sexta-feira, 10 de outubro de 2008

O Desaparecimento do Palhaço Chuzz

Encontrado por Ciro M. Costa

É clichê dizer que “Ninguém sabe o dia de amanhã”. É verdade. Mas eu digo mais: “Ninguém sabe o dia de hoje. E ninguém sabe o dia de ontem”. Coisas estranhas e inexplicáveis acontecem todos os dias, a toda hora. Muita gente não acredita nelas, porque nunca vivenciou algo parecido, ou simplesmente porque não se lembra de tudo o que aconteceu. Mas elas acontecem. Não só pelo fato de simplesmente acontecerem, mas porque elas precisam acontecer, por algum motivo ou outro.

Certa vez, um desses acontecimentos estranhos aconteceu com o Palhaço Chuzz. O sujeito era bacana. Se pintava de branco, vermelho e amarelo e fazia as pessoas rirem. Mas elas riam muito. Chuzz tinha um ‘quê’ de inovador em suas graças. Não era aquele humor pastelão que estamos acostumados a ver no circo. Tombos, cambalhotas, torta na cara, balde de água na cabeça... nada disso. Chuzz sabia fazer uma boa graça, com piadas atuais e bem cotidianas. Eram ‘sacadas’ inteligentes.

- Uma boa piada não é o pio de um pintinho. Uma boa piada é o pio de um bom pintinho. – era o que ele dizia sempre, e todos adoravam.

Não sei se Chuzz ganhava muito ou pouco, mas isso nunca foi problema pra ele. Gostava do que fazia. Sentia-se bem em fazer as outras pessoas rirem, ficarem felizes. Sentia-se realizado, mas também fazia por dinheiro.

Mas (sempre tem que haver um ‘mas’ para dar uma reviravolta na história), um belo dia, algo estranho aconteceu. Do nada, sem explicação nenhuma, Chuzz desapareceu. E quando digo ‘desapareceu’, é ‘desapareceu’ mesmo! O palhaço simplesmente evaporou no ar. PUFT! Onde estaria Chuzz?

Eu conto pra vocês. Eu sou um narrador, ser onipresente. Posso estar em qualquer lugar que quiser.

Chuzz foi parar em um jardim, bem em cima de uns girassóis azuis. Era um lugar muito bonito, porém, bem diferente do que estamos acostumados a ver. O céu estava mais azul do que de costume, e o vento tinha um aroma tranqüilizante. De longe, podia-se ouvir um coro cantando uma bela canção.

Neste momento, um gato apareceu. Na verdade, não era um gato comum. Era um gato que possuía o poder de se desdobrar astralmente, ou seja, podia sair de seu próprio corpo e passear com seu espírito por aí. Momentos antes de Chuzz desaparecer, ele se lembrava de ter visto o tal gato olhando pra ele.

- Q-quem é você? – perguntou Chuzz. – O-onde estou?

- “Q-quem é você? O-onde estou?”? Será que vocês, recém-chegados, não dizem nada original? – disse o gato.

- Hein? V-você fala?

- Essa também é outra pergunta que estou cansado de ouvir. Bem, antes que pergunte quem sou eu... meu nome é Picolé Xinoko. Muito prazer.

- Picolé o quê???

- Este é meu nome, amigo. E você é o palhaço Chuzz, não é mesmo?

- Bem, na verdade meu nome verdadeiro é...

- Não, não! Shhhhh!! Não diga seu nome verdadeiro, isso pode estragar a graça da história, está bem?

- Tudo bem. Mas como vim parar aqui? Que lugar é esse?

- Essas são perguntas que infelizmente ainda não posso lhe responder, Chuzz. Mesmo porque você não entenderia. Basta você saber que deveria estar aqui hoje, e que poderá voltar para sua casa quando quiser.

- Bem, pois eu quero voltar agora!

- Não, você não quer. No seu interior, lá no fundo, você queria estar aqui. E é por isso que te trouxemos aqui.

- Hein? “Trouxemos”? Quem mais está envolvido nisso?

- Hahahahaha!! Você é mesmo um bom palhaço, Chuzz. Por favor, venha comigo.

Chuzz não estava entendendo nada. “Eu estava trabalhando no picadeiro, e de repente vejo um gato e venho parar nesse lugar esquisito. E não é um gato qualquer! Esse daí vira fantasma e tem o nome de Picolé Xinoko!? Que diabos de nome é esse? Que lugar é esse???”, ele pensou.

- Suas perguntas logo serão respondidas. – disse o gato, como se ouvisse os pensamentos de Chuzz.

Chegaram a um lugar movimentado. Havia um palco com várias pessoas sentadas ao redor. Pareciam esperar por uma grande atração.

- Chegamos, Chuzz. – disse Picolé. – Pode ir tomando o seu lugar.

- Hein? Haverá algum show por aqui? – perguntou o palhaço.

- O que lhe parece?

- Bem... continuo sem entender nada, mas tudo bem. Vamos ver até onde vai essa loucura. Onde eu me sento?

- Sentar? Hahahahahahah!!! Não, Chuzz, você não vai se sentar. Você vai para o palco!

- O quê???? Mas eu não quero me apresentar para essas pessoas!

- Sim, você quer.

- Mas...

- Nada de “mas”! Vá depressa! As pessoas estão esperando! E eu também!

- Mas eu não estou preparado!

- Sim, você está.

Sem ter outra alternativa (ou achar que não tinha), Chuzz foi até o palco e fez o show que estava acostumado a fazer. As mesmas piadas e graças de sempre, tudo como sabia fazer.

No entanto, dessa vez a coisa parecia ser diferente. As pessoas eram diferentes. Pareciam se divertir bem mais do que quando Chuzz se apresentava no circo. Nessa platéia, todos riam dele, sem nenhuma exceção. Chuzz estava bem contente com isso, e até improvisou novas piadas:

- ...e é por isso que a marmota não entrega marmitas!

- HAHAHAHHAHAHAHAHAHHAHAHAHA!!!!!

Depois do show, várias pessoas vieram cumprimentá-lo. E também agradecer:

- Obrigado, Chuzz! Nunca me senti tão feliz em toda a vida! Agora posso seguir em paz!

- Chuzz, você é um gênio! Jamais poderei compensá-lo por isso!

- Nunca vi um show tão bom em toda a minha vida! Tudo vai ser diferente daqui por diante!

- Agora sim, sei o que é a felicidade plena.

Chuzz não sabia o que dizer. Nunca havia ficado tão feliz, com tantos agradecimentos. Parecia ter feito um bem maior do que já havia feito. Logo após todos terem ido embora, Picolé Xinoko se aproximou dele e disse:

- Bom trabalho, Chuzz. Mas ainda tem muitos shows a apresentar por aqui.

- Hein? Por quanto tempo ainda vou ficar aqui?

- Só o tempo dirá.

- Mas eu quero ir embora pra casa!

- Não, você não quer.

E Chuzz permaneceu ali por vários meses, fazendo várias apresentações. No começo, ele não gostou muito de ser obrigado a fazer aquilo. Mas a satisfação e gratidão de sua platéia era tanta, que ele foi aprendendo a gostar com o tempo. As pessoas o adoravam. Pareciam se sentir realizadas com seus shows. Chuzz nem ligava mais por não ganhar dinheiro pelas apresentações, o que importava era fazer as pessoas felizes. E isso fazia com que ele também se sentisse feliz. Era uma satisfação interior sem igual.

Passado algum tempo, Chuzz desapareceu novamente. PUFT!!! Estava de volta à sua casa, como num passe de mágica.

- Eu... eu estou de volta! Como?? – ele perguntou.

- Do mesmo jeito que foi pra lá, ué!? – disse Picolé Xinoko, em cima de seu sofá.

- Mas... eu não queria voltar pra casa ainda!

- Sim, você queria!

- Quer parar de falar o que eu quero??? Eu sei bem o que quero!!!

- Não, você não sabe!

- Aaaargh!!!! Que droga, Picolé! Aqui no meu mundo as coisas não são como lá! Quero voltar pra lá e continuar fazendo as pessoas felizes! Quero fazer esse bem!!!

- Sério? E o que te impede de fazer a mesma coisa aqui?

Com isso, Picolé Xinoko se despediu, e no mesmo instante, desapareceu.

Desapareceu para sempre.

Hoje em dia, Chuzz está por aí, fazendo suas apresentações e cobrando por elas. Ele não se lembra mais da viagem que fez, e muito menos do gato que fazia desdobramento astral. Mas no seu íntimo, bem lá no fundo, ele aprendeu uma importante lição. Não sabe como, mas aprendeu.

E as pessoas continuam desaparecendo e aparecendo por aí, sem se lembrar de nada, ou sem que alguém perceba tais fatos.

E você? Se lembra de alguma coisa?

6 comentários:

Carlos Filho disse...

As vezes a escola somos nós mesmos! Ou será que estou bebado demais pra lembrar?
Hehehehe... Mas as vezes, neste mesmo mundo, precisamos fazer o que é preciso, e claro, com aprendizado do sub.. . Ou será que mais uma vez, estou bebado demais???

Pietro disse...

Eu me lembro de ter comido ovo frito no almoço!

Anônimo disse...

alem de ter sido longo e chato, eu kero meus direitos autorais!!! o chuz e uma expressao inventada por mim no comeco da década de 90!!! vou te processar filhao!!!!

Anônimo disse...

Ohhh, esse ñ foi só engraçado... Q saudadesss desse blog!!! Espero q voltem à ativa logo!!! Bjuu hermanooo

Flavio Carvalho disse...

Ciro, vc usou um molde de texto,
e não escreveu nada,
bôa vou fazer o mesmo !

Sessyllya ayllysseS disse...

Então é por isso...