quarta-feira, 15 de novembro de 2006

Breve crônica de partida

A hora de mudar se aproxima, e mudanças requerem muitos preparativos... Ontem eu estava organizando algumas coisas, mexendo em meus livros, separando papéis, encaixotando coisas. É comum acumularmos um monte de coisas que não servem para nada, principalmente papéis. E fui achando coisas velhas, coisas que eu nem lembrava que existiam, e que tive vontade de guardar comigo. Mas não é hora de guardar o que é velho. Tudo aquilo que geralmente mantemos achando que podemos usar algum dia foi parar no lixo. Na verdade, nunca precisamos de muitas coisas, guardamos apenas pela tão humana ambição de possuir. E, para mim, essa mudança é também renovação. Era preciso organizar muitas tralhas. Decidir o que levar, o que deixar para trás. E não posso levar muito, apenas o que é essencial. Só que nem sempre sabemos o que é realmente essencial... Então separei alguns livros, romances, principalmente (para fugir um pouquinho do real a fim de que a saudade não doa tanto). Pus em minha mala CDs, cadernos, sapatos, e bastantes roupas de frio. Coloquei também algumas fotos e outras tantas rasguei. E, enquanto as rasgava, rasguei também rancores, mágoas, lembranças que não é preciso guardar. Só quero carregar comigo o que é bom, porque o bom é também muito mais leve. Meus amigos, vou levá-los todos... Estão guardados nesse velho coração que só sabe amar por inteiro. Levarei tudo que amo, tudo que vivi e que foi inesquecível. Vão comigo tantos momentos passados e tantas vontades por realizar. Levarei também um amor intenso e quente, que é pra eu me aquecer quando o inverno chegar. O que quero que fique para trás é esse medo mesquinho de transformações, não estou perdendo nada, apenas recomeçando. Porque o que carrego comigo (e já tentei jogar fora, mas se impregnou em mim de forma indescritível) é uma imensa vontade de construir.

7 comentários:

Carlos Filho disse...

Que o presente seja construido aprendendo com o passado e "calculando" o futuro!

Otimo texto!

Ciro disse...

Ótimo texto MESMO, viu? Tem toda razão, Rosana! É incrível a quantidade de papéis que acumulamos durante toda a vida. E digo "papéis" em todos os sentidos. Por isso, chega uma hora q é preciso deixar tudo pra trás mesmo!
Boa sorte em sua nova empreitada! Não tenha medo mesmo de recomeçar! Estamos aqui torcendo por vc! Vai que tb já estaremos indo em breve!
Grande abraço!

Anônimo disse...

Lindo texto.
Boa sorte e nunca tenha medo, pois vc merece td de bom e irá conseguir.

Fernandha Zechinatto disse...

Rosana, seus textos são sublimes e ao mesmo tempo complexos. Você escreve muito bem... para onde quer que vá estará em ótima companhia com o que pretende levar, além de si mesma!!!
Parabéns pelo texto!!!!!!!

Felipe Carvalho disse...

Tb sou um contumaz "guardador" de papéis! E realmente isso não leva a gente a nada!

Gostei do seu comentário, Ciro! Os "papéis" não são apenas os de origem vegetal, não. Às vezes desempenhamos muitos papéis e funções desnecessários tb, e que requerem "limpeza" de vez em quando!

Ótima hora para se rever os papéis!

Parabéns, Rosana!

Bruno Carvalho disse...

Isso mesmo Rô, vida nova e papéis novos ( tanto na documentação quanto nas interpretações da vida).
Grande abraço, e conte comigo sempre!

Sessyllya ayllysseS disse...

Lindo, lindo, Rosana!
Não conseguir se livrar de uma imensa vontade d construir talvez seja a melhor característica q alguém pode ter!
Parabéns!!! Bjos!!!