sábado, 17 de março de 2007

E volta o cão arrependido...

por Felipe Carvalho


_ Peraê, toma um café comigo, vai! Eu sei que você não dispensa um cafezinho. Precisamos conversar!

_ Pra que isso, cara? Você sabe que não tem volta!

_ Pôxa, errar é humano, sabia?

_ “Errar”? Quanto eufemismo, meu Deus!

_ Certo, TRAIR é humano, fica melhor assim?

_ Humano, abominável e imperdoável! E, meu Deus, será que é essencialmente “masculino” também? Estou perdida!

_ Não exagera, vai! Pôxa, meu amor, eu sei que fui vulnerável, infantil, inconseqüente...

_ Ou seria um ser totalmente à mercê dos próprios instintos? Ou do próprio pinto?

_ Não generaliza! Trata-se de um fato isolado! E você sabe que eu te amo, meu doce! Amo o seu cheiro, o seu sorriso, o seu olhar, aliás, amo tudo em você!

_ Caramba, que clichê isso de “amo tudo em você”! Ama NADA!

_ Nos dê essa oportunidade, vamos...

_ Você “quer” essa oportunidade? Faça uma auto-análise! O que está de fato te incomodando: ter levado um fora meu ou não estar mais COMIGO, com a MINHA pessoa? Consegue entender a diferença? Você está traumatizado com o “pé na bunda” e infeliz com o ego ferido OU realmente acha que sentirá a MINHA falta, que verdadeiramente GOSTA de mim? Vamos, não tenha medo de dizer! Estou preparada para ouvir!

_ Putz, sabe que eu não sei... Ando meio confuso...

_ DESGRAÇADO! Quer dizer... (pausa para um longo suspiro) Que bom que está sendo sincero consigo mesmo! Realmente, não precisamos desse desgaste todo, não acha?

_ É, vamos facilitar as coisas por aqui! Amigos pelo menos?

_ Acho que “conhecidos que não se tratam com indiferença e usam de um mínimo de simpatia e cordialidade entre si” seria mais apropriado!

_ Você está com muita raiva ainda...

_ Que nada! Apenas descobri que tenho direito ao melhor nessa vida! E o melhor, bem, definitivamente, o melhor não é v...

_ Não precisa terminar a frase! Só queria que me perdoasse, que não guardasse rancor de mim, o que não significa me aceitar de volta, quero deixar bem claro!

_ Pois eu te desculpo sim! A parte difícil é conseguir desculpar a mim mesma por ter sido tão... Bem, não quero entrar nesse mérito com você.

_ Certo! E que tal um último beijo para selar nossa política de “conhecidos que não se tratam com hostilidade”?

_ Acho que não vejo problema nisso...


(depois de um longo e sufocante beijo)


_ Nunca mais brinque assim comigo, sua carrasca!

_ Prometo que não, seu cachorro!

_ Eu te amo, sabia?!

_ Eu também te amo muito!

9 comentários:

Sessyllya ayllysseS disse...

Oba, primeira de novo!!!
Só que eu me recuso a comentar qualquer coisa sobre essa desgraçada-carentona-chifruda que aceita um traíra de volta! Francamente...
Muito em, Felipe, é assim mesmo que as coisas acontecem... Retrato perfeito de uma situação corriqueira, abordada de maneira brilhante!
Tô com raiva até agora!
(rsrsrs)

Ciro disse...

Hahahahahahahahha!!!! Ah neeeeem!!!! Mais um dia da semana pra eu rir por aqui! Hahhahahaha!! Muito booooa!!
Não precisa ficar com raiva, Cissa. Isso daí existe demais, tanto da parte da mulher quanto do homem. E o Felipe aqui transcreveu em forma de crônica de um jeito hilário! Hahhahahahaah!!! O bichão anda se inspirando na realidade! Q mááááássa, cara!!!
Grande abraço!

Anônimo disse...

Que palha assada!

Anônimo disse...

My God, que LUUUUUXO de texto, menino!!!

Anônimo disse...

Ué, vc disse "cão" no título!? Eu não vi nenhum daqueles animais que late durante o texto.

Anônimo disse...

Relacionamento é COMPLICÁÁÁÁÁÁÁÁÁDO, maluco!!!!!!

Bruno Carvalho disse...

Não que eu queira concordar com o Maluco joinha, mas que relacionamentos são complicados, ah, são mesmo!
Colocar isso em uma crônica então, nem se fala.
Nem é preciso dizer que você o fez de maineira genial! O típico canalha que sabe que a mulher irá voltar. e a típica mulher que quer voltar para a relação, mas ainda quer fazer jogo duro!!

Parabéns!! Muito bom mesmo!!

Grande abraço!

Carlos Filho disse...

Boa Felipão!
Realmente o mundo vive de desculpas e aceitações indevidas, mas...fazer o que né? Matar?

Flavio Carvalho disse...

hahahahahahahah,

conhecidos que não se tratam com indiferença e usam de um mínimo de simpatia e cordialidade entre si”

hahahhahah, boa demais,

é realmente isso o que acontece,