Vinte e nove de Março. Seis horas da tarde de um Domingo ensolarado. Igreja lotada. Mais de cinco mil pessoas. A banda começa a tocar. A música empolga todos os fiéis. Eis que entra o pastor cambaleante, olhos vermelhos, cheiro de cachaça, e dançando completamente fora do ritmo. A banda para de tocar. O silêncio da platéia é sepulcral, pois todos estão ali para ouvi-lo falar. Ele custa chegar ao microfone para dizer:
- Ei, Pessoal... Por que vocês não se tornam espíritas?
A platéia se espanta com aquilo que acabara de ouvir. Na certa ouviram errado, iriam deixar passar mas...
- Vamo lá, vamo lá! To cansado dessa booooosssssssta! Ahahahahahahahah!
E a platéia atônita. Mal conseguindo saber o que estava acontecendo por ali.
- Toca um Raul Seixas aí banda! Vamo lá!
Os integrantes da banda se entreolham. Alguns até procuram nas partituras alguma letra do Raulzito, mas não encontram. Enquanto isso a platéia chora ao ver o pastor aproximar o traseiro no microfone, e literalmente soltar gases para todos:
- Eu to é me cagando pra isso aqui ó! Ahahahahahahahahah!
Com certeza o leitor deve estar se perguntando a respeito disso. No entanto, devo lembrá-lo de que esse fato faz parte do plano dos “Revoltados” para acabar com a lei da cidade. Nada melhor do que usar a imagem do pastor (que também não concordava com a lei) para pressionar a população a mudar de opinião, já que a maioria da cidade, permanecia “Conformada”.
Pedro marceneiro era o líder dos “Revoltados”. Falou com pessoas em praça pública, e disse que não sairia da cidade para exercer a profissão que quisesse. Que ficaria lá e ainda mudaria a lei. Dezenas e dezenas de pessoas o seguiram, dentre eles, estava o mais revoltado do que nunca “Liberino, o travesti”, que ainda não sabia como já havia feito mais de cem shows por ali, só porque seu pai Glauco o fazia.
Como ele, muitos não entendiam o porquê daquilo, e ainda, como tudo aquilo dava certo! Assim como dava certo a lei anti-vagabundagem, que previa que qualquer andarilho que chegasse na cidade também deveria trabalhar.
Estrangeiros não eram bem aceitos por habitantes daquela cidade. Turistas sim, estrangeiros, pessoas que vinham do nada morar por ali já era outro assunto. Todos tinham que trabalhar, e a profissão deveria ser a mesma do pai. Em tempos modernos, algumas mulheres também passaram a trabalhar, no entanto, apenas com o intuito de ajudar a família, e ainda, seguindo a profissão dos maridos. Era o caso de “Chico pasteleiro”, que trabalhava sempre com sua esposa na feira.
Várias histórias de andarilhos surgiam por ali. Certa vez, um homem chegou andando pela estrada que dava acesso à cidade:
-
- Que cidade é essa, moço?
- Aqui é Canto Pequeno, o que deseja?
- Venho de longe...
- Quem é você e o que fazia o seu pai?
- Venho da seca do Nordeste, sou filho de um pobre agricultor e...
- Pois vá lá na fazenda do Senhor João e pegue com ele uma enxada. Terás um emprego por aqui!
- Mas eu só quero uma ajuda para...
- Pois por aqui a única ajuda que receberá será essa!
- Que cidade é essa, moço?
- Aqui é Canto Pequeno, o que deseja?
- Venho de longe...
- Quem é você e o que fazia o seu pai?
- Venho da seca do Nordeste, sou filho de um pobre agricultor e...
- Pois vá lá na fazenda do Senhor João e pegue com ele uma enxada. Terás um emprego por aqui!
- Mas eu só quero uma ajuda para...
- Pois por aqui a única ajuda que receberá será essa!
-
E era só essa a ajuda que ele receberia mesmo! Não tinha opção!
Bem, mas voltando ao caso do pastor, mais especificamente falando, do plano dos revoltados, que era deveras simples: Já que eles eram obrigados a trabalhar na profissão, por que não esculachar geral? E foi isso mesmo que eles planejaram, o esculacho. O marceneiro iria fazer as mesas pelas coxas, o dentista ia deixar de obturar alguns dentes, e Liberino não iria rebolar tanto quanto rebolava antes.
E ainda o fato do Pastor ser também um Revoltado deu uma grande vantagem para eles. Pois os habitantes “teriam” que segui-lo, pois ele era o “Pastor da cidade”. É, realmente, os “Revoltados” estavam fazendo juz ao próprio nome. Começar um plano macabro daqueles daquele jeito! Sim, era um golpe de mestre!
Mas mal sabiam eles que “Os Progressistas conformados” já tinham um plano traçado:
(voltando um trecho do episódio do pastor)
(...) ao ver o pastor aproximar o traseiro no microfone, e literalmente soltar gases para todos.
- Eu to é me cagando pra isso aqui ó! Ahahahahahahahahah!
- Belo peido pastor! – disse um fiel.
- Isso mesmo, esse mostra a realidade... – disse outro.
- Ser humano peida mesmo gente, fazer o quê, né? – Falou Dona Maricota.
-
E era só essa a ajuda que ele receberia mesmo! Não tinha opção!
Bem, mas voltando ao caso do pastor, mais especificamente falando, do plano dos revoltados, que era deveras simples: Já que eles eram obrigados a trabalhar na profissão, por que não esculachar geral? E foi isso mesmo que eles planejaram, o esculacho. O marceneiro iria fazer as mesas pelas coxas, o dentista ia deixar de obturar alguns dentes, e Liberino não iria rebolar tanto quanto rebolava antes.
E ainda o fato do Pastor ser também um Revoltado deu uma grande vantagem para eles. Pois os habitantes “teriam” que segui-lo, pois ele era o “Pastor da cidade”. É, realmente, os “Revoltados” estavam fazendo juz ao próprio nome. Começar um plano macabro daqueles daquele jeito! Sim, era um golpe de mestre!
Mas mal sabiam eles que “Os Progressistas conformados” já tinham um plano traçado:
(voltando um trecho do episódio do pastor)
(...) ao ver o pastor aproximar o traseiro no microfone, e literalmente soltar gases para todos.
- Eu to é me cagando pra isso aqui ó! Ahahahahahahahahah!
- Belo peido pastor! – disse um fiel.
- Isso mesmo, esse mostra a realidade... – disse outro.
- Ser humano peida mesmo gente, fazer o quê, né? – Falou Dona Maricota.
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Continua...
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E na próxima semana:
- A explicação do plano dos Progressistas conformados;
- Outros casos dos revoltados;
- O sensacional desfecho dessa história!
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E muito mais!!!
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2 comentários:
Hahahahahahahha!!! Filhãããão! Hahahahaha!!
Bem bolado, Brunão! Cada vez melhor essa história! Como diabos terminará isso?
Abraço!
E vamos ver o que vem a seguri. hehehe
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