quinta-feira, 14 de dezembro de 2006

Bilhete Premiado

Por Fernandha Zechinatto


Não consigo parar de pensar sobre a sorte. Por que uns são mais sortudos que os outros? Por que tem gente que ganha rifa, bingo de quermesse, sorteio em festa de caridade e outros ganham o prêmio sozinho da tão sonhada mega-sena? Já pensei nas leis da probabilidade e de Murphy e tantas outras, mas só consigo ver um sujeito ali parado, no meio daquela enorme fila, já que é o último dia e quase o último minuto para fazer a sua fezinha, anotando meio à pressas alguns números e até pedindo opinião para o vizinho de trás que está já um pouco nervoso com toda aquela demora.

Começo a pensar que a sorte é como a morte: só ela sabe a hora de chegar! E não tem como não sentir aquele cheirinho de natureza, que sabe a hora exata de se manifestar através do vento, da chuva, ou mesmo pela sua ausência, pela presença do sol intenso, e tantos outros movimentos incessantes que propiciam o preparo da terra, através das estações, para que o fruto seja plantado, gerado, desenvolvido e que num momento de pura sorte brote um fruto maravilhoso.

Não sei se faz sentido para você, mas é muito claro para mim!!! Cada um produz a sorte que tem, não adianta lastimar. As condições de plantio, adubação, crescimento e colheita são semelhantes para todos, mas poucos percebem o tempo certo de plantar e de colher. Na verdade, muitos, mas muitos mesmo, querem colher antes de plantar. E são esses que bradam para quem quer que seja que a vida não lhe foi, ou é, generosa. Ora, ora, e ele, será que foi generoso?

Sorte: quando oportunidade e ação se encontram ao mesmo tempo, e existe alguém disposto a se juntar a eles para ver no que dá. Claro que quando se fala em jogo não há lógica, mesmo com os milhões de comentaristas e técnicos esportivos que insistem em querer que eu me convença que futebol tem lógica. Entretanto, eu gostaria imensamente de ser aquele jogador displicente, na enorme fila, sem muita vontade de marcar meia dúzia de números, mas que ao sair daquela Casa Lotérica, sem a menor esperança, eu estivesse com o bilhete premiado, aquele único jogo feito com muita má vontade, xingando aquela fila que me fez tomar uma chuva daquelas por ser tão lenta. De alguma forma a sorte estaria ali comigo. Reflitam!!!! Houve uma oportunidade de jogar e lá estava EU, precisei ficar na fila, marcar números e até aguardar por longos trinta minutos até que chegasse minha vez de FAZER o jogo – penso que aqui existe uma ação. Ao final, eu ali com pouca disposição é verdade, mas estava lá e até tomei chuva por ter que esperar o andamento da fila e finalmente a minha vez de fazer (verbo de ação) o meu jogo.

Bem, hoje acordei pensando na sorte e numa maneira de produzi-la, assim como podemos produzir batatas. Resolvi enfrentar fila, mal humorados, mal cheirosos, mal educados, entre outros adjetivos pouco gentis, e quem sabe a sorte – oportunidade mais ação mais eu – resolve que esse é o momento de brotar por pura sorte e me frutifique com muitos milhões para que eu e o meu bilhete premiado possamos mandar todos esses mal humorados, mal cheirosos, mal educados, etc, etc, etc, irem plantar batatas... Lembrem-se: em se plantando, tudo dá!!!

Um comentário:

Sessyllya ayllysseS disse...

ahahahah!!! gostei!!! frutificar-me com alguns "milhões" pra mandar os outros plantarem "batatas"!!! muito bom!!! Bjos!!!