sexta-feira, 23 de julho de 2010

A Estranha Casa do Senhor Guímper

Construída por Ciro M. Costa

A época era das melhores em sua vida. Era aquela época em que 97,8% dos seres humanos ainda vão viver neste planeta: planejamento de casamento e demais planos futuros. Assim estavam Guímper e Damalena. Há poucos dias haviam dado entrada nos papéis para construir a nova casa, e estavam mais do que empolgados.
Mas é preciso adiantar que Guímper também tinha em mente uma idéia muito estranha. Isso vocês já devem ter percebido, pois o título já acusa e, se não houvesse uma idéia muito estranha ou fato interessante nesta história, ela nem valeria a pena ser contada. Por que alguém contaria uma história comum hoje em dia?
- Devo lhe dizer que essa é uma idéia estranhíssima! – disse o engenheiro, assim como já havia dito sua futura esposa, Damalena (sem sucesso de fazê-lo mudar de idéia).
- Não há nada de estranho! – disse Guímper. – É somente precaução!
- Precaução até demais, eu diria. Bom, até que é possível, mas você sabe que isso irá gerar altos custos, não sabe?
- Não tem problema! Tenho um bom Fundo de Garantia no banco que deverá cobrir tudo.
- Mas com esse dinheiro o senhor poderia construir um cômodo a mais ou até aumentar o muro...
- Senhor engenheiro, de que vai me adiantar um cômodo a mais ou um muro mais alto se algum dia um monstro gigante invadir a cidade e destruir minha casa?
Era isso, meus amigos. Guímper queria construir uma casa à prova de monstros gigantes. Com certeza, havia visto filmes demais como King Kong e Godzilla. Ou quem sabe algum daqueles seriados japoneses dos anos 80...
- O senhor sabe qual é a probabilidade disso acontecer, senhor Guímper?
- Amigo, quem é que sabe o quê hoje em dia? Hoje estamos vivos, amanhã quem sabe? Com todo esse progresso, guerras, poluição, testes nucleares... acha que não haverá conseqüências algum dia?
- Acho é que o senhor deveria escrever roteiros de filme B, mas tudo bem. O senhor está pagando mesmo, faremos do seu jeito!
E assim foi feito. Guímper e Damalena acompanharam todo o processo de ‘construimento’ (legal essa palavra, né? Inventei agora!) da casa. Para que fosse uma casa à prova de monstros, foram utilizados tijolos com um material secreto fornecido pelo governo dos EUA. Até hoje, ninguém jamais descobriu que tipo de material fora aquele. Dizem as más línguas (e essas más línguas falam potoca, viu?) que o material fora utilizado pelo exército para testes com quedas de aviões na guerra.
Damalena, por sua vez, já havia parado de tentar fazer Guímper mudar de idéia. Ela pensou que o importante mesmo era que sua casa já estava sendo construída e o casamento estava próximo. Não importava do que sua casa iria ser construída, contanto que não fosse de esterco (pesquisas recentes revelaram que crianças andam lendo essas histórias, então resolvemos maneirar no palavreado. Ao invés de “m****”, vamos utilizar “esterco”).
Bem, apesar de tudo, a casa foi construída. E muito bem construída. E Guímper e Damalena se casaram-se os dois juntos. E durante muitos anos foram felizes e tiveram 3 filhos: Guilena, Damaímper e Mister Brokenheart.
Durante muitos anos, Guímper também ouviu gozações sobre a estrutura de sua casa. Muitos achavam aquela idéia de ‘casa à prova de monstros gigantes’ muito engraçada. Vocês podem até não acreditar, mas muitas pessoas hoje em dia não acreditam nesse tipo de coisa. Isso significa que vocês não acreditam nas outras pessoas. Aliás, penso eu que há muitas coisas que os seres humanos ainda não acreditam. Será que a humanidade anda desacreditada? Ou está desacreditada mesmo deitada ou sentada, sem andar? Vale aí uma reflexão.
Mas devo dizer a vocês que Guímper tinha razão. Mas é claro! Essa é uma história de Ciro M. Costa, acharam que ele perderia a oportunidade de colocar um monstrinho ou algo sobrenatural na historinha dele? Não acreditaram nisso... acreditaram?
Sim, meus amigos e amigas! Um enorme monstro invadiu a cidade vários anos depois! Não se sabe de onde veio ou para onde estava indo, ou como aquilo havia sido criado, mas estava lá. Estava lá andando e destruindo tudo em seu caminho. Guímper, por sua vez, não sabia expressar desespero ou... alegria!?
- Rá! Estão vendo? Eu avisei! Eu avisei!! Olha lá! Ó! Ó o monstrão, aí gente!!! Só a minha casa está preparada pra ele!
Damalena sentiu até um certo alívio. Mesmo não acreditando, estava feliz por seu marido ter sido maluco. Maluquice essa que iria salvar suas vidas. E vocês aí também não acreditaram, né?
O monstro fez realmente um estrago muito grande na cidade. Tão grande que, após algumas horas, o exército foi acionado e abateu o bichão alguns quilômetros adiante. Horas depois seu corpo foi levado para uma famosa universidade para ser estudado. Mesmo assim, jamais descobriram como ele surgiu. Se eu estivesse lá, teria dito: “surgiu da idéia do Ciro, gente. Esquece!”.
Guímper por sua vez, naquele mesmo dia, saiu gritando na rua:
- Hahahahha!!! Eu avisei! Vocês acharam que eu fosse maluco, mas olha aí! Um monstro destruiu metade de nossa cidade! Um monstro gigante, gente!! Eu avisei!!!
Uma pessoa que por ali passava (e cujo nome não nos é revelado) viu a alegria de Guímper. É importante dizer, pessoal, que essa pessoa, apesar de não sabermos o nome, sabia de toda a história de Guímper e sobre sua casa à prova de monstros. Então, seja lá o que essa pessoa estivesse pensando ou fosse falar, ela sabia das coisas. Ela estava por dentro. Ela estava bem informada.
E ela falou mesmo, na cara de Guímper:
- Não sei por que você está comemorando, meu amigo.
- Estou comemorando porque eu estava certo o tempo todo! Veja, o monstro passou por aqui e estou salvo! Somente eu tenho a casa à prova de monstros!
- É claro que está salvo! O monstro passou por nossa cidade, destruiu quase tudo, mas sequer passou por este bairro. Apesar do dinheiro que você gastou com sua ‘casa legal’, ela foi inútil. Grande abraço!
Guímper pensou consigo: “ESTERCO!!!!!!”.

6 comentários:

Rubens Salomão disse...

Com certeza sua criatividade está longe de acabar, Ciro. Gostei muito desse texto, dei boas risadas aqui.
"Grande abraço", kkkkkkk.

Sessyllya ayllysseS disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Pietro disse...

AUHAUHAUHAAHUAHHAUHUAHAUH

O ruim foi que o bixão nem passou perto da casa do Guimper!

Agora, combinemos, casa à prova de monstrões é de esterco, ninguém gosta de pisar nele!

Giovanni disse...

Uma característica muito interessante presente em muitos textos do Ciro é o diálogo que ele estabelece com o leitor. Nesse especificamente, ficou muito bom o elemento fantástico do monstro. Muito bom texto.

Bruno Carvalho disse...

Ahahahahahahahahah! E não é que o Pietrão falou uma coisa interessante: Montros não gostam de pisar em m****! Ahahahahahahhahahahahah!
Excelente texto aqui! Muito bom mesmo! "Casa a prova de monstros" Deve ter custado uma fortuna. E o cara devia ganhar bem.
Cada nomão hein filhão? Ahahahahahahhahahahah!

Abraço!

Vaides Junior disse...

Filhããããão!!!! Muito "Méxicoooo!!!" na cabeça da nisso... hahahahaha....