Por Fernandha Zechinatto
Ainda me assusto, não deveria, mas é inevitável um susto indignado me invadir sempre que encontro pessoas grosseiras, toscas, pobres (não materialmente) parece que a cor do mundo some ao lado delas. Educação, gentileza, uma pitada de sorriso e algumas palavrinhas mágicas na boca deveriam ser originais de fábrica e não acessórios opcionais, e cada vez mais raros, diga-se de passagem. Penso que não é o valor (ou preço) desses opcionais que os torne tão raros, já que não custa nada um sorrisinho, só um! Isso vai além. É a sequidão, o deserto interno que assola os homens. Mas existe um Óasis nessa sequidão, tenho fé que sim.
Atualmente estamos com um grupo de alunos do campo e da cidade em um curso para apresentar um pouco as atividades do campo, as possibilidades que vão além do que a cidade e a ilusão de uma vida melhor nas metrópoles mostram para os jovens. Ontem teve inicio o módulo sobre meio ambiente, e depois de discorrer sobre o meio ambiente, a interação cidade-campo, as poluições e a preservação da natureza descemos até o Córrego Laranjeiras para que pudessem ver de perto a Mata Ciliar que protege o leito do rio e evita a erosão e o assoreamento, que tanto prejudicam o solo e o próprio rio. A Mata Ciliar recebe esse nome por ter função semelhante à dos cílios em nossos olhos: proteger de corpos estranhos, além de facilitar e manter a umidade do olho.
Isso me fez pensar que as pessoas deveriam ter uma Mata Ciliar interna que pudesse promover um ambiente ameno em si mesmo, propício à proliferação de uma mata emocional que protegesse jovens e adolescentes (e por que não os adultos, idosos e crianças também?) do assédio seco da violência, dos vícios, da mesmice e da passividade. Há tanto a fazer, mas os solos humanos continuam secos, sem a devida irrigação, ou pelo menos com essa água canalizada para a vegetação errada: as ervas daninhas. E como é fácil alimentá-las.
Mas enquanto segue o seco coletivo, seguindo contra a maré vêm esses jovens que levantam antes das quatro horas da manhã, passam mais de duas horas dentro de uma Van que faz a linha rural buscando jovens e mais jovens, que chegam animados para mais um dia de aprendizagem, por uma estrada que se duvida ser possível passar algum automóvel que seja diferente de um cavalo muito bem treinado.
E assim segue o seco de pessoas que têm em suas mãos florestas tropicais e ficam de braços cruzados enquanto ela se desertifica. Mas me umidece o coração e a alma ver pessoas que vencem um deserto que poderia levá-los à desidratação mental só para encontrar o Oásis que a maioria pensa ser alucinação.
Hoje tenho a honra de conviver com mais ou menos quarenta desses desbravadores, animados, sorridentes e sem medo da caminhada, que pode ser longa, mas que certamente os levarão a um refrescante e hidratante Oásis, com a abundante água do conhecimento, do crescimento e do desenvolvimento humano de forma plena. Esses não seguem o seco!!!!
4 comentários:
E não é que eu nunca havia pensado que "mata ciliar" tinha esse significado! Interessante!
Bom saber Fernandha, que você está entusiasmada e convivendo com "desbravadores". É difícil encontrar um hoje em dia!
Abraços!
Boa sorte querida!
BoA SORTE mesmo!
Que vc nunca perca a esperanca.
Um abraco,
Adilma
É isso aí, Fernandha, nosso mundo precisa mesmo de pessoas menos frias... Você já parou pra pensar que, se não fôssemos tão "frios", não teríamos destruído a natureza a ponto de provocar um excessivo e perigoso "aquecimento global"??? Sei que o trocadilho é tosco, mas é por aí mesmo... Que bom que você é um dos beija-flores que tentam mudar as coisas... Eu também sou...
Ótimo texto!!! Bjos!!!
São textos como esse que adubam
e irrigam solos carentes,
gostei muito, e vamos a luta!!!
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