Uma surpresa beeeem bacana

Surpreendido por Ciro M. Costa

Ao acordar daquela maneira, George Rildo sabia que ia ter um dia difícil, mas não sabia o quanto estranho seria. Estava em um quarto escuro, amarrado à uma cadeira. De alguma forma, sabia que estava em algum cômodo de sua casa, e que os móveis haviam sido todos retirados dali. "O que está acontecendo?", ele pensou, "Será alguma espécie de assalto? Por que esses bandidos não vão assaltar os mais ricos? Eu não tenho dinheiro nenhum!!".

Nem bem teve esses pensamentos, e a porta se abriu. George já aguardava ver dois ou três homens encapuzados e estava pronto para fazer o que eles quisessem. No entanto, no lugar disso, ele viu 3 velhos conhecidos seus: o coelho Tórbi, a impressora matricial mágica e o guerreiro Makyro Sam.

- Uhhuhuhuhh!! Olá, Geoooorge!!! - disse alegremente o coelho Tórbi.

George, assim como qualquer outro pensaria, achou que fosse tudo fruto de sua imaginação. De repente, ele acordara de manhã amarrado em uma cadeira, e recebia a visita de 3 personagens que ele mesmo havia criado para postar histórias em um blog. É. Era imaginação mesmo.

- Acho que dispensamos apresentações, não é? - disse Makyro Sam, olhando George seriamente e fincando sua espada no chão.

- Claro que sim! Hehehe! - disse George. - Vocês são fruto da minha imaginação. Daqui a pouco eu irei acordar!

- Truiiiiiim! Truiiiiiiim! - disse a impressora.

- Assim como as histórias que escreve, você também diz frases clichê, George. - disse Makyro. - "É tudo fruto de minha imaginação". Não consegue escrever ou dizer coisas originais?

- Eu sei de uma boooa!! Huhuhuhu!!! - disse o coelho Tórbi. - Qual a última coisa que você gostaria de ouvir de seu chefe? "Você é impagável!", huhuhuhuhuh!!!! Entendeu? "Impagável"! Não vai querer ouvir isso de seu chefe! Ele não vai te pagar! Huhuhuhuhuhu!!! Essa é do George!

- Sossega o facho um pouco, Tórbi. - disse Makyro. - Precisamos conversar sério com nosso criador aqui.

- Me descuuuuulpe!

- Truiiiiiiiiiiim!!!!!

- Okey! Falem o que quiserem, até eu acordar dessa merda toda! Quero ver como meu psicólogo vai interpretar esse sonho depois que eu acordar.

- Continue achando que isso é um sonho, George! - disse Makyro. - Acho que deveria achar que se trata mais de um pesadelo, levando em conta o que vamos fazer com você.

- Hahahhahaha!!! Mas gente?! Fazer o quê comigo? E por quê??

- George, George... você nos abandonou, rapaz! Se não tivesse matado quase todos os outros personagens em suas histórias (que os céus tenham a galinha Gilda e o crocodilo Bóski), eles também estariam aqui nessa luta. Estariam aqui, conosco, para saber por que diabos você parou de escrever no blog. O que há? Por acaso só pensa em você? Acha que gostamos de ser inventados e não ser usados depois?

De alguma forma, George estava começando a achar que aquilo era muito, muito real.

- Hein? Do que é que vocês estão falando? Já sei, é um trote do pessoal do blog! Estão fantasiados assim para me assustar, não é? Hahhahaha!! Muito boa, pessoal.

Makyro virou-se para a impressora mágica e disse:

- Srta Epson, mostre pra ele.

- Truuiiiiiiiiim!!!!

Dito isso, a impressora mágica começou a imprimir umas folhas malucas, de onde saíram várias abelhas azuis, que em questão de segundos construíram uma colméia gigantesca dentro do quarto. Depois disso, a impressora flutuou em pleno ar e começou a jorrar papel, como se fosse uma cachoeira psicodélica.

- Acha que isso é brincadeira ainda, Geoooooorge???? - perguntou Tórbi. - Brincadeira, brincoalhadeira, brinqueideira, brincochildo, brinca... ahhhhhh!!! Huhuhuhuhuhuh!!! Uau, sou mesmo um coelho muito maluco, hã? Hã? HÃ????? - e Tórbi se aproximou de George, encarando-o face a face e suando feito um macaco de perua (nada a ver!).

- Eu... eu...

- Éééé... não é fácil, né George? - disse Makyro. - Sabe, eu gostaria muito de estar alegre como o Tórbi, mesmo depois de tudo. Mas eu não posso, sabe? Como sendo um de seus personagens sérios, eu tenho esse pequeno problema. Além de tudo, ao contrário das histórias de Tórbi e outros animais falantes, minhas histórias seguiam uma certa sequência. E, acredite, fiquei muito magoado quando você parou de me escrever sem terminar essa sequência. Isso é que é falta de consideração!

- M-mas... entendam! Eu não tenho mais tempo de postar no blog! Estou cheio de trabalhos e...

- Todo mundo está sempre cheio de trabalhos, George. Mas nem por isso deixam de assistir sua TV, alugar seus filminhos na locadora, conversar no MSN, ler um gibi, viajar, fazer sexo... até tomar aquela cervejinha, hã? E você trocou tudo isso pela gente!

George não estava gostando do olhar daqueles três. Sentiu que a coisa ia ficar muito séria.

- Bom, mas agora é tarde demais. - disse Makyro, e a impressora mágica cuspiu um computador conectado à internet (essa impressora é MÁGICA mesmo, hã?). - Estamos montando nosso próprio blog agora, George.

O coelho Tórbi sentou-se na frente do computador e começou a redigir uma história.

- A partir de agora, George, você será nosso personagem. E nós decidiremos quando parar de escrever sobre você.

- Como???

Neste momento, George se viu livre das cordas, e percebeu que estava vestido como um astronauta.

- O que está acontecendo comigo?

- A partir de hoje, você será "George, perdido no espaço". Huhuhuhuhuhu!!! Huahuahauhauhauha!!!! - riu loucamente o coelho Tórbi.

- Mas esperem aí! A gente precisa conversar mais sobre isso! Vocês estão sendo muito radicais!!! Não pode ser assim não!!!!

- Podemos sim, George! - disse Makyro, colocando sua espada na bainha. - Você sairá desse seu mundo de ocupações e viverá em um outro completamente diferente, deixando tudo isso pra trás! Nada de serviços, cervejas, desculpas, viagens, sexo... terá que viver sem tudo isso. Seu tempo e suas ocupações? Nós é que decidimos agora! Só pra você largar de ser bobo.

- É! - concordou Tórbi. - Nunca mais você será bobo! Larga disso! Huhuhuhuhuhuhuh!!!

- Não!!!! Esperem!!!! NÃO!!!!!!!!!

George tentou impedir Tórbi, mas não conseguiu. Como num passe de mágica, se viu dentro de uma nave espacial, sozinho. Através de uma tela, viu várias outras se aproximando. Uma batalha espacial ia começar. "Isso não é mesmo um sonho ou pesadelo!", pensou ele. "Meus personagens me foderam legal!!! Mas que diabos? Eles também não são nada criativos! Batalha espacial? Façam-me o favor!!".

- É, Tórbi?! Não dá pra fazer nada mais criativo não? - perguntou Makyro.

- Xiiiiiiii!!!!! Que tal George, perdido na ilha deserta? Huhuhuhuhu!!!

- Bom... acho que podemos fazer tudo isso. Temos muito, muito tempo para escrever outras histórias com nosso novo personagem...

- Truiiiiiiiiiiimmmm!!!! (tradução: "Alguém pode trocar meu cartucho?")

EM BREVE: UMA NOVA NOVIDADE...