Com calma o rapaz desceu aquela entrada rumo a cidade, que ficava ao lado da estrada, em um vale que viabilizou a construção daquele imenso viaduto que ficava muito acima do nível em que a cidade se encontrava, tornando a descida muito íngreme, a van havia parado bem no meio do viaduto, falta de gasolina.
“Bem vindo a João Monlevade” dizia a placa, que o fazia pensar quem era esse sujeito e o que havia feito para ter uma cidade com seu nome.
_Quem foi esse loque? Pronunciou em voz baixa.
_Um engenheiro de minas, que veio da França pra explorar esse quintal, disse um senhor de cabelos brancos que saía caminhando lentamente com as mãos para trás da formação rochosa da beira da estrada.
_Doutor Vilas Boas ! disse o rapaz assustado com a repentina aparição daquele sujeito.
_A exploração deste francês resultou nessa imensa siderúrgica que dá pra ver e ouvir daqui, está vendo, logo ali.
Rapaz ficou mudo, e como se preparasse para algo, ficou recuando meio abaixado, enquanto o senhor se aproximava.
_O sonho da maioria dos habitantes daqui é trabalhar nesta siderúrgica, e como este francês proporcionou este sonho, nada mais justo do que por o nome dele na cidade não concorda?
_O rapaz ainda continuava calado e atento.
_Claro que simplificaram um pouco, Jean Antoine Felix Dissendes de Monlevade para João Monlevade, esse povo é mesmo uma piada.
_O rapaz se abaixou como se preparasse um ataque enquanto o senhor olhava para a cidade de costas para ele.
_Não acha mesmo que isto vá funcionar não é rapaz? Pense um pouco, pois não quero ter de enterrar um dos meus reféns nessa terra de puxa sacos.
_O rapaz se endireitou, enquanto o senhor chegava bem perto dele olhando em seus olhos.
_Quem é você doutor?
_Muito bom rapaz! Coerente! eu vim aqui mesmo falar disto com você, eu sou um sociólogo, me aposentei faz um tempo, pois estudando as minúcias cheguei em um ponto em que não podia seguir em frente.
_Porque nos seqüestrou?
_Justamente por causa do que eu descobri, vocês são a primeira parte do meu grande plano.
_Plano? Seqüestrar quatro pessoas sendo que um é um pai de família é chamado de plano agora?
_Você acha mesmo que eu vou levar em conta quatro vidinhas medíocres como a de vocês? Chegou a hora da verdade meu caro e querendo ou não você vai ficar sabendo dela.
_E qual é a verdade?
_A verdade é que vocês estão passando por um experimento sociológico, e num experimento infelizmente não posso levar em conta seus desejos e aspirações inúteis, infelizmente um experimento deve ser repetido, para comprovação do resultado!
_ Pelo que sei Doutor, acho que posso me sentar para ouvir atentamente!
_A vontade.
_Uma coisa muito simples, enquanto o homem não aprimorar sua consciência a sociedade permanecerá primitiva do modo em que está.
_Não entendo.
_O homem é o principal culpado pela sua miséria existencial, não existem culpados ou inocentes, governos corruptos, nem bandidos nem mocinhos, apenas reflexos da sociedade como um todo.
_E como seqüestrar quatro pessoas vai ajudar?
_Boa pergunta, no começo eu achei que um bom governo, ou seja um bom estado daria conta do recado, porém precisaríamos de um bom estadista, então tratei de procurá-lo.
_Você queria uma ditadura.
_E porque não? Uma overdose de patriotismo neste país cheio de recursos? Um déspota esclarecido, um líder que realmente este povo pudesse confiar, a não ser por um pequeno detalhe...
_Qual.
_Mesmo que eu achasse este ser, uma criatura tão rara que podemos contar nos dedos os que apareceram no decorrer da história, ainda assim cairíamos em um velho dilema histórico.
_Dilema histórico?
_Sim, o povo adora um ditador simplesmente porque ele aponta o caminho a seguir, mas e depois que ele morre? O povo se perde de novo em meio a sua ignorância! Aí teremos mais um mártir que deixou sua marca na história devido ao seu sacrifício banhado em sangue, depois só restam idiotas seguidores de sua doutrina, que não fazem nada além de babar gritando seu nome.
_Isso só resolveria por um tempo, como aconteceu em todas as nações do mundo.
_Correto! E eu me vi dentro deste dilema, a luta contra a ignorância, um inimigo tão poderoso que é impossível dimensioná-lo, e se não posso dimensioná-lo, não posso contê-lo, demarcá-lo, analisar sua estrutura e achar um antídoto.
_Mas ainda tem um plano?
_Sim, sim meu amigo, é daí que me surgiu um momentum da razão! “Nullum nerezza, Omnia luce diventa” então o que e faria era utilizar esta ignorância a favor da própria humanidade.
O rapaz parou, sua atenção se resumiu nas próximas palavras que o doutor diria.
_Se um salvador só viria a avacalhar a situação a única coisa que irá salvar o mundo é um inimigo comum.
_O quê?
_O que sempre pregou a imaginação primitiva do ser humano em sua religião seja ela qual for? Hã? O inimigo!! O esquerdo! A luta eterna do bem contra o mal, a luta de Ormuz contra Arimã a serpente de fogo! Deus contra o diabo. Se um salvador irá estimular somente a preguiça e a inércia existencial do ser humano, um inimigo cruel estimulará a parte nobre dele. E finalmente o ser humano se encontrará com que ele sempre idealizou, o mal personificado.
_Você é louco!!!
_Hahahahhaha, segundo a própria definição do homem sim! Mas voltando ao assunto, meu plano começou a ficar claro agora?
_Sim, você será o inimigo!!!
_Excelente meu amigo, e este pequeno seqüestro é só o começo do meu plano, mas algo não está estranho pra você?
_Praticamente tudo.
_Certo eu sei, mas você já imaginou porque eu estou te contando tudo isto agora?
_Não pensei neste detalhe.
_Porque existe uma variável na equação.
_Variável?
_Sim uma antítese, um elemento que determina o coeficiente de equilíbrio da equação matemática, a parte que nãqo estava prevista neste experimento! Você!
_Eu?
_Sim meu plano ganhou uma nova perspectiva quando aos poucos fui vendo sua atuação nesta viagem, foi por isso que te contei tudo.
_Você quer que eu divulgue seu plano?
_Hahahahahhahahhaha, e você acha que alguém acreditaria? É incrível ver o que você não sabe sobre a humanidade, mas vcê ainda é jovem, tem a capacidade de perceber o que eu sou capaz, por uma ironia do destino eu achei você, e agora você é o único que sabe o que vai acontecer.
_Tem os outros eles participaram de tudo!!!
_Opa, esqueci deste detalhe, O doutor tirou um dispositivo do bolso e acionou um botão.
Um imenso barulho seguido de um clarão veio de cima da colina, quando o rapaz olhou viu os restos da van que caíam lá do alto.
_Nãããããããããaãoooooooooo!!! Ele olhou para o doutor e partiu com tudo para cima dele.
_O doutor puxou outro dispositivo e com um disparo o rapaz foi ao chão se contorcendo.
_Eletricidade!!! É por causa dela seus músculos funcionam, e sua força também, você agora é o único que sabe, a luz só se faz visível quando a escuridão está presente, um salvador só é notado quando há um inimigo, você é a antítese, o elemento matemático que proporcionará o equilíbrio! Só você pode me deter agora, um vislumbre disto me passou pela cabeça quando você mesmo me disse a palavra, como é mesmo que você se chamou quando eu perguntei seu nome a primeira vez, pense naquela palavra! E sinceramente? estou torcendo por você.
“Bem vindo a João Monlevade” dizia a placa, que o fazia pensar quem era esse sujeito e o que havia feito para ter uma cidade com seu nome.
_Quem foi esse loque? Pronunciou em voz baixa.
_Um engenheiro de minas, que veio da França pra explorar esse quintal, disse um senhor de cabelos brancos que saía caminhando lentamente com as mãos para trás da formação rochosa da beira da estrada.
_Doutor Vilas Boas ! disse o rapaz assustado com a repentina aparição daquele sujeito.
_A exploração deste francês resultou nessa imensa siderúrgica que dá pra ver e ouvir daqui, está vendo, logo ali.
Rapaz ficou mudo, e como se preparasse para algo, ficou recuando meio abaixado, enquanto o senhor se aproximava.
_O sonho da maioria dos habitantes daqui é trabalhar nesta siderúrgica, e como este francês proporcionou este sonho, nada mais justo do que por o nome dele na cidade não concorda?
_O rapaz ainda continuava calado e atento.
_Claro que simplificaram um pouco, Jean Antoine Felix Dissendes de Monlevade para João Monlevade, esse povo é mesmo uma piada.
_O rapaz se abaixou como se preparasse um ataque enquanto o senhor olhava para a cidade de costas para ele.
_Não acha mesmo que isto vá funcionar não é rapaz? Pense um pouco, pois não quero ter de enterrar um dos meus reféns nessa terra de puxa sacos.
_O rapaz se endireitou, enquanto o senhor chegava bem perto dele olhando em seus olhos.
_Quem é você doutor?
_Muito bom rapaz! Coerente! eu vim aqui mesmo falar disto com você, eu sou um sociólogo, me aposentei faz um tempo, pois estudando as minúcias cheguei em um ponto em que não podia seguir em frente.
_Porque nos seqüestrou?
_Justamente por causa do que eu descobri, vocês são a primeira parte do meu grande plano.
_Plano? Seqüestrar quatro pessoas sendo que um é um pai de família é chamado de plano agora?
_Você acha mesmo que eu vou levar em conta quatro vidinhas medíocres como a de vocês? Chegou a hora da verdade meu caro e querendo ou não você vai ficar sabendo dela.
_E qual é a verdade?
_A verdade é que vocês estão passando por um experimento sociológico, e num experimento infelizmente não posso levar em conta seus desejos e aspirações inúteis, infelizmente um experimento deve ser repetido, para comprovação do resultado!
_ Pelo que sei Doutor, acho que posso me sentar para ouvir atentamente!
_A vontade.
_Uma coisa muito simples, enquanto o homem não aprimorar sua consciência a sociedade permanecerá primitiva do modo em que está.
_Não entendo.
_O homem é o principal culpado pela sua miséria existencial, não existem culpados ou inocentes, governos corruptos, nem bandidos nem mocinhos, apenas reflexos da sociedade como um todo.
_E como seqüestrar quatro pessoas vai ajudar?
_Boa pergunta, no começo eu achei que um bom governo, ou seja um bom estado daria conta do recado, porém precisaríamos de um bom estadista, então tratei de procurá-lo.
_Você queria uma ditadura.
_E porque não? Uma overdose de patriotismo neste país cheio de recursos? Um déspota esclarecido, um líder que realmente este povo pudesse confiar, a não ser por um pequeno detalhe...
_Qual.
_Mesmo que eu achasse este ser, uma criatura tão rara que podemos contar nos dedos os que apareceram no decorrer da história, ainda assim cairíamos em um velho dilema histórico.
_Dilema histórico?
_Sim, o povo adora um ditador simplesmente porque ele aponta o caminho a seguir, mas e depois que ele morre? O povo se perde de novo em meio a sua ignorância! Aí teremos mais um mártir que deixou sua marca na história devido ao seu sacrifício banhado em sangue, depois só restam idiotas seguidores de sua doutrina, que não fazem nada além de babar gritando seu nome.
_Isso só resolveria por um tempo, como aconteceu em todas as nações do mundo.
_Correto! E eu me vi dentro deste dilema, a luta contra a ignorância, um inimigo tão poderoso que é impossível dimensioná-lo, e se não posso dimensioná-lo, não posso contê-lo, demarcá-lo, analisar sua estrutura e achar um antídoto.
_Mas ainda tem um plano?
_Sim, sim meu amigo, é daí que me surgiu um momentum da razão! “Nullum nerezza, Omnia luce diventa” então o que e faria era utilizar esta ignorância a favor da própria humanidade.
O rapaz parou, sua atenção se resumiu nas próximas palavras que o doutor diria.
_Se um salvador só viria a avacalhar a situação a única coisa que irá salvar o mundo é um inimigo comum.
_O quê?
_O que sempre pregou a imaginação primitiva do ser humano em sua religião seja ela qual for? Hã? O inimigo!! O esquerdo! A luta eterna do bem contra o mal, a luta de Ormuz contra Arimã a serpente de fogo! Deus contra o diabo. Se um salvador irá estimular somente a preguiça e a inércia existencial do ser humano, um inimigo cruel estimulará a parte nobre dele. E finalmente o ser humano se encontrará com que ele sempre idealizou, o mal personificado.
_Você é louco!!!
_Hahahahhaha, segundo a própria definição do homem sim! Mas voltando ao assunto, meu plano começou a ficar claro agora?
_Sim, você será o inimigo!!!
_Excelente meu amigo, e este pequeno seqüestro é só o começo do meu plano, mas algo não está estranho pra você?
_Praticamente tudo.
_Certo eu sei, mas você já imaginou porque eu estou te contando tudo isto agora?
_Não pensei neste detalhe.
_Porque existe uma variável na equação.
_Variável?
_Sim uma antítese, um elemento que determina o coeficiente de equilíbrio da equação matemática, a parte que nãqo estava prevista neste experimento! Você!
_Eu?
_Sim meu plano ganhou uma nova perspectiva quando aos poucos fui vendo sua atuação nesta viagem, foi por isso que te contei tudo.
_Você quer que eu divulgue seu plano?
_Hahahahahhahahhaha, e você acha que alguém acreditaria? É incrível ver o que você não sabe sobre a humanidade, mas vcê ainda é jovem, tem a capacidade de perceber o que eu sou capaz, por uma ironia do destino eu achei você, e agora você é o único que sabe o que vai acontecer.
_Tem os outros eles participaram de tudo!!!
_Opa, esqueci deste detalhe, O doutor tirou um dispositivo do bolso e acionou um botão.
Um imenso barulho seguido de um clarão veio de cima da colina, quando o rapaz olhou viu os restos da van que caíam lá do alto.
_Nãããããããããaãoooooooooo!!! Ele olhou para o doutor e partiu com tudo para cima dele.
_O doutor puxou outro dispositivo e com um disparo o rapaz foi ao chão se contorcendo.
_Eletricidade!!! É por causa dela seus músculos funcionam, e sua força também, você agora é o único que sabe, a luz só se faz visível quando a escuridão está presente, um salvador só é notado quando há um inimigo, você é a antítese, o elemento matemático que proporcionará o equilíbrio! Só você pode me deter agora, um vislumbre disto me passou pela cabeça quando você mesmo me disse a palavra, como é mesmo que você se chamou quando eu perguntei seu nome a primeira vez, pense naquela palavra! E sinceramente? estou torcendo por você.
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(Uma Ótima semana do abismo à todos)
8 comentários:
Primeirooooooona!!! Uhu!!! (Dâââr!)
Caraca, Flávio, que filosofia magnífica!!! Faz mesmo todo o sentido: "a luz só se faz visível quando a escuridão está presente, um salvador só é notado quando há um inimigo". Perfeito!!!
Parabéns!!!
Bjos!!!
Qual era a palavra? Qual o nome, porra?? hehehehe
Dei umas perdidas no texto, mas isso não excluiu todo o mérito!
Iche! Também me perdi aqui, Carlim! Hahahhahahah!! Mas tem razão, isso não tira mesmo o mérito.
Uma pena terem morrido os caras da van. Se esse texto é a continuação de um outro que já li, lá havia personagens bem interessantes.
meu deus
tenho que tomar deduções por mim mesmo
flavio, você fez todo o mundo pensar agora
Em pensar que já passei por João Monlevade pelo menos umas 5 vezes enquanto trabalhei na Educação a Distância viajando pelo norte de Minas e Espírito Santo!
Sempre fiquei intrigado com esse nome "João Monlevade" e agora entendo o porquê !! E para quem duvida do Flávio, basta dar uma olhadinha nesse link: http://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_monlevade e conhecer mais sobre esse engenheiro francês.
A lição do texto é mesmo muito válida! Se não há um "tubarão" em nossa vida, não nos preocupamos em melhorar ou trazer à tona o que de melhor temos!
E já dizia o tio Oscar: “A idéia que não é perigosa, não merece ser chamada de idéia”
Esses planos são loucos demais! o inimigo, com certeza é um fator fundamental para tudo!! Mas a parte que eu gostei mais foi o título, quel falava sobre o abismo!
Ótimo texto!
Abraço!
Caraca... o texto ficou superbacana!!!
geogr�fico, did�tico e filos�fico!!!
Abra�o!
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