Hoje

Passaram-se, em um só impulso, todas as folhas do calendário, fez-se, então, a vez da última. Derradeira folhinha que pára, olha-nos e se ri, vendo que, ano após ano, pasmos, nos surpreendemos com a chegada de Dezembro. Dezembro é um mês de milagres, mês de se findarem rancores e surgirem promessas. É em dezembro que nos fazemos melancólicos ou eufóricos, sem que sejam necessárias razões para isso. Neste tempo, percebemos o quanto deveríamos ter feito e quão pouco fizemos, mas, renovados, celebramos novos pactos que sabemos jamais cumprir.
Dezembro. Nesta época brilham mais as estrelas, e as luzes nos provocam o espírito. E ansiamos pela chegada do Natal, mesmo que não celebremos o seu real significado. Natal deveria ser para nascer, nascer de novo, nascer do espírito, nascer para outra faceta da vida. E assim, quando chegasse o ano-novo, passaríamos mais tempo pensando no que conquistamos do que no que ainda gostaríamos de alcançar. Mas sonhamos, sonhamos, sonhamos. E é de sonhar que se fazem as realizações humanas.
É dezembro, transbordante de riso. E temos tanto para agradecer, e tanto de que nos preencher. Presentes... E dentre todos o maior, o amor que enternece, que vivifica, que dá ao hoje o gosto do futuro.
Dezembro sempre traz um ar de transformações, revira-nos a vida por completo e dá também a dádiva do retorno. E há muito, muito para comemorar. E, antes que venha o Natal, para que o possa celebrar, comemoro o dia de hoje, porque a estrela desse dia é, pra mim, a de maior brilho.