Por Ciro M. Costa
Enquanto lê, ouça Blind Guardian:
Qualquer mulher (ou até mesmo um homem) já teria sucumbido há muito tempo, depois de tantas humilhações e dores sofridas naquela prisão. Mas ela não. Ela era Mahyra, filha do guerreiro Matso Hatso. Ela era muito mais do que qualquer um ali imaginava. Não era porque estava presa que ia se entregar. Ela não precisava disso. Não ia deixar que conseguissem o que queriam. Principalmente, Makyro Kamro.
Makyro entrou na cela de Mahyra e, assim como todas as manhãs mais recentes, ela levantou seu rosto machucado e o ofereceu a ele, pronta para sofrer as consequências. Aquilo irritava Makyro mais do que qualquer coisa. Ele queria humilhá-la. Acabar com ela. Queria atingir Matso Hatso, seu inimigo, da pior forma.
- Não vou ferir você hoje, mocinha. – disse Makyro. – Isso já está ficando cansativo.
- Se não se importa, então voltarei a me sentar no chão. – disse Mahyra.
- Você acha que vai conseguir manter essa pose de superioridade por muito tempo? Não percebeu ainda que é minha prisioneira??
- Eu não estou mantendo pose alguma. Se está me achando superior, o problema é seu.
- Sua tola! Se ao menos fosse como sua irmã...
- Prefiro morrer de fome nesta cela do que adotar as atitudes de minha irmã, Makyro.
- Mas você estaria livre a essa hora!
- É um erro achar que os maus são livres. Eles estão sempre presos à própria culpa.
Makyro bateu leves palmas, e disse com sarcasmo:
- Belas palavras, prisioneira! Estou admirado! E ainda diz que não está mantendo pose alguma.
- Este é seu problema. Acha que as coisas devem ser do seu jeito. Acha que as pessoas devem sofrer como você quer. Mas você não entende nada, Makyro. É um doente que invadiu o vilarejo de meu pai e o tomou covardemente.
- Os mais fortes vencem.
- Sim. E você verá o verdadeiro significado disso quando meu pai voltar. Espero, sinceramente, que ele tenha piedade de você.
- Pois saiba que vou matá-lo, Mahyra. E farei isso na sua frente.
Mahyra teve uma crise de tosse, e cuspiu um pouco de sangue. Era mais um pouco que se juntava ao que já estava seco no chão.
- Isso, se você sobreviver até lá... – disse Makyro.
- Mesmo que não sobreviva, estarei observando de outro lugar. Pode ficar tranqüilo.
- Se você diz...
- Por que me mantém presa aqui? Você sabe que meu pai vai voltar de qualquer jeito!
- Hahahahaha!!! Sim, eu sei! Mas sabe, cara Mahyra, eu odeio pessoas boazinhas. Nunca gostei de você e de sua falecida irmã Kyra. Nem de sua mãe! Que ótima oportunidade tenho de te machucar e ao seu pai ao mesmo tempo? Hã?
- Você só está me machucando exteriormente. Jamais atingirá minha alma. Jamais!
- Vá com calma, pequena. Ficar zangada só irá piorar as coisas.
- Não estou zangada! Já te disse que você não vai conseguir o que quer.
- Isso é o que veremos! – dito isso, Makyro saiu e trancou a cela.
- Estarei rezando por você, Makyro! Pode acreditar.
Makyro Kamro sentiu vontade de abrir novamente a cela e surrar Mahyra, mais do que nos outros dias. Mas, como ele mesmo havia dito, já estava cansado. De repente, ter feito tudo aquilo com ela e seu pai, parecia não ter mais graça. Ela tinha razão, ele não estava mais conseguindo aquilo que queria. Se é que algum dia havia conseguido.
Percebeu também que já estava muito impaciente. Não via a hora de Matso Hatso retornar e finalmente acertarem as contas. E eram muitas. “Tenho certeza de que Samyra falhará”, ele pensou. “Sim, ela não vai conseguir. Matso Hatso é todo meu!”.
E assim ele olhou no horizonte, além do vilarejo, e começou a esperar mais uma vez.
Ele viria. Matso Hatso... o seu amado... viria!
A saga de Matso Hatso está quase chegando ao fim! Fortes emoções estão ainda por vir!
Não percam! Semana sim, semana não... aqui no BLOG DO BONECO VERDE!!!
7 comentários:
Nóóóóó
depois que terminar eu vou querer essa saga completa no meu PC
genial cara
até mais, abraço
Parabéns Ciroo
É, realmente, um texto sobre a vida e a espiritualidade... bela lição de vida...
"É um erro achar que os maus são livres. Eles estão sempre presos à própria culpa".
é.... a culpa de todas as coisas erradas...
E é certo que ferir a carne não dói tanto quanto ferir a alma... piedade..
e.. eitaaa.. agora quero ler os próximos..hehe..
Bela história.... dessas que visualizamos as cenas e até nos encontramos nelas..
Genial!
Beijoo!
NOssa, perfeito o texto, gostei muito, parabens !!!!
Ôôô... Até que enfim um novo capítulo dessa saga...
Não sei se já disse isso antes, mas a história de Matsu Hatsu certamente é sua obra-prima - pelo menos por enquanto, e na minha singela opinião.
Em textos relativamente curtos e bastante objetivos, vc consegue dizer livros inteiros!
Parabéns!!!
(Semana sim, semana não... Ebaaaaa!!!)
Bjos!!!
Rapaz! Devo concordar que essa é uma de suas melhores sagas! principalmente por ela ser diferente de muitas outras coisas que vc escreve!
Meus sinceros parabésn!!
Também fico feliz coma a notícia "semana sim, semana não"!
"Ele viria. Matso Hatso... o seu amado... viria!" Não posso negar que fiquei encucado com isso...
Grande abraço irmão e tudo de bom!
infelizmente os bons também são prisioneiros da culpa! a culpa de não serem perfeitos, querido, rs*......
beijos, querido e boa semana
MM.
Cirão...isso ai dava um livro dos bons! Pena eu estar acompanhado mas minha memoria não ajudar muito...Vou juntar toda a saga e ler de um vez...ai sim vou gostar MAIS AINDA!
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