E sei lá o que de mim

por Felipe Carvalho

E o pior é que eu sei! Sempre soube e continuo sabendo. Mas a todo o momento sou levado a dessaber, a fingir ignorância ou mesmo a acreditar que nada sei e nem deveria desconfiar. Está claro, didaticamente ilustrado em minha cabeça como sempre esteve. No entanto, de um jeito brasileiro ou tirânico acabo agindo como inocente e dando atestado de estupidez. E finjo não saber.

E vem a gostosinha sensação de se prever pequenas desgraças. Claro! Já se criou o hábito, são tantas repetições. Não há como não acertar! Tem sido assim há tanto e, se nada foi feito, não será difícil que me torne o profeta da vez, o profeta das mini-tragédias! O revés do bom-senso, da pró-atividade, da inteligência emocional.

Eu tenho um sei que mal se sabe, um sou que não consegue ser nada, um quero que mais ninguém quer, um penso que é invisível, um amo mudo e insondável, um acho que é de se achar graça, um gosto que mais ninguém gosta e um por favor que nem por misericórdia... E o pior é que eu sei!