Conhecimento...

Por Bruno C. O. Carvalho


Oitos tiros não foram suficientes para matá-lo. Seria necessário viver ainda mais. Ficou em coma. Neste intervalo de tempo, em espírito, conheceu as mais diferentes facetas do ser humano. Principalmente daqueles que estavam sempre ao seu redor em vida.
Ele adorou a experiência. Sentiu pouca dor em relação ao que tinha visto e aprendido. Agora ele sabia como viver e o que fazer. Conhecia bem todos seus amigos e inimigos.
Quando acordou, todos o acharam diferente. Não estranharam, pois dizem por aí, que quando se acorda de um coma, o indivíduo volta mudado.
Muitos são falsos não por maldade, e sim por carência. Ser você mesmo é difícil. Todos temos medo de ninguém nos suportar, e daí, fazemos o possível para rir e chorar nas horas certas. Mesmo que isso custe a falta de nossa personalidade.

O homem acordara do coma sabendo de tudo isso, tanto que nem se vingou daqueles que eram falsos nesse sentido. Tampouco do que tramavam sua derrota. Todos, assim como ele, eram seres humanos. Mesmo com o conhecimento, o homem não o usou para benefício próprio.
Se recuperou fisicamente e viveu feliz, pois não tinha necessidade de exigir nada da vida e dos outros.
Muito tempo depois, sentiu uma estranha leveza, uma felicidade latente. Ele finalmente abrira os olhos. Era uma espécie de hospital. Uma moça muito simpática perguntou seu nome. “Não sou ninguém” respondeu ele.
E então a moça sorriu.
Ele passara no teste.
E agora vive em uma outra dimensão.
Bem melhor do que essa...