Até aí, nada de estranho. No entanto, Joy não dava somente trocados. Ele dava quantias bem maiores...
- Cê é doidão, Joy!? Deu 100 reais praquele pedinte??
- Calma, eu sei o que estou fazendo. – dizia Joy, com tranqüilidade.
Passados alguns meses, Joy mostrava às pessoas o que tinha acontecido com o mendigo que havia ganho seu dinheiro.
- Está vendo? – perguntava ele. – Dei 100 reais praquele cara quando era um mendigo meses atrás. E agora, o que você vê?
- Ele é um grande empresário aqui da cidade.
- Exato. Eu nunca erro.
Era verdade. Joy não dava essas quantias absurdas de dinheiro pra qualquer um. Sempre que “investia” em algum mendigo, este sempre se dava bem na vida. Muitos dos mendigos pegavam seu dinheiro e saíam correndo. Poucos voltavam e perguntavam:
- Senhor, acho que me deu dinheiro a mais...
- Ora, vamos! – dizia Joy, dando-lhe um leve tapinha nas costas. – Compre uma coisa boa pra você, hã?
Meses depois, o mendigo já não era mais mendigo. Era incrível como Joy sabia quem era merecedor do seu dinheiro e iria investi-lo melhor. E ainda se divertia com isso:
- Daqui a uns dias esse mendigão aí vai parar de pedir dinheiro. Vai até enjoar de tanto pegar em notas! Hahahahahhaha!!!
E um desses mendigos virou bancário.
- Senhor, me dá um trocado pra comprar uma pinga...
- Ora, vamos! Compre o bar inteiro! Tome 200 reais! Hahahahhaha!!! Cuidado para não virar uma usina de álcool ambulante, hã?
Meses depois, esse mendigo se tornou dono de uma fábrica de bebidas.
- O cara zoa com os mendigos, se diverte... e ainda ajuda eles! – disse alguém, certa vez.
Certo dia, Joy foi ainda mais longe. Tava tudo danado mesmo, e ele resolveu se divertir. Havia algum tempo, observava dois mendigos que viviam sentados em uma calçada, sempre muito amigos e repartindo as esmolas. Nesse dia, ele os viu repartir uma marmita, quando teve uma idéia absurda...
Foi até sua casa e colocou algo em duas maletas. Se alguém tivesse visto tal cena, com certeza teria mandado internar Joy. Mas, ao que parecia, ele sabia o que estava fazendo.
Depois que encheu as duas maletas, colocou-as no carro e saiu.
Os dois mendigos na calçada só viram um carro passando correndo em alta velocidade, quando alguém lá de dentro atirou duas maletas, gritando:
- LOTERIA!!!! HAHAHAHAHAHAHAHA!!!! – e sumiu na noite.
Sem entender nada, cada um dos mendigos pegou uma maleta. Abriram-nas rapidamente e logo viram o que havia lá dentro.
- Que cara maluco!!! – disse Tolky. – Viu o que tem na minha?
- Pois, é! – disse Muby. – E veja o que tem na minha!
- Então, o que estamos esperando?
- Certo, me dê sua maleta.
- Não! Você me dá a sua primeiro!
- Qualé, Tolky? Não confia em mim?
- Claro que sim! E você, Muby? Confia em mim?
A partir daquele momento, Tolky e Muby perceberam que iam ter problemas. Apesar de tantos anos de amizade e de confiança mútua... eles iam ter problemas.
Passaram a brigar mais, e sempre vigiando o outro, com medo de ter sua maleta roubada, ao mesmo tempo em que desejavam a maleta do outro. Mas o que havia dentro delas, afinal? Ouro? Diamantes? Dinheiro? Mas se havia alguma dessas coisas... por que iriam desejar a maleta do outro?
Joy Bohanders passou a observá-los mais constantemente. Divertia-se sozinho com as brigas dos dois mendigos. Jamais contou aquilo a ninguém. Seria sua ‘diversão secreta’.
O tempo foi passando, e outros mendigos passaram também a desejar as maletas de Muby e Tolky. Muitos tentaram tomá-las à força, mas acabaram apanhando. Foram tantos os mendigos, e tantas as brigas, que Tolky e Muby acabaram por desenvolver técnicas de luta, e logo viraram vigilantes do bairro. Passaram a ser chamados de “Super-Mendigos”, e acabaram com a criminalidade daquele lugar, em troca de comida e trocados.
- E aí, Muby? – perguntou Tolky, certo dia, enquanto espancava um assaltante local. – Quando vai confiar em mim e me entregar sua maleta?
- Sai fora! – disse Muby, enquanto dava um soco em um criminoso há muito procurado pela polícia. – Por que é que eu tenho que entregar a minha? Me entregue a sua, ué!? Vamos acabar logo com isso!
E ninguém nunca cedia. Com o tempo, Muby e Tolky ficaram famosos.
- Veja, mamãe! São os super-mendigos, Muby e Tolky!
- É sim, meu filho!
- Quando crescer quero ser igual a eles! Vou até usar um uniforme daqueles!
- Pára com isso, meu filho! Aquilo não é uniforme! É só a única roupa que eles têm!
Em pouco tempo, Muby e Tolky estavam não só defendendo aquele bairro, como a cidade inteira. Como existem super-heróis, também foram surgindo super-vilões como o Cachacinha, o Esmoleiro Mentiroso, o Pedinte Radioativo e o Atirador de Latinhas.
Enquanto isso, Joy continuava observando, e se divertindo cada vez mais. Mas pretendia jamais contar a ninguém que nas duas maletas havia 1 milhão de reais em notas rasgadas. Metade delas numa maleta, metade na outra.
Nota do autor: esse texto não é nenhuma gozação aos pedintes ou mendigos de rua. Tal condição não é digna de gozações, e sim de solidariedade. Mas todos hão de concordar comigo, que muitos deles poderiam SIM utilizar melhor o dinheiro, e quem sabe sair dessa vida difícil que levam. Deus ajude a todos nós, e continue dando força de vontade àqueles que necessitam!
4 comentários:
Estragou na parte "Nota do Autor".
A sugestão do texto já foi o suficiente p/ expor o quão existem pessoas dignas ou não dignas. No mais, mando vc pra puta que pariu!
Abraços
Está aí registrada a opinião de Carlos Emanuel Filho.
Auaihaiuhaiuhaiaiu!!! Muito bom!!!
Grande Ciro! Quando eu já pensava que a fonte havia esgotado, vem vc com mais uma obra-prima.
Mas concordo com o Carlim: nem precisava de nota do autor. O texto fala por si.
Saudade de vc!
Bju!
hehe!
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