O Abraço de Carl DreftHort

Por Bruno C. O. Carvalho

Aquele homem, que detinha todo o poder da empresa. Que tinha a capacidade e a genialidade de fazer o que quiser, estava ali, em pé, bem na frente de Stuart, pedindo um abraço. O cabelo que até então era bem penteado, estava mais arrepiado e sujo do que nunca. Seu olhar, que até então só havia ambição, agora detinha um tom melancólico.
- O cara tá na merda mesmo! – Pensou Stuart, dando um sorriso falso e um abraço mais falso ainda.
- Então Stuart... a empresa agora é toda sua. Nada mais a declarar. Passar bem! – E foi-se embora.
- Mas... senhor?
Não adiantava mais, pois o homem já havia ido embora. Mal sabia Stuart que aquele olhar melancólico juntamente com aquele abraço inesperado, iria marcá-lo profundamente, pelo resto de sua vida. O modo que aquele homem abria a sua guarda perante a ele ficou em sua mente. Ele, Stuart, que até então queria apunhalar o homem pelas costas, tinha naquele momento, a oportunidade de fazê-lo, sem preocupação nenhuma, na sua frente.
“Ele poderia ter me despedido ao saber de meu golpe contra a empresa. Ele... poderia ter me desmascarado... Um homem tão inteligente? Por que ele fez isso?”

Somente após muito tempo, depois de trabalhar arduamente e perceber que tudo aquilo não valia a pena, Stuart refletira sobre o que supostamente teria acontecido. E daí saiu pela estrada, sem rumo e sem direção, para depois voltar e fazer o que parecia certo a si-mesmo: Encontrar outro para retrucar o abraço...