Narrado pelo Sr. Manequito
Sempre achei que o sentido da vida fosse o amor. Amar todo mundo e pronto acabou, essa é a solução. Às vezes isso não parece tão simples, visto que não é fácil amar uma pessoa que fez uma coisa muito ruim pra você. Mas também não é tão difícil assim. É assim que funciona a vida. Amor, sem dor. Bonita rima, não?
É por isso que procuro amar meu irmão sempre, apesar dele não conversar comigo há anos. O Manecão é assim mesmo: tá nem aí não. Mas eu amo ele. Amo ele, minha esposa, meus filhos, meu trabalho, meus amigos... amo até meus inimigos! Deve ser por isso que eu nunca fico doente. Ou será por que sou médico? Bem, o que importa é que Manecão voltou a falar comigo há alguns minutos atrás. Fiquei feliz de verdade. E o mais bonito de tudo isso: Manecão me deu um empurrão, salvando minha vida e demonstrando preocupação.
No entanto, mais estranho que Manecão falar comigo, foi o fato de um vampiro aparecer. Até agora não sei se isso é alguma espécie de pegadinha. Bem, pelo desespero do Manecão e do amigo dele (um que apareceu correndo com umas pastas de dente na mão), não deve ser nenhuma espécie de brincadeira. Hoje é mesmo um dia muito estranho.
O tal Andrebito gastou 3 tubos de pasta de dente em cima do vampiro. Este, desesperado, começou a gritar e se contorcer no chão. Manecão deu-lhe uns chutes, gritando:
- Fala, vampiro fiadaputa!!!
- Calma, Manecão! – disse Andrebito. – Desse jeito não vamos conseguir arrancar nada dele!
- Aaaaaaaaargh!!!!! Me deixem em paaaaaz!!!! – gritou o vampiro.
Ao que me pareceu (e fiquei sabendo mais tarde), estavam tentando arrancar informações da criatura, de como ela havia se transformado. Engraçado como Andrebito e meu irmão pareciam estar preparados praquilo. Quem se levanta em plena segunda-feira de manhã preparado para lidar com vampiros?
Bem, acho que todos nós, não é mesmo?
- Gente, vamos com calma. Apesar de ser um monstro, ele também deve ser amado. – eu disse.
- Cala a boca, Manequito! Fica longe daqui, senão te arrebento!
Apesar das rudes palavras, não fiquei com raiva de meu irmão. Pra quê, né? Deixar as pessoas te contrariar só fará mal a você mesmo. Fiz o que ele pediu, e me afastei.
Não só eu, como todas as outras pessoas da lavanderia estávamos em um canto, confusos e esperando a coisa toda se resolver. De certa forma, estávamos confiando em Andrebito e Manecão pra tomar conta de tudo. As pessoas não paravam de comentar:
- ‘Genducéu’! Que que isso que tá acontecendo minhanossasenhoradaabadiadocéu!!!
- É o fim do mundo, pessoal! O mundo tá ‘cabando’!
- Chama o padre, né gente?
- Parece filme de terror barato.
- Gente, eu tô bege!
- Pensei que essas coisas só aconteciam em São Paulo.
- ‘Táca’ alho nele, meu ‘fi’!
- É tudo culpa do prefeito!
- Credo! Que cheiro ruim aqui.
Esse último comentário me deixou encucado. Realmente, aquela lavanderia tinha um cheiro horrível. Devia ter um bicho morto ali dentro. Eis uma coisa que não dá pra amar: cheiro ruim.
Não demorou muito, até que o tal vampiro ficou com raiva e jogou Andrebito e meu irmão na parede. Agora sim, estávamos desesperados. Me ocorreu que podíamos ter saído da lavanderia antes, mas acho que a curiosidade era tanta, que nem tínhamos pensado nisso. O que é o ser humano, né? Sempre curioso e sem pensar na própria segurança. Gente, esse mundo precisa mudar muito ainda.
Com os pseudo-caçadores de vampiros inconscientes e o pessoal correndo de um lado para o outro, resolvi agir naquela hora. Claro, não ia usar violência, pois violência não leva ninguém a nada. Me aproximei do vampiro nervosinho e tentei conversar com ele:
- Ei, amigo. Está tudo bem. Calma.
- Grrrrrrr.... eu não sou seu amigo!!! – disse ele, se aproximando de mim.
- Claro que é, cara! Somos todos irmãos e amigos! Eu gosto de você! – falei isso com muita calma, e lhe pisquei um olho amigavelmente.
- Você é alguma espécie de psicólogo, cretino?
- Hahahahah!!! Claro que não! Sou apenas alguém tentando lhe ajudar! Venha! Eu lhe estendo minha mão!
- Só se for pra morder!!!
- Morder? Não, não faça isso! Morder não é bom!
- Mas eu quero sangue!!!
- Escute, amigo! Por que vai querer sangue? Venha comigo! Eu te levo a um restaurante onde você poderá comer arroz e feijão. Assim poderemos conversar melhor e eu poderei lhe ajudar. O que acha?
- Eu acho que você está morto!!!
- Claro que não, irmão! Estou aqui, vivo e pronto para te ajudar!
- Grrrrrr!!!!! Eu vou tomar o seu sangue!!
- Não diga isso! Sangue não faz bem pra saúde, a não ser quando doado! Que tipo de sangue é o seu?
- Grrraaaaaaaaaur!!!!!!
O vampiro gritou e pulou na minha direção. Creio que esse era meu fim.
Mas eu amo ele assim mesmo.
É por isso que procuro amar meu irmão sempre, apesar dele não conversar comigo há anos. O Manecão é assim mesmo: tá nem aí não. Mas eu amo ele. Amo ele, minha esposa, meus filhos, meu trabalho, meus amigos... amo até meus inimigos! Deve ser por isso que eu nunca fico doente. Ou será por que sou médico? Bem, o que importa é que Manecão voltou a falar comigo há alguns minutos atrás. Fiquei feliz de verdade. E o mais bonito de tudo isso: Manecão me deu um empurrão, salvando minha vida e demonstrando preocupação.
No entanto, mais estranho que Manecão falar comigo, foi o fato de um vampiro aparecer. Até agora não sei se isso é alguma espécie de pegadinha. Bem, pelo desespero do Manecão e do amigo dele (um que apareceu correndo com umas pastas de dente na mão), não deve ser nenhuma espécie de brincadeira. Hoje é mesmo um dia muito estranho.
O tal Andrebito gastou 3 tubos de pasta de dente em cima do vampiro. Este, desesperado, começou a gritar e se contorcer no chão. Manecão deu-lhe uns chutes, gritando:
- Fala, vampiro fiadaputa!!!
- Calma, Manecão! – disse Andrebito. – Desse jeito não vamos conseguir arrancar nada dele!
- Aaaaaaaaargh!!!!! Me deixem em paaaaaz!!!! – gritou o vampiro.
Ao que me pareceu (e fiquei sabendo mais tarde), estavam tentando arrancar informações da criatura, de como ela havia se transformado. Engraçado como Andrebito e meu irmão pareciam estar preparados praquilo. Quem se levanta em plena segunda-feira de manhã preparado para lidar com vampiros?
Bem, acho que todos nós, não é mesmo?
- Gente, vamos com calma. Apesar de ser um monstro, ele também deve ser amado. – eu disse.
- Cala a boca, Manequito! Fica longe daqui, senão te arrebento!
Apesar das rudes palavras, não fiquei com raiva de meu irmão. Pra quê, né? Deixar as pessoas te contrariar só fará mal a você mesmo. Fiz o que ele pediu, e me afastei.
Não só eu, como todas as outras pessoas da lavanderia estávamos em um canto, confusos e esperando a coisa toda se resolver. De certa forma, estávamos confiando em Andrebito e Manecão pra tomar conta de tudo. As pessoas não paravam de comentar:
- ‘Genducéu’! Que que isso que tá acontecendo minhanossasenhoradaabadiadocéu!!!
- É o fim do mundo, pessoal! O mundo tá ‘cabando’!
- Chama o padre, né gente?
- Parece filme de terror barato.
- Gente, eu tô bege!
- Pensei que essas coisas só aconteciam em São Paulo.
- ‘Táca’ alho nele, meu ‘fi’!
- É tudo culpa do prefeito!
- Credo! Que cheiro ruim aqui.
Esse último comentário me deixou encucado. Realmente, aquela lavanderia tinha um cheiro horrível. Devia ter um bicho morto ali dentro. Eis uma coisa que não dá pra amar: cheiro ruim.
Não demorou muito, até que o tal vampiro ficou com raiva e jogou Andrebito e meu irmão na parede. Agora sim, estávamos desesperados. Me ocorreu que podíamos ter saído da lavanderia antes, mas acho que a curiosidade era tanta, que nem tínhamos pensado nisso. O que é o ser humano, né? Sempre curioso e sem pensar na própria segurança. Gente, esse mundo precisa mudar muito ainda.
Com os pseudo-caçadores de vampiros inconscientes e o pessoal correndo de um lado para o outro, resolvi agir naquela hora. Claro, não ia usar violência, pois violência não leva ninguém a nada. Me aproximei do vampiro nervosinho e tentei conversar com ele:
- Ei, amigo. Está tudo bem. Calma.
- Grrrrrrr.... eu não sou seu amigo!!! – disse ele, se aproximando de mim.
- Claro que é, cara! Somos todos irmãos e amigos! Eu gosto de você! – falei isso com muita calma, e lhe pisquei um olho amigavelmente.
- Você é alguma espécie de psicólogo, cretino?
- Hahahahah!!! Claro que não! Sou apenas alguém tentando lhe ajudar! Venha! Eu lhe estendo minha mão!
- Só se for pra morder!!!
- Morder? Não, não faça isso! Morder não é bom!
- Mas eu quero sangue!!!
- Escute, amigo! Por que vai querer sangue? Venha comigo! Eu te levo a um restaurante onde você poderá comer arroz e feijão. Assim poderemos conversar melhor e eu poderei lhe ajudar. O que acha?
- Eu acho que você está morto!!!
- Claro que não, irmão! Estou aqui, vivo e pronto para te ajudar!
- Grrrrrr!!!!! Eu vou tomar o seu sangue!!
- Não diga isso! Sangue não faz bem pra saúde, a não ser quando doado! Que tipo de sangue é o seu?
- Grrraaaaaaaaaur!!!!!!
O vampiro gritou e pulou na minha direção. Creio que esse era meu fim.
Mas eu amo ele assim mesmo.
7 comentários:
Esse médico é uma bichona, né???
Né não??????
hahahahahahahahaha
Iiahaihiuahiuauiah!!!
Ciro, gostei de cada uma das partes ser narrada por uma personagem diferente.
Baseando-me no que vc comentou sobre o texto do Bruno, cheguei à conclusão de que vc é um dos poucos bem-aventurados que sabem onde estão as idéias não-usadas... Cada um dos seus textos possui uma originalidade fabulosa, mesmo quando fazem parte de uma série maior. Desde os temas, até os enredos e todas as personagens, todos os elementos dos seus textos causam sempre (e no mínimo) surpresa na gente.
Só me resta dar os parabéns!!!
Sou sua fã, cara! rsrsrs...
Bjim!!!
Cara, demais1!!!
sabe quem esse manequito me lembrou? o Nebedito do exército no meu quintal!!!!
O mesmo jeitão!!!
O que você acha?
Abraços!!!
Pois é, Pietrão! Acho que minha 'sacola de idéias' está meio vazia! Hahhahahahahahahah!!!
huahuaahhaaaaha
igual, mas diferente!!!!
Ahahahahahahah, muito massa e original! Morri de rir desse irmão do Manecão, principalmente no ultimo diálogo! Se superou Cirão! Meus sinceros parabéns!!
Abraços!
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