sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Luta em família – parte 2

Por Ciro M. Costa


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- Está certo, guerreiro. Já vi que não vai mesmo lutar. Então, só me resta acabar logo com isso.
Então, Samyra Hatso ergueu sua espada. Matso Hatso, como se pressentisse o perigo, virou-se, e gritou:
- SAMYRA!! NÃO!!!!!
- Vou acabar com minha própria vida, papai! Não faz sentido continuar vivendo sem ter uma luta digna com você!
- Pare com isso, Samyra!! Você está falando asneiras!! Sua vida vale muito mais do que isso!
- Sou eu quem define o valor de minha vida e quando acabar com ela. E eu escolho este momento, para que você se sinta culpado pelo resto de sua vida... pela morte de duas filhas!!
- Não!!! Está bem, eu luto com você! Mas não faça isso!!
Samyra não era nenhuma tola. Bem sabia qual era a intenção de seu pai. Eles lutariam novamente, e ele se entregaria, deixando-a matá-lo. Mesmo tendo se esquecido de bons sentimentos, Samyra sabia como um pai ou uma mãe eram capazes de tudo para preservar a vida dos filhos.
- Não, papai! Não quero mais lutar com você! Eu sei o que você pretende, e não vou deixar que faça isso. Adeus.
E Samyra atravessou a espada em seu próprio peito.
- NÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃOO!!!!!!!!!!! – gritou Matso Hatso desesperadamente, e correu ao encontro da filha, pegando-a em seus braços. - Samyra!! Samyra, minha filha!!! Fale comigo!! Não morra!!!
Mas Samyra já estava morta.
Se Matso Hatso não estivesse tão desesperado, talvez percebesse que acabara de derramar uma lágrima de tristeza, algo importante em sua jornada. Mas alguém percebeu, e pegou a lágrima antes que ela caísse no chão e a colocou em um dos vidros.
- Já tem sua primeira lágrima.
Matso Hatso olhou assustado, e viu o espírito de sua falecida filha segurando o vidro.
- K-Kyra?
- Deixe Samyra, papai! É tarde demais.
- Não!!! Ela precisa de cuidados médicos!! Eu vou...
Kyra Hatso aproximou-se do pai e, com movimentos cuidadosos, tirou Samyra de seus braços e o abraçou.
- Ela se foi, papai. Sou eu quem vai cuidar dela agora.
- Não! Eu não posso deixar!! Eu não vou...
- Shhhh... calma, meu pai. Não relute, ou será bem pior para o senhor. Tudo dará certo.
- Ela... ela vai ficar bem, minha filha?
- Não.
- O q-quê??
- Samyra cometeu o pior dos crimes, que é tirar a própria vida. Ninguém tem direito de fazer isso consigo, e agora ela deve pagar por isso, e por todos os crimes que ela cometeu.
- Pagar como??
- Samyra deverá ficar em um lugar próprio para a recuperação de seu espírito. Não se trata de um lugar muito agradável, mas é necessário que ela fique um bom tempo por lá, até que perceba coisas que não conseguiu perceber em vida. Não vou mentir para você, papai: ela irá sofrer muito.
Matso Hatso chorou novamente. Não queria aceitar o que Kyra lhe dizia, mas sabia que era necessário. Ela continuou, com sua voz bondosa:
- Não se preocupe, meu pai. Mesmo no sofrimento, Samyra não estará sozinha. Eu, juntamente com forças maiores, estaremos vigiando e orando por ela. Peço que você ore por ela também! Ela vai precisar, e muito!
- É tudo culpa minha!!!
- Não, não é! E o senhor sabe disso. Samyra sabia muito bem o que estava fazendo. Não deixe que ela consiga o que queria, fazendo com que se sinta culpado. O senhor fez o que podia, e deixar de lutar foi uma das coisas mais nobres que já vi!
- Então... você viu tudo!
- Sim! Penso que o senhor nem deveria ter começado a luta, mas já me surpreendi em ter desistido dela. O que Samyra fez em seguida não é culpa de ninguém. Sequer havia jeito de impedi-la. Agora, quero que o senhor prossiga com sua jornada, pois ela ainda é muito importante para sua evolução.
Então, Kyra pegou Samyra em seus braços, e desapareceu no meio da floresta. Por um momento, Matso Hatso sentiu que aquela fora a última vez em que vira as duas. De certa forma, sabia que Kyra não mais apareceria para ele. Estava claro que o guerreiro deveria prosseguir com sua jornada, consciente de todas as conseqüências de seus próximos atos.
Se deveria mesmo se vingar de Makyro? Matá-lo? Ele ainda não sabia. Mas sabia que era hora de reencontrar sua mestra antes de voltar pra casa.

7 comentários:

Anônimo disse...

A história está mais ocidentalizada do que antes, mas mantem o padrão Matso hatso

muito bom, hípnotiza a gente

Rafael disse...

caramba está otimo mesmo é de deixar nos todos aqui sem conseguir parar de ler cirao nao vejo a hora de ver o que vai acontecer e vamos avante com o matso

Flavio Carvalho disse...

Ô loooooco nenê,

massa demais Ciro,
muito massa mesmo,
totalmente inesperado

muito bom.

Bruno Carvalho disse...

Cara!
devo tirar o chapéu! Pois essa história está excelente!
A sequência está muito bem elaborada, e a maneira com que ele adquire a lágrima ficou muito bem colocada!!!
Meus sinceros parabéns! Muito bom mesmo!!!

Abraço!

Pietro disse...

porra cara

ficou muito bom mesmo, de tirar o chapéu, louvável

apesar de que eu já esperava esse desfecho

mas foi muito bom mesmo!

Sessyllya ayllysseS disse...

Ciro,

sua obra-prima está a cada texto mais aprimorada. Vc está conseguindo manter o padrão de objetividade, de filosofia, de qualidade do texto...

A Samyra me surpreendeu, manteve a coerência de sua personalidade. Gostei da parte em que ela vai prum lugar especial pra entender o que não entendeu em vida... Ficou bem explicado, nada de castigo eterno, apenas uma fase necessária ao aprendizado...

Parabéns, colega!
Tô é curiosa pro desfecho (pra variar)...
Bjos!!!

Carlos Filho disse...

Boa, só pra completar mais post mesmo...hahahahahahaha