
Era uma vez um urso azul, chamado Kirsby.
Kirsby era um urso muito feliz, alegre e descontraído, que estava sempre com um sorriso estampado no rosto. Certo dia, avisou seus irmãos (o urso roxo Torpsky e o urso verde Jensky) que iria sair pelo mundo para levar alegria às pessoas.
- Mas você vai deixar o Vale da Alegria Infinita assim? – Perguntou Jensky.
- Hahahahahahah!! Vou sim, irmão! É preciso! – Respondeu Kirsby.
- Então, que bons ventos o levem, irmão! Estaremos de patas abertas quando voltar! – Disse Torpsky. E os três se abraçaram.
Já de mochila nas costas, Kirsby saiu pelo mundo afora.
Sempre cantarolando uma música alegre, Kirsby contagiava a todos pelo caminho que passava. Muitas das vezes as pessoas ou animais em seu caminho se irritavam com suas músicas e Kirsby logo era posto pra correr. Mas ele não desistiu. Por Deus, ele não desistiu!
- Hahahahahaha!!! Eu vou levar alegria ao mundo todo! Nem que isso custe minha vida! – Disse ele, confiante.
Certo dia, Kirsby resolveu parar em um bar. Era um lugar simples, onde se servia cerveja e petiscos. Havia um grande balcão antigo de madeira e, por trás dele, havia um homem com barba por fazer e uma cara de “poucos amigos”.
- Céus, era só o que faltava! – Disse o homem, ao ver Kirsby. – Ou os desenhos de Walt Disney criaram vida, ou esse cheiro de cachaça está me fazendo muito mal!
- Olá amiguinho! Como vai? – Perguntou Kirsby, sempre sorrindo.
- Diga logo o que quer, criatura caótica!
- Credo, amiguinho! Que mal-humor, hein? Mas tudo bem, eu sou educado. Meu nome é Kirsby. E o seu?
- Céus, de onde saiu isso?
- Prazer, “Céus de Onde Saiu Isso”. Olha só, seu nome é muito grande, então vou chamá-lo só de “Céus”, está bem?
- Me chame do que quiser! Diga logo o que deseja, catso!
- Eu desejo um mundo melhor para se viver!
- Certo. Nosso banheiro está com problemas. Vai ter que fazer isso lá fora.
- Hahahahahahhahahaha!!! Você é muito engraçado, amiguinho!
- “Amiguinho” o cacete! Que boiolagem é essa agora?
- Hahahahahahahahah!!! Eu não sou boiola, amiguinho! Sou feliz apenas.
- Feliz até demais pro meu gosto!
O Ursinho Kirsby deu uma olhada no balcão e viu um vidro cheio de salsichas. Pensou consigo mesmo sozinho e individualmente porque muitos bares têm um vidro cheio de salsichas em cima do balcão. Alguém tem coragem de comer aquilo? Kirsby achava que não. Mas teve uma idéia.
- Ei, Céus! – Disse ele. – Acho que vou querer uma salsicha dessas.
O homem abriu o vidro e pegou uma salsicha com o garfo, entregando-a a Kirsby.
- Vai comê-la agora? – Perguntou o homem, com má vontade. – Se quiser, te dou um prato. Não está muito limpo, mas deve servir.
- Hahahhaahhaha!!! Não, amiguinho. – Disse Kirsby, segurando a salsicha e encarando-a, sempre com aquele sorriso irritante. – Sabe, essa salsicha é bem mais do que parece.
- É sim. Ela também é uma cenoura. E, aos sábados, ela é um martelo.
- Hahahahahahahahha!!! Sempre com suas piadas descontraídas, hein Céus? Mas não é nada disso, seu bobo! Sabe, essa salsicha é engraçada. Aliás, não só ela, como todas as outras dentro do vidro. As pessoas chegam aqui e olham o vidro com elas aí dentro, e pensam: “Pra que servem essas salsichas? Quem tem coragem de comer isso? Ainda mais em um lugar desses?”. Creio, amiguinho, que essas salsichas são como todas as pessoas discriminadas pela sociedade. Somos salsichas dentro de um pote fechado, em um grande bar imundo, e não fazemos idéia do que as pessoas pensam de nós. Muitos olham pra gente e se perguntam: “quem tem coragem de encarar isso? Quem tem coragem de conversar com isso? Quem tem coragem de ser amigo disso?”. Tudo, porque somos salsichas feias dentro de um pote e somos julgados por isso! Quem se arrisca a chegar perto de nós? Ninguém! Ninguém, amiguinho, quer experimentar uma salsicha de bar de esquina. E o que nos resta? Nos resta ficar em nosso mundo fechado, nosso pote de vidro, junto com outros como nós, porque nos é mais cômodo. E, se ninguém vier nos libertar, vamos continuar aqui, apodrecendo. Fedendo. Mas agora, amiguinho, essa salsicha está liberta. Ela está no mundo aqui fora, e saberá realmente como é a realidade.
Dito isso, Kirsby comeu a salsicha.
O homem estava pasmo. Assim como ele, estavam todos os bêbados daquele bar, que pararam para ver (e ouvir) aquilo tudo. Um deles correu para o banheiro.
- Quanto lhe devo, amiguinho? – Perguntou Kirsby.
O homem do bar não respondeu. Ainda estava pasmo. Kirsby então deixou algumas moedas em cima do balcão e seguiu seu caminho.
Os bêbados pagaram a conta e prometeram nunca mais beber em suas vidas. Acharam que ver um urso azul fazendo discurso com uma salsicha na mão já era o bastante.
O dono do bar, devido à tamanha perda de clientes, fechou o bar. Hoje ele é dono de um carrinho de cachorros-quentes e ganha quase o dobro do que ganhava no bar.
Quanto à Kirsby, este tomou rumo ignorado. Para onde ele terá ido? Eu não sei, mas fiquem espertos. A qualquer hora, ele pode aparecer aí, na sua casa ou no seu local de trabalho. Ele vai mudar sua vida, e você nem perceberá como.
Kirsby era um urso muito feliz, alegre e descontraído, que estava sempre com um sorriso estampado no rosto. Certo dia, avisou seus irmãos (o urso roxo Torpsky e o urso verde Jensky) que iria sair pelo mundo para levar alegria às pessoas.
- Mas você vai deixar o Vale da Alegria Infinita assim? – Perguntou Jensky.
- Hahahahahahah!! Vou sim, irmão! É preciso! – Respondeu Kirsby.
- Então, que bons ventos o levem, irmão! Estaremos de patas abertas quando voltar! – Disse Torpsky. E os três se abraçaram.
Já de mochila nas costas, Kirsby saiu pelo mundo afora.
Sempre cantarolando uma música alegre, Kirsby contagiava a todos pelo caminho que passava. Muitas das vezes as pessoas ou animais em seu caminho se irritavam com suas músicas e Kirsby logo era posto pra correr. Mas ele não desistiu. Por Deus, ele não desistiu!
- Hahahahahaha!!! Eu vou levar alegria ao mundo todo! Nem que isso custe minha vida! – Disse ele, confiante.
Certo dia, Kirsby resolveu parar em um bar. Era um lugar simples, onde se servia cerveja e petiscos. Havia um grande balcão antigo de madeira e, por trás dele, havia um homem com barba por fazer e uma cara de “poucos amigos”.
- Céus, era só o que faltava! – Disse o homem, ao ver Kirsby. – Ou os desenhos de Walt Disney criaram vida, ou esse cheiro de cachaça está me fazendo muito mal!
- Olá amiguinho! Como vai? – Perguntou Kirsby, sempre sorrindo.
- Diga logo o que quer, criatura caótica!
- Credo, amiguinho! Que mal-humor, hein? Mas tudo bem, eu sou educado. Meu nome é Kirsby. E o seu?
- Céus, de onde saiu isso?
- Prazer, “Céus de Onde Saiu Isso”. Olha só, seu nome é muito grande, então vou chamá-lo só de “Céus”, está bem?
- Me chame do que quiser! Diga logo o que deseja, catso!
- Eu desejo um mundo melhor para se viver!
- Certo. Nosso banheiro está com problemas. Vai ter que fazer isso lá fora.
- Hahahahahahhahahaha!!! Você é muito engraçado, amiguinho!
- “Amiguinho” o cacete! Que boiolagem é essa agora?
- Hahahahahahahahah!!! Eu não sou boiola, amiguinho! Sou feliz apenas.
- Feliz até demais pro meu gosto!
O Ursinho Kirsby deu uma olhada no balcão e viu um vidro cheio de salsichas. Pensou consigo mesmo sozinho e individualmente porque muitos bares têm um vidro cheio de salsichas em cima do balcão. Alguém tem coragem de comer aquilo? Kirsby achava que não. Mas teve uma idéia.
- Ei, Céus! – Disse ele. – Acho que vou querer uma salsicha dessas.
O homem abriu o vidro e pegou uma salsicha com o garfo, entregando-a a Kirsby.
- Vai comê-la agora? – Perguntou o homem, com má vontade. – Se quiser, te dou um prato. Não está muito limpo, mas deve servir.
- Hahahhaahhaha!!! Não, amiguinho. – Disse Kirsby, segurando a salsicha e encarando-a, sempre com aquele sorriso irritante. – Sabe, essa salsicha é bem mais do que parece.
- É sim. Ela também é uma cenoura. E, aos sábados, ela é um martelo.
- Hahahahahahahahha!!! Sempre com suas piadas descontraídas, hein Céus? Mas não é nada disso, seu bobo! Sabe, essa salsicha é engraçada. Aliás, não só ela, como todas as outras dentro do vidro. As pessoas chegam aqui e olham o vidro com elas aí dentro, e pensam: “Pra que servem essas salsichas? Quem tem coragem de comer isso? Ainda mais em um lugar desses?”. Creio, amiguinho, que essas salsichas são como todas as pessoas discriminadas pela sociedade. Somos salsichas dentro de um pote fechado, em um grande bar imundo, e não fazemos idéia do que as pessoas pensam de nós. Muitos olham pra gente e se perguntam: “quem tem coragem de encarar isso? Quem tem coragem de conversar com isso? Quem tem coragem de ser amigo disso?”. Tudo, porque somos salsichas feias dentro de um pote e somos julgados por isso! Quem se arrisca a chegar perto de nós? Ninguém! Ninguém, amiguinho, quer experimentar uma salsicha de bar de esquina. E o que nos resta? Nos resta ficar em nosso mundo fechado, nosso pote de vidro, junto com outros como nós, porque nos é mais cômodo. E, se ninguém vier nos libertar, vamos continuar aqui, apodrecendo. Fedendo. Mas agora, amiguinho, essa salsicha está liberta. Ela está no mundo aqui fora, e saberá realmente como é a realidade.
Dito isso, Kirsby comeu a salsicha.
O homem estava pasmo. Assim como ele, estavam todos os bêbados daquele bar, que pararam para ver (e ouvir) aquilo tudo. Um deles correu para o banheiro.
- Quanto lhe devo, amiguinho? – Perguntou Kirsby.
O homem do bar não respondeu. Ainda estava pasmo. Kirsby então deixou algumas moedas em cima do balcão e seguiu seu caminho.
Os bêbados pagaram a conta e prometeram nunca mais beber em suas vidas. Acharam que ver um urso azul fazendo discurso com uma salsicha na mão já era o bastante.
O dono do bar, devido à tamanha perda de clientes, fechou o bar. Hoje ele é dono de um carrinho de cachorros-quentes e ganha quase o dobro do que ganhava no bar.
Quanto à Kirsby, este tomou rumo ignorado. Para onde ele terá ido? Eu não sei, mas fiquem espertos. A qualquer hora, ele pode aparecer aí, na sua casa ou no seu local de trabalho. Ele vai mudar sua vida, e você nem perceberá como.
.
.
.
.
.
. (*) Publicado originalmente no blog "Os Desterrados", em junho de 2006
4 comentários:
AUHAUHAUHAUHAHUAUHAUHAUHAHUAUHAUHAUAHAUH
Realmente muito boa, esse ursinho Kirsby deve ter sido fruto da maconha, altas filosofias de vida e etc.
Agora me diga logo o que quer, criatura caótica!
"Somos salsichas dentro de um pote fechado, em um grande bar imundo, e não fazemos idéia do que as pessoas pensam de nós."
Hahahahahahahahahaha Falou tudo!!!
Excelente, mano! Já conhecia essa pérola fabulosa e foi um prazer relê-la!
Saudades dos Desterrados, d'Os Cronistas... Tinha uma galerinha muuuito boa por lá! VoCê é um remanescente de grande peso! Continue nos alegrando : ) Abraços!!
"Creio, amiguinho, que essas salsichas são como todas as pessoas discriminadas pela sociedade. Somos salsichas dentro de um pote fechado, em um grande bar imundo, e não fazemos idéia do que as pessoas pensam de nós." (2)
Ciro, vc é um gênio.
Sou sua fã.
Parabéns!!!
""Creio, amiguinho, que essas salsichas são como todas as pessoas discriminadas pela sociedade. Somos salsichas dentro de um pote fechado, em um grande bar imundo, e não fazemos idéia do que as pessoas pensam de nós." (3)
AH, vai tomá no cu, né????
Postar um comentário