As incríveis aventuras do Super-Tróbou

Picada radioativa de Ciro M. Costa

A janela do gabinete do prefeito estava aberta, então Super-Tróbou entrou voando por ela. Sabia que o prefeito de Currutelópolis poderia achar ruim, mas ele não se importava. Gostava de entradas triunfais.
- S-Super-Tróbou! – disse o prefeito, quase caindo da cadeira. – Que susto você me deu! Por que não usa a porta como todo mundo?
- Porque eu não sou ‘todo mundo’, prefeito! Se fosse, não seria o Super-Tróbou!
- Às vezes gostaria mesmo que não fosse...
- O senhor mandou me chamar?
- Sim, mas isso foi há 3 meses!!!
- Bem, o senhor sabe... vida de super-herói não é fácil! Vivo ocupado, salvando Currutelópolis das forças do Mal. Agorinha mesmo eu tive que dar cabo do Prof. Apocalipse que...
- É justamente sobre isso que quero falar com você, herói! Por favor, sente-se!
Super-Tróbou olhou para a cadeira, e um suor lhe escorreu pela testa. Sempre que se sentava em uma, ela se quebrava.
- Bem... eu... estou muito bem de pé, senhor prefeito. Obrigado.
- Tudo bem, como quiser. – disse o prefeito, e tirou uma pilha de papéis da gaveta, jogando-os na mesa. – Sabe o que é isso, Super-Tróbou?
- Hum... papéis?
- Sim, super-engraçadinho! São papéis! Papéis contendo mais de 2 milhões de reais em prejuízos de Currutelópolis!
- E...?
- Vou lhe explicar melhor: construções e prédios danificados, ruas arrancadas do chão, praças queimadas, telhados de casas arrancados, dezenas de paredes destroçadas, um caminhão de gasolina que explodiu, um ônibus jogado de um penhasco, uma torre de transmissão derrubada... centenas (eu disse centenas!!) de veículos destruídos... um elevador arrancado de um prédio comercial e jogado no espaço... a lista é enorme!
- E...?
- Isso tudo, Super-Tróbou, é resultado de suas ações como super-herói! Cada vez que um malfeitor chega em Currutelópolis, temos que pagar para consertar o estrago que vocês fazem! A prefeitura está quebrando!!!
- E o senhor quer que eu pague tudo isso? Sinto muito, mas minha identidade secreta não ganha muito dinheiro. E eu não recebo nada pelo meu trabalho de super-herói.
- Eu sei, Super-Tróbou! Não quero que você pague nada! Eu simplesmente quero que você tenha mais cuidado com a cidade!! Seja menos inconseqüente com as coisas!
- Mas prefeito! Esse é o meu trabalho! Os vilões estão ficando cada vez mais poderosos! Às vezes é preciso destruir alguma coisinha para resolver o problema!
- “Alguma coisinha”? Quer que eu leia a lista novamente?
- Não é preciso. Tenho consciência sim, de que muita coisa já foi destruída. Mas foi por um bem maior. Além do mais, nem sempre a culpa é minha. Muitos vilões pulam em minha direção com tanta velocidade, que acabamos por perder o controle e destruímos as paredes. Deveria chamá-los aqui também!
- Ah é? E esse elevador jogado no espaço?
- O que queria que eu fizesse? O Dr. Sakana havia instalado uma bomba naquele prédio que poderia destruir a cidade inteira! Ela estava presa ao elevador e eu não tinha chave de fenda para desmontá-la!
- Claro, e aposto que você chegou no último segundo também, como sempre. E esse caminhão de gasolina que explodiu na Estrada Norte?
- Isso daí foi culpa do vilão Rinoceronte! Estávamos lutando no meio do mato, sem atrapalhar ninguém, quando ele veio pro meu lado e tive que desviar. Então, ele perdeu o controle e foi parar na estrada...
- ...Indo bater justo em um caminhão de gasolina??
- Isso mesmo, prefeito!
- Entendo...bom, pelo menos ficamos livre dele. Imagino que esse tipo de coisa tenha acontecido também com todos esses carros destruídos.
- Isso aí é culpa da polícia! Sempre que persigo um vilão de carro, ela vem atrás, causando aquele alvoroço todo nas ruas! Aí, já viu! É carro entrando na contra-mão, carro que bate em barraquinha de frutas, carro que excede o limite de velocidade, carro subindo na calçada, carro que...
- Espere aí! Perseguição de carro? Eu pensei que você voasse!
- É porque às vezes meu cunhado me pede pra rodar um pouco no Chevrolet dele para...
- Tá, tudo bem, Super-Tróbou! O que quero lhe pedir, é que tome mais cuidado daqui pra frente, sim? É claro que precisamos muito de você por aqui... mas, sinceramente, acho que você pode pegar esses vilões e ir lutar em um lugar mais isolado, certo?
- Pode deixar comigo, prefeito. Tomarei mais cuidado. Agora, se não se importa, preciso ir.
- Tudo bem! Voe com cuidado.
Mal Super-Tróbou saiu pela janela, e um poste foi jogado em cima dele. Era um vilão que acabara de escapar da prisão.
- VAI PAGAR CARO POR ISSO, HOMEM-PINOTE!!!!
Inconformado, o prefeito deitou a cabeça na mesa, e pensou: “Que diabos! Por que minha cidade não foi ter um super-herói menos poderoso e mais eficiente como o Batman? Por quê? POR QUÊ????”.


Ele é um mutante que veio de um planeta extinto. Chegando aqui, foi picado por uma formiga ‘lava-pé’ radioativa. Anos mais tarde, foi atingido por uma explosão de raios gama. Seus pais foram cruelmente assassinados. Então, ele resolveu fazer justiça com seus super-poderes! Ele é...

SUPEEEEEEEER-TRÓBOU!!!!