Gato Chompsky em: “PERDIDO”

Lostado por Ciro M. Costa

Sempre que acorda em seu pneu, o gato Chompsky se vê em uma grande encrenca, num lugar encrencado, cheio de pessoas encrenqueiras que fazem encrenquices (nova palavra). O pobre gato está sempre perdido. Porém, naquela manhã, ao sair de seu pneu, o nosso herói se deparou com pessoas que pareciam estar bem mais perdidas do que ele...
“Céus! Aonde vim parar agora? Parece mais uma selva! Ou uma floresta? Ou seria uma ilha deserta? Bem, me parece que é tudo isso junto!”.
Chompsky olhou ao redor, e o que via era só mato. Chegou a ouvir alguns sussurros... “Ei! Eu ouço vozes! Que bom, então essa ilha não está tão deserta assim! Quem sabe esse pessoal possa me arrumar comida! Semana passada fui parar em uma prisão americana e nem ratos eles...”
De repente, Chompsky ouviu passos, como se um gigante se aproximasse.
TCHITUM!!!! TCHITUM!!!! TCHITUM!!!!!
“Ai, Minha Nossa Senhora dos Gatos!! Que diabos é isso???”
Chompsky se escondeu. De repente, ele viu árvores caindo, como se algo muito grande as derrubasse. “Será que vim parar na ilha do King Kong?”.
Bem, seja lá o que fosse, a coisa foi embora.
“Ainda bem, né narrador? Eu não sou Mickey Mouse pra sair derrubando gigantes por aí!”.
De repente...
“Ai! Eu odeio quando ele fala ‘de repente’!”.
Dois homens se aproximaram. Um deles viu o gato e disse:
- Ei, Jack! Veja! Um gato!
- Sim, eu estou vendo.
- E veja, tem um pneu perto dele.
- Hum. Já vi também.
- Que estranho. Um pneu de carro aqui nessa ilha.
- Você fala como se já não estivéssemos acostumados com mistérios, né Charlie?
- Tem razão. Ei, talvez você deva dar uma olhada no gato. Talvez ele esteja ferido.
- E por que eu?
- Você é médico, oras!
- Certo! De médico, passei a ser veterinário agora?
- Ué, você é o único médico da ilha e...
- Ouço você roncar todas as noites como um animal. Talvez eu deva olhar você também!
- Mas...
- Claro! Só porque já fiz consultas de cirurgião, otorrino, oftalmologista, obstetra, ginecologista e afins por aqui, agora também devo olhar animais. Está maluco? Por acaso anda cheirando heroína? E olha que não estou falando das mulheres metidas a heroína nessa ilha...
- Mas, Jack...
- Oras, tenho mais o que fazer, cara! Com licença, tenho uma escotilha pra verificar, sim?
- Mas...
E os homens se foram.
“É sempre assim. Nunca se encontra veterinários facilmente. E se você precisa de uma consulta deles, eles te cobram! Sendo que nós, animais, não temos como pagar! Daí, precisamos de um dono pra bancar as despesas. E eu que não tenho dono? Como é que eu faço, hein? Miauputz! O que estou pensando? Eu devia era dar um jeito de sair daqui”.
De repente...
“Lá vem ele de novo!!!”.
Um cachorro apareceu.
“Ah bom, eu... o quê??? Ficou maluco, narrador??? Um cachorro???”.
O cão se aproximou de Chompsky e o farejou. Este, imóvel, preparou suas garras caso o pior acontecesse.
- Desculpe, amigo. – disse o cachorro.
“Sabe o que é mais legal nessas histórias? Todos os outros animais falam, menos eu!”.
- Estou procurando meu dono. Por acaso você o viu por aí?
- Miau, miau, miau! – “Bem, se seu dono é um médico de má vontade ou um drogadão loiro, acho que foram naquela direção”.
- Desculpe, mas não entendo sua língua.
“Nem eu a sua. Por que cães têm a língua maior que a nossa? Humpf!”.
- Bem, de qualquer forma, meu nome é Vincent.
- Miau, miau! “E o meu é Chompsky!”.
- Prazer, MiauMiau!
“É Chompsky, cacete!!!”
- Engraçado, nunca vi você por essas bandas. Pensei que eu fosse o único animal desta ilha. Se bem que mistério é uma coisa bem normal por aqui...
“É, já percebi que vim parar na Fantástica Ilha Misteriosa. Escute, onde posso arrumar comida?”. Chompsky fez um sinal que estava com fome.
- Está com dor de dente, MiauMiau?
“Não, seu sarnento! Estou com fome!”.
- Se está com dor de dente, então é melhor nem experimentar os pratos que o Locke faz. Hoje temos javali e urso polar de novo! Argh! Já comeu carne de urso polar? Não gosto muito, pois meus dentes dóem! Hahahahahha!!! Entendeu? Dóem! Urso polar! Carne gelada! Hahahahhaha!!! Essa piada é bem freqüente por aqui. Você gosta?
“Claro! Você consegue contar uma pior do que essa? Eu duvido!”
- Bem, MiauMiau, eu preciso ir. Se você quer sair dessa ilha, é só seguir por essa trilha. Na estrada, peça carona e eles te levarão para uma cidade no porto. Lá você poderá pegar um ônibus ou um barco para qualquer lugar que quiser ir, está bem?
“Hein? Pensei que estivessem perdidos aqui!!”
- Ah, e não conte pra ninguém, está bem? É que todos aqui nessa ilha acham que estão perdidos. Mas na verdade é um grande parque de diversões. Claro que alguns acidentes acontecem às vezes, mas acidentes acontecem por acidente, não é? Hahahhahaha!!! Essa é outra piada do pessoal daqui. Você gostou dessa, hã?
“Adorei, cretino”.
- Sabe, eu podia levar todo mundo pra fora daqui, mas eu não quero voltar pra casa, ficar preso numa coleira e comer ração com gosto de terra todos os dias. Isso aqui é o paraíso, gatinho. Agora, preciso ir! Adeus! – e o cachorro se foi.
“Está certo. É o que eu vou fazer. Quem sabe eu encontre comida melhor do que javali ou urso polar. Urso polar? Não acredito que caí nessa! Só espero não cruzar o caminho do King Kong de novo. Odeio macacos. Eles gostam de contar vantagem sobre o tamanho de seus rabos. Que tremenda idiotice! Aliás, o King Kong nem tem rabo! Ai, ai... maldito Walt Disney e suas invenções! O cara nem desenhava gatos! Só cães e ratos! O que ele tinha contra gatos, hein? Só por que fazemos ‘miau’? Oras, então pega no meu...”.
Com essas resmungações em pensamento, Chompsky pegou o seu pneu e seguiu pela estrada. Pelo caminho, conseguiu carona com alguns bóias-frias, e com isso também conseguiu comida. Teve um dia cheio. À noite, voltou para seu pneu para dormir.
E no dia seguinte...
“Ai. Ai. Um novo dia! Onde será que vim parar hoj... MIAU!!! Um macaco!! Tirem isso daqui!!”
- Ei, Ross! Seu macaco encontrou um novo amigo.
(risos da platéia)
- É, Chandler! E parece que eles estão se dando bem, hein?
(risos da platéia)
“Ei! Me larga, macaco carnicento! Pára de me lamber!! Que droga!! Por que não fui ser gato de novelas mexicanas? Por quê????”