Ao ouvir a música, lembrara-se de algo que há muito se fora. Algo incapaz de se presente em sua vida novamente; ao menos, era esse o seu pensamento. Ao som da música, todas as emoções afloraram de tal maneira que era impossível se controlar. Todos os músculos se contorciam. O coração acelerou, sua respiração tornou-se ofegante e falha. Impossibilitando que se contivesse uma mente sã em tal corpo. As mãos estavam ora gélidas, ora molhadas, ora quentes como o sol meia-diano.
Julgando-se um pouco menos abatido e a cor voltando à sua pele; sentira, agora com outros membros do seu corpo e com toda a intensidade de um tempo passado, os olhos pousarem em outros olhos, nos olhos de alguém a quem muito amou e que para sempre amaria: seu único e verdadeiro amor.
Todas as sensações foram causadas por uma música. Uma canção melodiosamente composta e que entrava pelos ouvidos e ia habitar o seu coração...
Via e revia a cena: uma espécie de filme em flash-back em que não se sabia ao certo onde era o passado, o que era o presente ou como se daria o futuro.
A cena se fazia e desfazia... E ela estava li, parada, estaticamente colocada sob um véu. O véu do tempo. Um véu ínfimo que separava a si mesmo de ter em suas mãos ou em seus braços, aquela que sempre vivera... Uma vida muito mais intensa em sua memória do que carnalmente falando.
Ela, uma figura fantasmagórica, ainda parada esboçou um sorriso... Não obteve retorno, já que a incredulidade tomara conta do outro ser... Humano, homem e real... Ela agora viveria em um mundo onírico, distante, incapaz de ser alcançada por mortais - nobres ou não. Jazia morta há muitos anos. Ele, parado, um misto de horror, alegria e loucura, ouvia, em silêncio, a canção que partia do seu túmulo.
5 comentários:
Uaaaaaaaaaaaaaaaaauuuuuuuuuuuuuu!!!
Meu caro, esse ficou demais!!! Quanta delicadeza, quanta tristeza... E que maneira doce de abordar a suposta "loucura" de alguém que perdeu o amor de sua vida... Mistura de drama com suspense com um toque de terror... Ficou lindo!!! Perfeito!!!
Parabéns!!! Bjos!!!
PS: Preciso falar com você...
Muito bonito o texto. As formas do presente nos remetem às vezes a um passado que amamos, sofremos ou algo qual ainda não superamos. Isso é a brecha de reviver e/ou aprender o que se foi.
Bonito mesmo! Fiquei aqui mergulhando em suas descrições nada monótonas.
Poético, romântico, gótico... Tudo encadeado de forma cuidadosa e instigante! Uau!
Hádouuuukéééémmmm!
Golpe certeito no estomago do infeliz...aháááámmmm!
Muito bem escrito, realmente viajei em outra parada, até que o final me mostrou o contrário! Parabéns!
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