sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

O genro de José Rafaskos

Sarro tirado por Ciro M.Costa
Texto não apropriado para menores de 14 anos


Ramildo teve uma vontade imensa de chorar! Aquilo não podia estar acontecendo! Não com ele! Não naquele dia! Não com aquela garota!
- Isso nunca aconteceu antes! – Ele disse.
“É o que todos dizem!”, pensou Jaynara, e disse:
- Tudo bem! Não tem problema algum! Isso acontece com qualquer um!
“É o que todos dizem!”, pensou Ramildo.
Começaram a se vestir. A noite estava acabada para ambos.
- Da próxima vez, isso não vai acontecer! – Disse Ramildo.
- Tudo bem, Ramildo! – Disse Jaynara. – Não fique preocupado com isso! Acontece, oras!
- Será que você pode me fazer um grande favor? Não conte isso pra ninguém, tá bom?
- Isso você nem precisava pedir!
- Promete?
- Prometo!
Ramildo teve mais tristeza ainda em pagar a conta do quarto, sabendo que tudo fora inútil. “Jaynara bem que podia pagar a metade!”, ele pensou.
Quando saíram do motel, Jaynara convidou Ramildo para um jantar em sua casa no dia seguinte, talvez com intenção de fazê-lo se esquecer do ocorrido. E ela se esquecer também.
- Acho que já está na hora de você conhecer meu pai! – Ela disse.
- Se ele for tão gente boa quanto sua mãe, por mim está bom! – Disse Ramildo.
- Não se preocupe! Tenho certeza de que ele vai adorar você tanto quanto ela!
Ramildo a deixou em casa e despediram-se.
O rapaz ainda ficou pensando naquilo à noite toda. Como podia? Por quê? Era a pior coisa do mundo para um homem! E se mais alguém soubesse? Não! Jaynara prometera! E ele também não iria contar para ninguém! Nem para seu melhor amigo! Isso mesmo! O assunto estava morto e enterrado.
“Morto e enterrado”, ele pensou, “Essas palavras me dão uma sensação terrível! Espero não falhar da próxima vez!”, e tentou dormir.
No dia seguinte, aprontou-se para o jantar na casa de Jaynara. Ensaiou mil coisas de mil maneiras para dizer ao sogro. Jaynara dissera que o pai era ex-humorista e Ramildo achou que seria interessante bolar alguns assuntos sobre humoristas famosos, só para puxar um assunto com o homem. Estava muito nervoso para tal encontro, pois conhecer o pai da namorada era sempre terrível. A sogra ele já conhecia. Dona Sebastina. Um amor de pessoa. Certa vez, Jaynara lhe contara que a mãe já fora uma “pingona”em tempos antigos, mas que tinha melhorado bastante nos últimos anos. Ramildo nunca acreditou nisso. Não parecia ser do feitio da D. Sebastina beber daquele jeito. Não. Não ela.
Já era mais de 20:00 horas quando Ramildo chegou na casa da namorada. Ela havia marcado 20:30, mas ele achou melhor chegar um pouco mais cedo. Quem atendeu foi ela.
- Ramildo! Chegou cedo, hein? – Disse Jaynara, dando-lhe um beijo.
- Achei que seria mais...
- Venha! Meu pai e minha mãe estão na sala! – Disse ela, interrompendo-o.
Ramildo pensou que se já não conhecesse a casa e a sogra, estaria mil vezes mais nervoso do que já estava. No entanto, isso não amenizava as coisas.
- Ramildo! – Disse a sogra, abraçando-o.
- Olá, Dona Sebastina!
- Pai – disse Jaynara – este é o Ramildo! Ramildo, este é meu pai!
Mal Ramildo pôs os olhos no sogro e já não gostou. Era estranho, mas o homem tinha olhos grandes... olhos sacanas. Foi isso o que Ramildo pensou. Mas não podia pensar nisso!
- Ora... então esse é o famoso Ramildo? – Disse o sogro. – Hahahahaahhaha!!
Ramildo não gostou da risada. Nem um pouco.
- S-sim. – Disse Ramildo. “Droga! Não era pra gaguejar!”. – E o senhor? Como se chama? – “Isso! Firmeza na voz! Vamos lá!”.
- Meu nome é José Rafaskos.
- Prazer, Sr.Rafaskos. – E ergueu a mão. “Vamos lá, velho! Pegue na minha mão! Pelo amor de Deus, não me faça o que estou temendo que faça!”
O sogro olhou de cima a baixo, hesitou um pouco, mas pegou na sua mão. Eram mãos grandes e fortes.
“Ufa!”, pensou Ramildo.
Mas o sogro ainda tinha olhar intimidador. Como todo sogro deve ter.
- Então? Vamos jantar? – Disse Jaynara, e foram.
- Está com fome, Ramildo? – Perguntou Rafaskos.
- Um pouco.
- Precisa comer! Está um pouco magro, hã?
- Acho que sim.
- E precisa de forças também! Para qualquer coisa! Hahahahahah!!
- Hehehehehe... – “Acho que esse cara está fazendo hora comigo! Não... eu é que estou nervoso! Só isso!”.
Ramildo esforçou-se ao máximo e o jantar fora o mais normal possível. Conseguiu responder à todas as perguntas do sogro, sem gaguejar uma vez sequer. O velho ainda parecia um demônio sacana com aquela cara, mas Ramildo pensou que fosse só para intimidá-lo.
- O que seu pai faz, rapaz? – Perguntou Rafaskos, tomando um gole de suco de limão.
- Ele já se aposentou! – Respondeu Ramildo. “Isso! Perguntas simples, respostas simples!”
- Hum... então seu pai não faz nada, assim como o meu!
- Seu pai também é aposentado?
- Não! Ele está morto! Hahahahahahaahha!! – E deu um tapa na mesa.
- Querido! – Disse a Sra. Sebastina.
- Hehehehe... – Riu Ramildo, forçadamente.
- Oras, querida! Foi apenas uma piada para deixar meu genro à vontade e tirar o nervosismo! Não é, Ramón?
- É ‘Ramildo’, papai! – Corrigiu Jaynara.
- Isso! Está nervoso, Ramildo?
- Não senhor! – Respondeu Ramildo, mentindo.
- Que bom! Muito nervosismo pode ser um desastre, não é verdade? – E o sogro o encarou.
- Tem toda razão. – “O que ele quis dizer com isso?”.
- Querido, vamos comer, sim?
- Claro! Vamos comer, não é Ramildo! Porque para comer comida, não é preciso tanto esforço para comer quanto outras coisas! Hahahahahahahaha!!!
- O que? – Perguntou Ramildo, ainda mais confuso.
- Querido!! Quer parar? – Disse Sebastina.
- Tudo bem, tudo bem! – E, sem que a filha e a mulher vissem, Rafaskos olhou para Ramildo e fez um sinal com seu dedo indicador, de forma que o mesmo caísse para baixo. Junto com o gesto, ele assobiou. – Fiiuuuu....
Ramildo levantou-se.
- Eu... eu preciso ir ao banheiro! – Ele disse, e saiu.
- O que você disse, papai? – Perguntou Jaynara.
- Eu? Nada, ué!? Vocês me ouviram dizer alguma coisa?
Jaynara levantou-se também e foi atrás de Ramildo. Este, estava no meio do corredor.
- Ramildo, espere aí!
O rapaz parou.
- Putz, esqueci onde fica o banheiro! – Disse ele.
- Ramildo, o que há?
- “O que há”? Eu é quem pergunto! Por acaso você contou sobre aquilo pra mais alguém?
- Aquilo o quê?
- Oras, você sabe! Ontem! A bro...
- Aaah, tá!! Bom... eu...
- Você...?
Jaynara hesitou, e então disse:
- Eu só contei para os meus pais!
- Você o quê????
- Eu disse que...
- Tá, tá! Eu ouvi! Putz, Jaynara! Eu te disse para não contar pra ninguém!!! Você prometeu!
- Mas eles são meus pais! Se eu não puder confiar neles...
- Ah, claro! Seu pai é muito direito pelo que vi até agora!
- Ei! Não fale assim do meu pai!
- E ele pode me tirar sarro, não é?
- Ele não...
- Sim, Jayanara! Ele fez assim para mim enquanto você e sua mãe não olhavam! – E Ramildo repetiu o sinal que Rafaskos fizera.
Jaynara balançou a cabeça, negativamente.
- Eu vou falar com ele e...
- Não, Jaynara! Melhor não!
- Mas ele não pode fazer isso com você!
- Está tudo bem! Melhor não falar nada, senão essa noite pode ficar pior do que já está! Deixa ele comigo!


CONTINUA...!!

3 comentários:

Rubens Salomão disse...

rs. O bom e velho José Rafaskos. Não tem como não rir. Será que a hiena amiga dele também participará da trama?

Sessyllya ayllysseS disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Pietro disse...

O próximo post será "A vingança de Ramildo"