quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Em busca da sinfonia perfeita

(Por Rafael grande)

Em pleno século XXI,uma época em que já não haviam mais novidades em nenhuma área cultural e muitos menos originalidade,nasceu uma formidável criança,com um dom divino;ou uma maldição para muitos,um apurado ouvido musical.Essa criança revolucionaria a área musical clássica (uma coisa completamente impossível para esse nosso século,sendo que nos outros gêneros musicais já era difícil,sem nenhuma novidade,imagina na música clássica).
Então nasceu Chopinski,um garoto estranho,franzino e quase um altista,isolado no seu mundinho,num pequeno quarto de subúrbio num sobradinho do Rio de Janeiro.O garoto sonhava em ser um novo Beethoven do século XXI,e sem falsas pretensões,e acima de tudo não queria ser um Mozart da vida,macaquinho de circo do pai e que morreu na sarjeta com medo de seu pai,embora Chopinski amasse Mozart também.Havia lido todos os livros e escutado tudo sobre esses dois que eram seus ídolos,e fontes de inspiração,mas não podia inspirar-se demais neles,pois se não, seria plágio ou uma mera imitação barata e ele não queria isso,queria uma coisa sua,verdadeira e original,nem que morresse procurando isso.
Ele cresceu num meio musical meio infértil para buscar novas idéias,numa cidade em que só se ouvia funk atualmente,até o samba raíz já era quase esquecido e ainda salvava um pouco da MPB.A mãe de Chopinski só escutava sertanejo,e seu pai ia todo domingo com seu panderinho participar de uma roda de pagodão no bar do "queixada",e o irmão então nem se fala,só ouvia rap e por incrível que pareça um rock muito paulada que nem "Vomitors".Então como poderia surgir um gênio nesse antro anti-música?ele mesmo se indagava muito sobre isso,mas nunca desistiu.
Chopinski foi crescendo e antes de entrar no conservatório,tocava um piano imaginário,fazia tudo na sua cabeça, uma coisa de gênio mesmo,porque seu pai como peão de obra não tinha condições para comprar um piano.Mas logo o pai começou a perceber o talento de seu filho e penhorou seu fusca 87,para comprar um piano de segunda mão e bem derrubado.Chopinski transformou o piano velho que estava até sem algumas teclas,num lindo piano grande,de um marrom bem escuro e com pedais dourados.Ele colocou o piano no cubículo de seu quarto,e lá ficava o dia todo tocando e compondo até os dedos darem calos ou sangrarem.E já nem dormia mais,aproveitando que agora dormia na sala,por causa do espaço que o piano ocupava.
Muitos anos depois,já bem adulto,Chopinski havia tornado-se um mito,um músico de primeira,um grandioso pianista e cientista da música,e agora conhecido mundialmente e que continuava com seu sonho da tal música,já que verdadeiros compositores da música clássica não haviam revolucionado em nada,simplesmente fizeram algumas alterações e modificações para deixarem a música mais perfeita,e portanto ele não queria que isso virasse seu carma.Sua primeira contribuição para o mundo musical,foi finalizar o "Réquiem de Mozart"(1791),a música sombria e misteriosa,uma das melhores dele,porém inacabada,e ele fez,como ninguém jamais havia se atrevido a tal ou tentado se quer chegar perto,deixando todos no mundo musical(compositores,músicos,maestros,críticos e principalmente historiadores da música)de boca aberta e sem cabelo,por causa de tanta inveja,por se tratar de um brasileiro.
Mais anos se passaram e sua maldição persistia, a tal sinfonia perfeita e original,não vinha,nem depois de fazer mestrado e doutorado,e de ter tornado-se um maetro Mor no cenário mundial e nada realmente vinha a sua cabeça.Tinha mais de dez pianos em sua nova casa agora e um mini estúdio,e nada de nada,nehuma gota de criatividade,o máximo que alcançou foi criar novas notas e e pequenos allegros através de grande fusões,e umas sinfonias mais diferentes para nossa época,mas que não eram tão diferentes para a época de seus ídolos.Ele agora estava muito rico,e bem estruturado,podia até mesmo viver mais duas gerações,mas por dentro sentia-se pobre,sem poder inovar ou renovar a música clássica do jeito que sempre sonhara,e não como os critícos queriam,(-aqueles critícos podres e sem alma e completamente surdos,mais que Beethoven)dizia Chopinski com muito ódio no coração e que não venderia-se para o sistema da música pop.E assim sua vida foi consumida por essa busca,abstendo-se de família,amigos,amores e até mesmo herdeiros,já que poderia ensinar algum de seus filhos a tocar,compor e principalmente a continuar tal busca.
No fim de tudo Chopinski sabia que era inútil continuar,e que toda essa busca,não passava de uma ilusão.Ele só pensava:-nem tem mais como inovar ou renovar em pleno século XXI,em nenhuma área cultural(seja ela na música,na literatura,no cinema ou na arte),e principalmente na música clássica,onde eu estava com a cabeça de desperdiçar toda uma vida procurando por isso,e agora sei porque Mozart,ficou doente e morreu,porque apesar de ser o maior de todos os gênios compositores ele também não conseguiu sua sinfonia perfeita que tinha na cabeça ou pelo menos não terminou,e nem inovou tanto,só renovou com mais perfeição.Portanto agora no fim da minha vida desisto dessa busca,e sei que nesse século não há mais como criar mais nada e só temo pela morte musical.Só que chopinski alcançou um grande feito que ninguém jamais havia imaginado,além de terminar o Réquiem de Mozart,ele despertou no Brasil a paixão pela música clássica em muitas pessoas e até mesmo nas crianças,e agora sabia que alguém com mais talento,determinação e obssessão poderia fazer algo pela música e que ele não morreria sozinho na sargeta em vão,mas ele morreu com a seguinte pergunta na cabeça:-Será que alguém vai conseguir achar a sinfonia perfeita que muitos procuraram,até mesmo Mozart,para a vida musical,ainda nesse século?ou pelo menos antes do fim do mundo?

6 comentários:

Ciro disse...

Rafael, a sinfonia perfeita já foi conseguida. Ela é mais ou menos assim:

TARARAM, TIRARIM, PLIM, PLIM, PLAM, PLAM, PARALALAM, TARAM, TARAM... TUM, TI, TUM, TI, TUM... e por aí vai!

Muito bom, estou sentindo um crescimento em vc (literário, antes que alguém pense besteira).
"Chopinski"! Putz, que nome!!! Hahahhahahahaha!!!!

Abraço!

Rafael disse...

heheheheheh valeu ai ciraoooooo
mas essa sua sinfonia deve ser perfeita mesmo hein hehehe
abraço

Sessyllya ayllysseS disse...

Qual o artista que não busca sua obra perfeita? Qual o ser humano que não busca a vida perfeita? Quem é que, um dia, ao olhar pra trás, não se arrepende de ter perdido tempo em busca de algo - a perfeição - que simplesmente não existe? Esse texto mostra muito bem a confusão que fazemos com nossos "destinos": a perfeição não é o fim a ser alcançado, mas está em cada parte do caminho que seguimos.
Muito bem, Rafa! Está de parabéns!
Bjus!!!

Carlos Filho disse...

Caraaca...
Devo dizer mais esse texto me prendeu mesmo! Passou bem uma historia de vitória e fracasso...e não pos assim dizer pois a semente foi plantada...

Parabéns Rafael...bom mesmo!
Tomara que surja mesmo um Chopinski...

Pietro disse...

Muito bom o texto, e ele nem precisou encontrar a sinfonia perfeita para entrar para a historia das artes, pois conseguiu fazer o Brasil escutar um pouco de ópera, o que já foi a sinfonia perfeita



E "Chopinski" ? No Brasil?

Putz

Felipe Carvalho disse...

"Chopinski" ahuahuahuahuahauhaua

Citando um trecho de um surto meu:

"Poucos artistas têm tantas baladas de sucesso como Elton John. Dia desses, Elton comentou que sempre acha que fará a canção perfeita, aquele hino 100% redondo e fenomenal, mas que esse momento nunca vem! E não vem mesmo, embora ele possa se aposentar sem quaisquer preocupações quanto ao seu legado ou a um possível "esquecimento". O fato é que nunca estamos saciados mesmo!"

O gostoso da perfeição é estar sempre atrás dela! (sem neuroses, é claro!) hehehe

Também senti um crescimento seu nesse texto, Rafa!

"O covarde nunca tenta, o fracassado nunca termina e o vencedor nunca desiste".
(Norman Vincent Peale)

"A prática leva à perfeição, menos na roleta russa". ;)
(Anônimo)

Parabéns, cara!! Abraços!