Por Bruno Carvalho
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Um jovem rebelde briga com o único irmão por conta de uma bobagem (é sempre assim que as brigas começam). Os dois rolam pelo chão trocando socos e pontapés. Depois de alguns segundos, seu irmão o acerta com um certeiro soco e a briga acaba (por enquanto). O jovem, ainda movido pela raiva, se mune de uma faca e parte para cima dele, até que... mata o próprio irmão. Agora só o que resta é a imagem do irmão agonizando. Suas últimas palavras foram: “Não foi culpa sua!”. A casa nunca esteve tão silenciosa. A triste imagem de um cadáver em confronto com o choro do pobre rapaz. Que entre muitos lamentos, pensava em como se comportaria no velório, como seria a sua vida de agora em diante, que amava o irmão, que não tinha coragem para suicidar e ainda um pensamento que era mais forte de todos: “O que iriam pensar dele...”
"Nestes casos, a vítima sofre muito menos que o assassino..."
2
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Ronaldo Marques de Souza se casou com uma mulher que não amava, trabalha em um emprego que odeia, e não tem nenhum hobby. Sequer teve uma ambição na vida. Apenas trabalho, casa e assistir o futebol no domingo. Dois filhos maravilhosos, mas ele não dá a mínima. Todas as vezes que alguém lhe pede algo, esse alguém sempre recebe como resposta um sonoro "não!". Prefere fazer hora extra no "trabalho que não gosta" do que ir pra casa.
"Esse cara já morreu antes mesmo de nascer... "
3
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Pedro e Roberto foram grandes amigos entre a quinta e a oitava série. Conversavam muito sobre futebol, televisão e garotas que eram impossíveis de conquistar (naquela época, quase todas). "Que tempos bons eram aqueles! Que os problemas se resumiam em apenas tirar boas notas".
Muitas primaveras se passaram, e ambos cresceram e tiveram outros amigos. De vez em quando se encontravam, mas não se cumprimentavam. Um sabia quem era o outro, mas por algum motivo não se cumprimentavam. Queriam, de certa forma, relembrar os velhos tempos, falar sobre a vida, mas algo, que nem mesmo eles conseguiam explicar, os impedia. Talvez o medo do outro amigo não reconhecer ou coisas do gênero. Estranhamente, Pedro e Roberto sabiam um da vida do outro. Ao passear pelo shopping, Pedro viu Roberto com a namorada e pensou: “Que bom que meu amigo está namorando, já não é mais o tímido Roberto de antigamente...”. Quando Pedro se casou, Roberto ficou sabendo. Anos depois, Roberto também se casou e teve uma filha, que Pedro também tomou conhecimento. E assim, cada um seguia a sua vida. Até que um deles faleceu.
No velório, dentre várias pessoas, uma se destacava. Era um senhor distinto e bem vestido. Este senhor não conversava com ninguém, apenas contemplava o defunto. - Eu sabia que viria... – disse a viúva. - Desculpe... a senhora me conhece? - Claro que sim, meu marido sempre me dizia que você era o seu melhor amigo. Pedro deu um longo sorriso. A esposa percebeu a sua emoção. O homem olhou fixamente para Roberto e para mulher, e com uma confiança inabalável disse a ela: - Ele também... – e foi-se embora.
"O conceito de amizade não é sempre o que parece..."
4
. O homem se chamava Marco Fontoura. Escrevia muito bem. Tanto que suas obras faziam muito sucesso. Porém, algo aconteceu após a sua morte. Estranhamente, novos textos com a sua autoria continuavam a ser publicados em jornais e revistas. Seus livros continuavam a ser lançados, e uma legião de pessoas passou a apreciar ainda mais os textos do agora renomado escritor “Marco Fontoura”. Os mais céticos diziam que tudo não passava de uma brincadeira dos fãs. Outros ainda, acreditavam que tudo isso seria um mero truque das editoras. Mas a esmagadora maioria ainda acredita que há um grande mistério, ou até que “Marco Fontoura” ainda esteja vivo. Os mais fanáticos dizem que viram Marco Fontoura andando pela rua, ou que agora ele trabalha para uma empresa de concreto. A polêmica é tanta que quase ninguém mais assume seu óbito, nem mesmo sua família. É o que acontece com grandes ícones da humanidade:
“Morre o homem, nasce uma lenda.”
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Um jovem rebelde briga com o único irmão por conta de uma bobagem (é sempre assim que as brigas começam). Os dois rolam pelo chão trocando socos e pontapés. Depois de alguns segundos, seu irmão o acerta com um certeiro soco e a briga acaba (por enquanto). O jovem, ainda movido pela raiva, se mune de uma faca e parte para cima dele, até que... mata o próprio irmão. Agora só o que resta é a imagem do irmão agonizando. Suas últimas palavras foram: “Não foi culpa sua!”. A casa nunca esteve tão silenciosa. A triste imagem de um cadáver em confronto com o choro do pobre rapaz. Que entre muitos lamentos, pensava em como se comportaria no velório, como seria a sua vida de agora em diante, que amava o irmão, que não tinha coragem para suicidar e ainda um pensamento que era mais forte de todos: “O que iriam pensar dele...”
"Nestes casos, a vítima sofre muito menos que o assassino..."
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Ronaldo Marques de Souza se casou com uma mulher que não amava, trabalha em um emprego que odeia, e não tem nenhum hobby. Sequer teve uma ambição na vida. Apenas trabalho, casa e assistir o futebol no domingo. Dois filhos maravilhosos, mas ele não dá a mínima. Todas as vezes que alguém lhe pede algo, esse alguém sempre recebe como resposta um sonoro "não!". Prefere fazer hora extra no "trabalho que não gosta" do que ir pra casa.
"Esse cara já morreu antes mesmo de nascer... "
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Pedro e Roberto foram grandes amigos entre a quinta e a oitava série. Conversavam muito sobre futebol, televisão e garotas que eram impossíveis de conquistar (naquela época, quase todas). "Que tempos bons eram aqueles! Que os problemas se resumiam em apenas tirar boas notas".
Muitas primaveras se passaram, e ambos cresceram e tiveram outros amigos. De vez em quando se encontravam, mas não se cumprimentavam. Um sabia quem era o outro, mas por algum motivo não se cumprimentavam. Queriam, de certa forma, relembrar os velhos tempos, falar sobre a vida, mas algo, que nem mesmo eles conseguiam explicar, os impedia. Talvez o medo do outro amigo não reconhecer ou coisas do gênero. Estranhamente, Pedro e Roberto sabiam um da vida do outro. Ao passear pelo shopping, Pedro viu Roberto com a namorada e pensou: “Que bom que meu amigo está namorando, já não é mais o tímido Roberto de antigamente...”. Quando Pedro se casou, Roberto ficou sabendo. Anos depois, Roberto também se casou e teve uma filha, que Pedro também tomou conhecimento. E assim, cada um seguia a sua vida. Até que um deles faleceu.
No velório, dentre várias pessoas, uma se destacava. Era um senhor distinto e bem vestido. Este senhor não conversava com ninguém, apenas contemplava o defunto. - Eu sabia que viria... – disse a viúva. - Desculpe... a senhora me conhece? - Claro que sim, meu marido sempre me dizia que você era o seu melhor amigo. Pedro deu um longo sorriso. A esposa percebeu a sua emoção. O homem olhou fixamente para Roberto e para mulher, e com uma confiança inabalável disse a ela: - Ele também... – e foi-se embora.
"O conceito de amizade não é sempre o que parece..."
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. O homem se chamava Marco Fontoura. Escrevia muito bem. Tanto que suas obras faziam muito sucesso. Porém, algo aconteceu após a sua morte. Estranhamente, novos textos com a sua autoria continuavam a ser publicados em jornais e revistas. Seus livros continuavam a ser lançados, e uma legião de pessoas passou a apreciar ainda mais os textos do agora renomado escritor “Marco Fontoura”. Os mais céticos diziam que tudo não passava de uma brincadeira dos fãs. Outros ainda, acreditavam que tudo isso seria um mero truque das editoras. Mas a esmagadora maioria ainda acredita que há um grande mistério, ou até que “Marco Fontoura” ainda esteja vivo. Os mais fanáticos dizem que viram Marco Fontoura andando pela rua, ou que agora ele trabalha para uma empresa de concreto. A polêmica é tanta que quase ninguém mais assume seu óbito, nem mesmo sua família. É o que acontece com grandes ícones da humanidade:
“Morre o homem, nasce uma lenda.”
4 comentários:
Comentário do autor:
Geralmente, quem escreve, tem que puxar um pouco da imaginação para ter alguma inspiração. No caso dessas histórias, tudo aconteceu naturalmente. depois de ter a idéia´para a primeira história, pensei; - Mas essa história é muito curta! E a partir daí, deixei que a inspiração para as outras viesse, e daí juntei todas elas!
Um grande abraço a todos! Esperoi que gostem da escolha!
Pois eu acho que vc deveria ter deixado a inspiração te levar para mais umas 30, viu? Pois só essas 4 deram gostinho de "quero mais".
Não sei se tinha dito na vez anterior q vc postou, mas minha predileta é a terceira, por ser algo que me acontece com muita frequência (só não fui no enterro de nenhum amigo ainda, graças a Deus)
Boa escolha, irmão! Li o texto todo novamente, com o maior prazer!
Grande abraço!
Grande texto brunao
ja tinha lido este tambem
gostei de todos, especialmente do 1º e do 3º.
brunao ta muito bacana adorei mesmo e pra variar tambem nao tinha lido esses show de bola mesmo deveria investir mais nisso tambem valeu demais abraço
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