Passou rapidamente por mim e foi se esconder embaixo do sofá. Não tive tempo de vê-lo direito. Era algo muito peludo. Preto, com um quê de branco que se destacava na pelagem. Sem dar a devida atenção, continuei o meu árduo trabalho... de colocar mais um post no blog de umas pessoas conhecidas. Trabalho este que me tomava horas a fio, horas, sem que nenhuma manifestação artística se interpusesse em meu caminho.
Entretido com a tentativa do novo texto estava, entretido fiquei. Já nem me lembrava que algum animal peludo, negro com algo branco se havia colocado embaixo do meu sofá. E ficava a devanear sobre a vida, os acontecimentos recentes, os não tão recentes, enfim, tentava dar um novo tom à minha vida marástica. Ao contrário do animalzinho que ali havia, não queria ter uma vida em preto e branco. Mas sim uma vida colorida, com tons de vermelho, laranja e amarelo... Cores quentes que até algum tempo atrás me representariam bem. Hoje, especialmente no dia de hoje, não me encontrava em preto-e-branco. Era pior, sentia-me em tons pastéis!!!
Uma verdadeira aquarela se fazia e desfazia dentro de mim, era uma verdadeira guerra de cores, e eu, aqui fora, permanecia com cara de paisagem em frente à minha máquina. Acordei do torpor quando senti ou ouvi que estranhos ruídos vinham do meu sofá... Barulhos inéditos, que não me eram familiares e até me assustavam um pouco. Lembrei-me da pequena zebra que ali habitava. Já não havia certeza de que ali embaixo havia um ser inofensivo. Podeia ser um animal peçonhento, selvagem, perigoso... As cores que em mim havia tornaram-se brancas: brancas de medo, brancas de susto...
Receoso do que acharia, abaixei-me, com armas em punho para encontrar com a terrível fera. Susto! Surpresa! Era um coelho. Um coelho branco, com pintinhazinhas negras... Hã? Mas eu vira um vulto negro, com as cores opostamente colocadas e era bastante veloz!!! Se fosse um coelho, teria percebido... Mesmo? A essas alturas já não confiava mais em meus sentidos. Não saberia dizer quais as cores que se faziam presentes em mim. O pobre animal, mais assustado que eu, com os olhos vermelhamente brilhantes, encolhia-se. Desejoso no olhar de não virar um ensopado de coelho ou coisa do gênero.
Ainda sem entender bem o que acontecia em meu torno, desisti do texto da semana. Aquilo fora um sinal mais que justificável para eu não me atrever a escrever uma linhazinha sequer. Em relação às cores, desejava ser cinza, branco mais preto, e torcer para que as cores fossem se escurecendo, até se tornar a noite mais negra e a melhor noite para um bom sono rejuvenescedor. Em relação ao coelho, acho que ainda está onde o encontrei há três semanas!
5 comentários:
Caraca!!! Preciso me recuperar da surpresa!!!
O teor fantástico do texto é mais do que original e atraente: é algo que flutua entre o absurdo e o fascinante... Maravilhoso, o que há de mais simples e, ao mesmo tempo, profundo, na palavra...
Lindo, Rê... De vez em quando os bons artistas ganham essas visões de presente para que os leitores possam ganhar os seus presentes.
Parabéns!!! Bjos!!!
Se eu tivesse escrito esse texto, com certeza esse coelho aí iria começar a falar! Hahhahahahha!!!
Mas se eu estiver escrevendo e ver um bicho desses passando por mim, juro que não consigo escrever é nada! Hahahhahaha!!
Muito bom! Ficou algo intrigante, com alguns jogos de palavras... meio poético até! Devaneie mais, amigo!
Grande abraço!
Os textos de quarta-feira estão arrasando!
Belo texto vassago,
mas o negócio do coelho é sério?
tem que dar comida pra ele rapaz!
Régis!!!
Hahahahahaha Caramba! Juro que só li seu texto agora, depois de já ter escrito e postado o meu! Coincidência ou não, resolvemos falar de cores essa semana!!
Adorei essa vertente sua: fantasiosa, mágica, surrealista e poética, claro!!
Super parabéns!!
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