Jennifer Aniston

Amada por Carolino, Hért e Ciro M. Costa

Olá! Que legal, já comecei a contar alguma coisa. Acho que vou me apresentar primeiro. Sim, isso mesmo. Bom, pessoal, eu me chamo Hért. Eu gosto desse nome. Soa meio inglês. Ninguém o colocou em mim, pois ninguém coloca nomes em seus corações. Isso mesmo! Eu sou um coração! Sou um pobre coração que já pertenceu a alguém um dia, e que hoje... bem, é melhor contar essa história direitinho...
Eu era o coração de um rapaz chamado Carolino. Sabem, há muitas coisas sobre Carolino que eu poderia contar para vocês, mas seria perda de tempo. Quando se conta uma história, é necessário que se conte apenas o necessário. Entenderam? “Necessário que se conte o necessário”. Ficou bem colocado, não?
O que vocês precisam saber, é que Carolino era um rapaz que se apaixonava fácil e que era fã incondicional da atriz Jennifer Aniston. Isso mesmo! Aquela daquele seriado americano com os amigos no apê. Carolino achava que ela era a “mulher mais perfeita e mais bela da face da Terra”, e sonhava um dia achar alguém como ela (já que possuir a própria seria muito difícil). Muitos de seus amigos o condenavam por isso, afinal, era uma grande besteira, e “quem escolhe demais acaba sendo escolhido”. Mas Carolino não ligava. Tinha fé de que um dia acharia uma mulher como a Jennifer Aniston, e que essa seria a única com quem se casaria. Otimista o nosso garoto, não é mesmo?
Bem, pessoal, olha só que interessante! É agora que acontece a magia das histórias, contos e narrações e é por isso que peguei tamanho gosto por contar essas coisas! Vocês não há de verem, que nosso personagem realmente encontrou uma garota idêntica à Jennifer Aniston? Hã? Já pensaram que coisa maluca é essa nossa vida? Pois é! Deus sim, é um grande brincalhão, viu? Eu fico bobinho!
Pois então... Carolino encontrou essa moça, que também se chamava Jennifer (uma estranha coincidência dessa vida maluca) e fez aquilo que todo homem deve fazer para conquistar uma moça. E assim ele conseguiu, e assim eles começaram a namorar. E assim foi.
Olha, e eu vou contar outra coisa muito legal pra vocês. Prestem atenção: Carolino era mesmo muito apaixonado pela Jennifer! E vice-versa! E versa-vice! Como eram apaixonados aqueles dois! Dava até inveja! Meu amigo estômago costumava me dizer que por muitas vezes ele sentia frio quando Carolino se encontrava com Jennifer. E eu lhe confessava que sempre batia mais forte. Um bom amigo era o estômago, viu? Tenho saudades dele e dos rins! Como eram engraçados aqueles dois! Hahahhaha!! Certa vez me contaram a piada da urina amanhecida que...
Bem, é melhor não desviar o assunto. Eu ia dizendo que Carolino estava muito feliz com Jennifer. Sim, uma felicidade que, a qualquer momento, poderia ser interrompida. E foi mesmo...
Certa feita, Jennifer contou à Carolino que ela estava muito, muito doente.
- Você vai morrer? – perguntou Carolino (segundo as cordas vocais me contaram depois)
- Não se eu receber um transplante de coração. – disse Jennifer (isso quem me contou foram os tímpanos).
Aquela fora uma triste notícia para todos nós. Durante muitos dias, Carolino chorou e chorou. Não queria perder sua amada de jeito nenhum. O pior de tudo, é que começamos a passar necessidade em seu organismo. O estômago estava sempre reclamando que estava vazio e os olhos já estavam quase morrendo afogados em lágrimas. Foram tempos difíceis.
O mais difícil de tudo, foi Jennifer arrumar um doador. Ela estava na fila de espera, mas seu prazo já estava se esgotando. Se ela não conseguisse um coração urgentemente, morreria.
Foi então, que Carolino resolveu:
- Eu vou doar meu coração para ela!
Fora uma notícia e tanto. Todos no organismo me encaravam, para ver qual seria minha reação. Mas que reação eu poderia ter, a não ser continuar bombeando o sangue de Carolino? Muitas veias falaram que eu estava tentando ignorar o triste destino. Bem, talvez eu estivesse mesmo. E daí? Ninguém tinha nada com minha vida não. Lembro que na época, cheguei até a brigar com o intestino, pois esse só falava merda.
Bem, Jennifer, claro, não aceitou a idéia de Carolino. Ela não podia permitir que seu amado me desse pra ela, senão ele morreria! Sim, isso mesmo! Sou um importante órgão do corpo humano e, sem mim, ninguém sobrevive! Mas Carolino repetia que a vida dele não faria sentido se Jennifer não existisse. Por outro lado, Jennifer dizia a mesma coisa. Ou seja, na cabeça deles, um não podia viver se o outro morresse. E tal discussão durou muitos e muitos dias... até que Carolino tomou sua importante decisão.
Segundo o cérebro me contou, Carolino teve o seguinte pensamento: “Não há mais tempo! Nenhum doador apareceu e Jennifer já está quase no fim de sua vida! Não posso mais ficar aqui parado! Minha amada precisa viver!”.
Então, amigos, algo trágico aconteceu. Jesus Sacramentado, me arrepio só de lembrar! Gente, olha só que coisa mais horrível: Carolino se suicidou-se. Éééé! Pode uma coisa dessas? Uma pessoa tão jovem, tirar sua vida assim! Credo! E o interessante de tudo é que, segundo os olhos, Carolino deixou uma carta assim escrito: “Por favor, doem meu coração para Jennifer, o mais rápido possível!”.
Olha, gente... não foram horas fáceis aquelas. Carolino acabara de se matar, e muitos de nós no organismo precisávamos lutar para continuar vivendo. Mesmo assim, sabíamos que nosso fim era certo.
Foi quando um espermatozóide se aproximou de mim (até hoje não sei como diabos ele conseguiu isso) e disse:
- Olá Hért! Tenho pouco tempo para lhe falar. Escute, sou um espermatozóide que deveria ser um líder se nascesse, certo? Pois agora, só me restou liderar todos os outros órgãos até que chegue nossa hora. Por isso, vim até aqui lhe avisar que os outros órgãos vão usar suas últimas forças para manter você vivo. Você consegue me entender?
- Entendo sim, ué!? – eu disse. – Quanto tempo ainda temos?
Infelizmente, o tal espermatozóide morreu antes de me responder a pergunta.
Gente, agora, o mais engraçado de tudo. Prestem atenção, ó, só pra vocês verem o quanto essa vida é engraçada: alguns minutos depois que o espermatozóide morreu, eu perdi minha consciência completamente. Scapuft! Apaguei legal! Ainda estão prestando atenção nisso? Então continuem, pois, quando acordei, não estava mais no organismo de Carolino! E nem de Jennifer! Acordei dentro de um vidro, em um laboratório de uma universidade. A Universidade Jennifer Aniston.
Entenderam? Sacaram tudo, né? Se não, leiam minha história de novo, pois não pretendo contá-la novamente. O que houve foi um terrível engano e essa história é muito triste. Daqui por diante, eu, Hért, somente irei contar belas histórias de amor, pelo menos enquanto estiver dentro desse vidro.
Estejam bem... e amem sempre!