O MINISTÉRIO DO TRABALHO PARTICULAR

Por Bruno Cesar O. Carvalho

Pode passar! Pode passar! Passe em frente ao Ministério do Trabalho para você ver! E o que você vai ver? Isso mesmo, muita gente! Muita gente meeeeesssmo!
Será que o Governo ainda não parou para pensar que todo dia o Ministério do trabalho está lotado. Para conseguir os respectivos auxílios, é preciso ter tempo, pegar senha, esperar, etc! Será porque é por conta do serviço público? Não acredito.

Dizem as más línguas que foi feito um teste em uma cidade do interior: Privatizar o ministério público. Daí, o ex-empregado (também conhecido como desempregado, sem sorte, Zé Mané, coitado, etc) não passaria por tantas humilhações. Funcionaria assim: A empresa autorizada para “o trabalho do Ministério do trabalho” teria direito a uma porcentagem da receita.
Até então, tudo bem. Todos lucravam! A população recém desempregada se dizia satisfeita com o “novo trabalho do novo ministério do trabalho”. Agora mais ágil e eficiente. Se ficasse desempregado, rapidamente a situação estava finalizada. Nada de filas nem burocracias.
No entanto, de olho nos lucros, alguns empresários, “na maciota”, em conluio* com o Ministério do Trabalho Particular, criaram as empresas BARKS. No ínicio, a cidade aprovou, pois a recém chegada empresa prometia emprego a todos:

“Se você quer trabalho, venha para BARKS! A empresa que mais contrata no Brasil!”

Mas tudo não passava de um golpe bem sujo! Vejamos um relato de Miguel Gomes, Também conhecido pela alcunha* de “Tibinha”:

“A empresa era até muito bonita. Eu queria só um emprego de faxineiro, mas logo o subgerente me disse:

- Que faxineiro que nada! Quem limpa bosta é detergente! Se dê o valor cara! Vou te dar o emprego aqui de... hum, vejamos... Técnico em relações públicas! Salário de R$ 3.420,00! Tá bom, né? - Tá ótimo eu disse! Acreditei naquela história de emprego.

Logo depois ele me pediu para ir na sala da gerência para que eu assinasse uns papéis... “- Entre lá sem bater” – disse o sub gerente. E eu fui. Ao chegar lá o gerente foi logo dando esporro:

“- Quem é você? Pra chegar em minha sala sem nem mesmo bater na porta?”

- É que o rapaiz falô que...
- Rapaz a puta que pariu! Deve ter sido o subgerente! Quem é você, cara! Tá surdo?
- Sim... isso mesmo... eu sou o Miguel, novo técnico em relações públicas e...
- Tá demitido!
- Como assim?
- Ah! Tenha a Santa paciência! Um técnico em relações públicas que não sabe falar, não sabe a denominação de cargos, chega sem bater! Tenha dó meu filho! Tá demitido! Vá direto para o Departamento Pessoal e depois para o Ministério do Trabalho Particular!

E era assim nas empresas BARKS. Eles realmente cumpriam o que prometiam: contratavam! Mas demitiam logo em seguida. Só pra ganhar a porcentagem do dinheiro das pessoas que eram atendidas no Ministério público particular. Uma baita sacanagem.

Relato de Marquinhos, outro morador da cidade:

"Tinha esquema de tudo: O subgerente empregava, e o gerente demitia. O subgerente vinha com ilusões, tipo: É isso aí! Finalmente está empregado! Parabéns! Mas o gerente vinha e demitia! Sempre tinha um defeito.

Subgerente: - Entre aí! Tá contratado!
Gerente: Entre aí! Tá demitido!

Subgerente: - Cargo: Professor de Filosofia! Tá contratado.
Gerente: - Mas eu quero é um professor de Geografia! Tá demitido!

Subgerente: - Vá lá na sala e grite, pois o gerente é meio surdo...
Gerente: - Tá gritando aqui por quê? Tá achando que é quem? Tá demitido!

Subgerente: - Vá vestido de azul.
Gerente: - Eu sou daltônico cara! Some daqui!

Tsc, tsc... Foi assim por um bom tempo, até que eles desconfiaram. Por algum tempo, as empresas BARKS realmente contrataram e deixavam a pessoa trabalhar. Até que ela fosse demitida. Tudo para que o plano não fosse desfeito.
Na gráfica BARKS, tinha cargo de tudo quanto é jeito, e sempre a demissão era feita. Mesmo “Birobaru, o chileno”, excelente gráfico, foi demitido. Novo na cidade, ele fez o possível e o impossível para não ser demitido. Ele era tão bom funcionário que foi difícil arrumar um motivo:

Gerente das organizações BARKS – Parte gráfica: - Pois então Birobaru, você vem fazendo tudo que a gente pede direitinho. Já está há 15 dias na empresa... Alguma reclamação?

- Não senhor, aliás, por que vocês demitiram o Teobaldo? Ele não fez nada e...

Gerente das organizações BARKS – Parte gráfica: - Ah! Quer saber... Você está demitido! Tá questionando demais! E ainda por cima é argentino! O povo não te entende e... Birobaru? Isso é nome? Tenha temência!

- E isso é motivo para uma demissão? E eu não sou argentino, sou chileno! Vocês vão ver! Vou procurar a justiça!

Gerente das organizações BARKS – Parte gráfica: - Chileno? Pior ainda! Se fosse argentino a gente dava um jeito! Tá bom então, vai lá! Mas antes passa no Ministério do Trabalho!

- É claro que vou!

Gerente das organizações BARKS – Parte gráfica: - Ahahahahhah! Vai lá!

Apesar de organizado, o Ministério do Trabalho Particular voltou a ter filas, pois muitos ex-empregados das empresas BARKS a compunham. Os auditores procuravam saber dos donos da empresa BARKS o porquê de tantas demissões:

Presidente das organizações BARKS - É tudo ruim de sela, Sr. Auditor! Esse pessoal xinga a gente, come resto da nossa comida, fala palavrão, usa drogas... Quem tá dando trabalho é ELES, e não a gente! Ahahahahahahahahahahh!

No entanto, por acharem os argumentos das organizações BARKS falhos, e por muitos outros motivos, os auditores decretaram o fim da instituição. Com isso, o até então “Ministério do trabalho particular”, perdeu as forças. O teste do governo (até agora confidencial) para privatizar o Ministério não deu certo.
Acredita-se que o Sistema de atendimento aos desempregados ainda continue falho por um bom tempo, pois:

“Enquanto existir corrupção, existirá a decepção”
(Bruno Carvalho)

“Boné de otário é marreta!”
(Dito popular)

Infelizmente!

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*Texto baseado nas conversas informais entre Flávio Carvalho, Ciro M. Costa, e Bruno Carvalho (Coincidentemente, o mesmo que escreve esse texto);

*Conluio e alcunha, duas palavras que eu sempre quis colocar em um texto, e só agora consegui! Eu adoro essa palavras! Aahahhaahah!





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