, poderiam terminar sem uma resposta plausível.
Falavam da boca para fora que estavam ali para proteger os outros cidadãos. Sim, pois talvez o fim do mundo estaria próximo e... enfim, mera desculpa para continuar "não fazendo nada para mudar a vida deles e palpitar a respeito da vida do próximo".
Dia após dia esperavam por uma novidade, por alguma resposta. Até que, enfim, ela veio:
- Querem saber a resposta para isso tudo? – disse uma voz vinda do fundo do abismo.
- Quem é você? Perguntou um dos moradores.
- Eu sou aquele que pode responder todas as dúvidas...
- Então, por favor! O que significa tudo isso?
- Venham até aqui, e saberão a verdade...
E assim, sem nem mesmo pestanejar e duvidar, todos que estavam ali pularam no abismo. Pularam felizes por finalmente encontrarem uma resposta para aquele enigma. Mas aquela felicidade repentina fora bastante repentina. Pois, aqueles que pularam, pularam diretamente para o inferno. No inferno, encontraram outro abismo, ainda mais fundo, para que todos pudessem, por toda a eternidade, tentar descobrir o porquê daquilo tudo, e por mais que tentassem, como que por castigo, nunca conseguiriam.
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Do dia 16 ao dia 22: "Semana do Abismo". Felicidades a todos!
8 comentários:
Enquanto a preocupação das pessoas for com a vida dos demais, dificilmente haverá autocrítica e respeito nesse mundo !!
O final não poderia mesmo ser outro! Tinham mesmo que se f***r em verde e amarelo !! E eu ainda poria no abismo - além do cedro - um monte de línguas ácidas e fofoqueiras e mais um monte de dentes para morder e cuspir nesse pessoalzinho esquisito !!
Mais uma vez a curiosidade matou o gato !! :D
Taí mais uma interessante lição para a "Semana do Abismo" !!
Parabéns !!
Abraços !!
Boaaa! Boa lembrança da Semana do Abismo.
Um belo texto, uma bela lição sobre a vida e a curiosidade. No entanto, se fosse meu, no final, as pessoas iriam pular no abismo e eu diria: "E assim, elas descobriram o que havia no fundo do abismo. Fim.". Hahahhahahahaha!!!
Ow, essa sua narrativa tá muito legal, cara! Tá bem gostosa de se ler. Tão gostosa quanto um picolé de baraquidô!
Abraço! E Feliz Semana do Abismo!
Cabe aqui em função do belo texto
e da semans do abismo uma citação
que se encaixa perfeitamente dentro
do cunho de idéias do texto:
"Não enfrente monstros sob pena de te tornares um deles, e se comtemplas o abismo, a ti o abismo também contempla."
Friedrich Nietzche
Uma ótima semana do abismo irmão,
parabéns.
Ah, esse esqueminha de analizar texto dos outros é coisa de viado e eu não gosto. Ficou bom e boa!
Psicotextuariocriticarius
cara muito bom esse semana do abismo serve para todos nos mesmo que sempre queremos saber o que realmente tem ou o por que daquilo adorei e com certeza teria caido la hahahahha
Muito bom bruninho, retrata a curiosidade humana.
No final eu colocaria: "E a voz vinda de lá de dentro grita: 'É brincadeira gente, não pula não, senão vocês mor..." ploft. FIM"
hsauhsuhauhsa
Feliz semana do abismo
Caracóis me mordam...
Brunóvisck...
Fikei imensamente impressionado com o seu texto... Uma narrativa que supre o nosso desejo de bons textos e ainda fica um gosto de quero mais.
Impressionante as lições depreendidas dessa sua história...
Muito bom msm.
E valeu pelos comments...
Abrçs!!!
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