(Por Bruno Carvalho)
Eu não devia ter ensinado tudo a ela. Não devia ter tido pena daqueles tristonhos olhos azuis e daquela aparência, até então, rude. Por que fui me interessar por aquela jovem mulher tímida e sem confiança de si mesma? Céus! Eu a ensinei a respeito da leitura dos melhores livros, sobre as melhores músicas, os melhores filmes e que tudo na vida não se resume em só ver a novela das oito.
No início, até que ela me ouviu, e fascinada pela minha falácia passamos a viver juntos. Com o tempo, ela foi aprendendo por si mesma. E daí passou a criticar os autores que eu gostava, o modo como eu me alimentava, e por vezes eu até cheguei a pensar que ela estava certa. Sua postura mudou, e a cada dia eu ficava mais fascinado por aqueles olhos azuis que desde então ficaram mais críticos, mais confiantes, mais intensos, mais enigmáticos, mais...belos! E como ficaram belos!
Por si só, ela aprendeu sobre sensualidade. Todas “aquelas minhas merdas de utopias a respeito de Rock and Roll” viravam lindos discursos através daqueles lindos lábios. O que eu sempre falava e ninguém ouvia, passou a ser aplaudido por todos. Todos também hipnotizados por ela. Percebi que não podia controlar mais a relação, até porque o que eu podia controlar eu mudei, e o que eu havia mudado fez com que ela se tornasse nada mais, nada menos do que a mulher dos meus sonhos.
Mas agora estou sozinho. Ela me abandonou. Não a julgo, tão menos a culpo. Ela ainda tem o mundo para dominar. Às vezes sinto sua falta, não posso negar. Mas também gosto de pensar que eu fui o artista que criou aquela obra de arte, o Deus que criou aquele Mundo. Assim como em quase toda obra de arte, o artista é o menos comentado. Gosto de pensar que ela era uma pedra nua, crua e sem forma. E eu a transformei no que ela é. De certa forma, fui o seu Deus, e nem mesmo ela percebeu isso.
Agora, sozinho e sem grana (como se não estivesse antes), farei o que mais gosto nessa vida: Procurar uma nova pedra. Uma outra pedra nua, crua e sem forma. Só que desta vez, não cometerei o erro de ensinar Literatura.
Eu não devia ter ensinado tudo a ela. Não devia ter tido pena daqueles tristonhos olhos azuis e daquela aparência, até então, rude. Por que fui me interessar por aquela jovem mulher tímida e sem confiança de si mesma? Céus! Eu a ensinei a respeito da leitura dos melhores livros, sobre as melhores músicas, os melhores filmes e que tudo na vida não se resume em só ver a novela das oito.
No início, até que ela me ouviu, e fascinada pela minha falácia passamos a viver juntos. Com o tempo, ela foi aprendendo por si mesma. E daí passou a criticar os autores que eu gostava, o modo como eu me alimentava, e por vezes eu até cheguei a pensar que ela estava certa. Sua postura mudou, e a cada dia eu ficava mais fascinado por aqueles olhos azuis que desde então ficaram mais críticos, mais confiantes, mais intensos, mais enigmáticos, mais...belos! E como ficaram belos!
Por si só, ela aprendeu sobre sensualidade. Todas “aquelas minhas merdas de utopias a respeito de Rock and Roll” viravam lindos discursos através daqueles lindos lábios. O que eu sempre falava e ninguém ouvia, passou a ser aplaudido por todos. Todos também hipnotizados por ela. Percebi que não podia controlar mais a relação, até porque o que eu podia controlar eu mudei, e o que eu havia mudado fez com que ela se tornasse nada mais, nada menos do que a mulher dos meus sonhos.
Mas agora estou sozinho. Ela me abandonou. Não a julgo, tão menos a culpo. Ela ainda tem o mundo para dominar. Às vezes sinto sua falta, não posso negar. Mas também gosto de pensar que eu fui o artista que criou aquela obra de arte, o Deus que criou aquele Mundo. Assim como em quase toda obra de arte, o artista é o menos comentado. Gosto de pensar que ela era uma pedra nua, crua e sem forma. E eu a transformei no que ela é. De certa forma, fui o seu Deus, e nem mesmo ela percebeu isso.
Agora, sozinho e sem grana (como se não estivesse antes), farei o que mais gosto nessa vida: Procurar uma nova pedra. Uma outra pedra nua, crua e sem forma. Só que desta vez, não cometerei o erro de ensinar Literatura.
9 comentários:
Oh loco, meu!! Que mulherzinha mais faceira e ingrata! Aposto que não tinha 1/10 dessas qualidades de q vc fala... Vc é que estava "abobado", sem dúvida! hahahahahahahaha
Lembrei-me agora do livro 'Pigmalião', do Bernard Shaw (a história da mendiga florista que foi transformada em dama). Mas o livro tem um desfecho um pouco mais "hollywoodiano", por assim dizer. O seu texto já é bem mais realista.
E o mundo está mesmo cheio disso. A ingratidão é mais freqüente do que se pensa!
Ótima abordagem!
E não desistais, ok? Uma hora ela "aparece"... hahahahahahhahahaaha
O loko meu, esse texto é bem melhor que o anterior! Vc está se superando, cara!
Grande abraço!
Putz, que texto ótimo!!! O cara perdeu o controle porque mudou o que podia ser controlado... É exatamente isso que muitos fazem, mas nunca se dão conta. Que bom que ele, pelo menos, reconhece a qualidade do próprio trabalho. É uma forma de compensação, né?!
Incrível!!! Parabéns!!!
Bjos!!!
Gostei muito Bruno... quantas pedras nós lapidamos e elas sem vão sem ao menos um obrigado!
Quanta pessoas tem esse poder de transformação e nada fazem por medo da ingratidão... vc parece ter o dom de ser "Deus" para os que já parecem não acreditar Nele!
Belíssimo texto! Parabéns.
Que pedradaaaa, hein Brunnãão!!??
hahahahahhahahhaha
Mulher tem q ser tratada com pão e agua. De vez em quando uns tapa na boca pra aprende a ficar calada!
Vixe, primeiro texto que li no blog e já tive boa impressão.
Os mais duros golpes do cinzel recaem sobre o próprio escultor! Mas é assim que nos tornamos melhores. Profundississíssimo!
Boa Brunão!
Mulé que se trata a Pão de ló, o cara toma no butó!
hahahahahahaha
Belo texto!
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